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Fernandão morreu há um ano, mas Inter ainda tem a marca dele

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

07/06/2015 06h00

Fernandão deixou o Beira-Rio em novembro de 2012, faleceu em trágico acidente aéreo no ano passado, mas ainda segue no Internacional. Ou melhor, seus atos continuam refletindo no clube. Além da estátua de bronze e das homenagens póstumas que tomarão conta do estádio e da partida contra o Coritiba neste domingo (07), veja tudo que você precisa saber sobre a partida, o ex-atacante tem participação no atual time. Foi como dirigente e depois técnico que o antigo camisa nove deixou sua última marca no Colorado.

Alisson, Alan Costa, Juan, Rodrigo Dourado e Rafael Moura são alguns dos jogadores que tiveram influência direta de Fernandão para estarem no elenco atual. Tirando os nomes que ele, como diretor-técnico, ajudou a profissionalizar e já deixaram Porto Alegre. Saídas que renderam lucros e lucros que geraram novas contratações. O local onde o Inter treina todos os dias também tem o dedo do capitão da Libertadores e do Mundial de 2006. Foi ele o responsável por organizar a improvisação no Parque Gigante que virou CT fixo meses depois. Partiu do então dirigente os planos de montar academia às margens do Guaíba e projetar melhoras em áreas de circulação do centro de treinamentos. Só que as ideias não saíram todas do papel e se juntaram a uma mágoa para virarem crítica em 2013. Menos de um ano depois de reclamar dos 'puxadinhos', Fernandão teve uma reconciliação pública ao ser mestre de cerimônias na festa de reabertura do Beira-Rio. A última visita dele ao estádio.

Alisson, titularíssimo do gol com Diego Aguirre, assinou o primeiro contrato como profissional na companhia de Fernandão. O ídolo do Inter foi o dirigente responsável por firmar o vínculo do atual camisa 22. Alan Costa foi indicado por Dorival Júnior e aprovado pelo eterno capitão, assim como ocorreu com Lucas Lima - agora no Santos.

“Foi ele quem olhou meus DVD’s, meus jogos e disse para eu vir para cá. Ele até brincou e me disse que tinha futuro brilhante, se tivesse a cabeça no lugar. E ouvir isso do Fernandão é muito bom, ele não é qualquer um”, conta Alan Costa com o tempo verbal distante da morte.

O uso de verbos no presente é muito comum no Inter que relembra Fernandão. A imagem dele é constante e forte no clube desde o mais singelo funcionário até a alta cúpula. Afinal de contas, a trajetória por três funções diferentes – jogador, dirigente e treinador – ocorreu em incríveis e intensos oito anos. Além de garantir jovens ao Colorado, como cartola também participou das contratações de Juan e Diego Forlán, as maiores contratações da curtíssima carreira como diretor.

“A conversa inicial foi no Rio e depois teve outra, quando a gente já estava fechando o negócio. Eu já conhecia o Fernandão, mas não pessoalmente. Tínhamos amigos em comum, ele era só um ano mais velho que eu e jogou nas seleções de base pouco antes. Éramos da mesma geração, então nos conhecíamos pelos outros”, diz Juan, que trabalhou por menos de seis meses com Fernandão, e que preteriu até o Flamengo – clube do coração – para jogar no Inter.

Rafael Moura foi outro contratado na gestão de Fernandão como executivo. Então reserva do Fluminense, o centroavante foi bombardeado por mensagens relatando a estrutura do Inter e as possibilidades no clube. Chegou em 2012 e no ano passado foi um dos mais consternados do elenco com o falecimento do antigo chefe. Rodrigo Dourado, por sua vez, foi promovido ao time principal pelas mãos de Fernandão.

Alisson, Alan Costa, Juan, Rodrigo Dourado e Rafael Moura já foram personagens decisivos na atual campanha do Inter na Copa Libertadores. Além deles, há um grupo significativo de atletas que conviveram com Fernandão. Alex ainda nos tempos de jogador, D’Alessandro como capitão e obviamente imediato do então técnico. Todos eles jogarão pelo antigo capitão, neste domingo em especial. Pois o Internacional atual ainda tem o dedo dele.