Andrés diz ser contra renúncia de Del Nero e não bate de frente com rival
Uma das grandes atrações da reunião da Comissão de Esporte da Câmara, nesta terça, era o anunciado embate entre os desafetos Marco Polo del Nero e Andrés Sanchez. Convidado, o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) teria o ex-diretor de seleções da entidade como um de seus inquisitores. Na hora de falar, porém, o dirigente corintiano se mostrou compreensivo.
“Eu achei que o Marco Polo não vinha. Está de parabéns de ter vindo. Não vou nem fazer quase pergunta. Aqui não é investigação. Eu já fui acusado de muita culpa e não tenho culpa de nada”, começou Andrés (PT-SP), o último parlamentar a questionar Del Nero após quase seis horas de audiência.
“Pelo que eu entendi do que o senhor falou, se houve erro foi de Teixeira e Marin. Agora, o senhor sabe que todos os funcionários em cargo especiais da CBF eram da FPF. Entendo que a gente ficar acusando o Marin e Teixeira é um pouco leviana. Tem de ser feita uma investigação e para provar tudo. E acho que não tem de renunciar. Tem de esperar isso aí acabar. Renúncia seria uma covardia por não ter sido citado ainda”, disse Andrés.
Del Nero, de fato, não foi citado nominalmente. Pela descrição da procuradoria norte-americana, porém, ele poderia ser o co-conspirador 12, apresentado como oficial de alto-escalão da CBF, Conmebol e da Fifa. O tal personagem está implicado nos crimes que levaram José Maria Marin, antecessor dele na presidência da CBF, à cadeia.
Embora tenha negado participação no esquema, Marco Polo está sendo pressionado para deixar o comando da CBF. Sua intenção de mudar a regra de sucessão da entidade por meio de uma reforma estatutária, que deve ocorrer na próxima quinta, é vista como um primeiro passo para a saída.
Com uma certa dose de ironia, Andrés falou sobre os efeitos que uma implicação do rival trariam ao futebol brasileiro. “Torço para que o senhor não esteja envolvido, porque talvez o futebol não aguente”, disse ele.
Foi o mais longe que chegou Andrés, que por pouco nem foi respondido por Del Nero. Quando teve a fala, o presidente da CBF disse que o ex-presidente corintiano não havia feito nenhuma pergunta e foi corrigido. “Queria saber se os clubes terão direito a voto na assembleia da CBF”, disse o hoje deputado, relembrando que só as federações têm o poder de mudar o estatuto.
“Hoje os clubes só participam da assembleia eletiva. Na quinta vamos levar essa sugestão dos clubes participarem da assembleia e vamos ver o que os presidentes de federações vão falar. Eu sou presidente, mas não decido sozinho”, disse Del Nero.
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