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Ilha dos EUA vence 1º jogo de eliminatórias com gol pra lá de inusitado

Navios e jatos dos EUA fazem operação de teste na costa de Guam, no Pacífico - AP Photo/U.S. Navy, Stephen Rowe - AP Photo/U.S. Navy, Stephen Rowe
Navios e jatos dos EUA fazem operação de teste na costa de Guam, no Pacífico
Imagem: AP Photo/U.S. Navy, Stephen Rowe

Do UOL, em São Paulo

12/06/2015 17h56

Pequena ilha no Oceano Pacífico de apenas 180 mil habitantes, Guam escreveu seu nome da história do futebol nessa quinta-feira: venceu sua primeira partida das eliminatórias asiáticas para a Copa do Mundo.

Diante de 2 mil torcedores, a seleção guanesa bateu o conjunto do Turcomenistão por 1 a  -  gol contra bizarro de Annaorazov (veja no vídeo acima). Assim, com três pontos, Guam divide com Omã a liderança do grupo D da corrida asiática para o Mundial da Rússia em 2018.

Foi apenas o primeiro jogo dessa edição das eliminatórias asiáticas e há um longo percurso à frente. Mas foi também um feito inédito na ilha, cuja federação de futebol vendeu ingressos para uma partida de futebol e fechou contrato para transmissão do jogo em rede nacional de televisão pela primeira vez.

Guam, cuja capital é Hagatña, é um território organizado não incorporado aos EUA e funciona como base naval americana desde o final do século XIX, quando era colônia da Espanha desde o auge do colonialismo. A ilha chegou a ser tomado pelos japoneses em 1941, mas retornou ao domínio americano no fim da 2ª Guerra. Tem governo próprio, mas responde à Casa Branca. Além de ter o dólar americano como  corrente e o inglês, como língua oficial.

Menor das 47 seleções da Ásia, Guam havia disputado as eliminatórias asiáticas da Copa do Mundo pela última vez em 2000. No seu último jogo, apanhou de 16 a 0 do Tajiquistão. Três dias antes, o algoz havia sido o Irã, que lhe enfiou 19 a 0. Por isso a vitória inédita levou o país ao delírio.

“Isso tem a chance de mudar Guam, mudar o futebol aqui. Honestamente, é um pouco surreal, é como um sonho”, disse o goleiro e capitão Jason Cunliffe, cujo nome do primeiro filho é Zico, aliás.

Raízes indígenas
Outra curiosidade na ilha do Pacífico é que eles cultuam com afinco as raízes locais – que remetem aos Chamorros, povo indígena originário da terra.

Toda essa força cultural aparece também antes dos jogos de futebol. Em círculo, jogadores e demais profissionais da seleção cantam um hino conhecido como “Inifresi, ritual Chamorro que faz reverência à terra-mãe Guam.

“Esta oferenda é para proteger e defender. As crenças, cultura, língua, ar. A água, a terra dos Chamorros”, diz a música.

Robbie de Guzman, veteranos da seleção que faz parte hoje do staff da equipe, explica o ritual: "O Inifresi é uma oferenda a nossa língua, a nossa cultura, ao nosso povo, ao nosso modo de vida , é uma promessa de continuar o nosso modo de vida."

"É sobre a família, o que significa muito para nós. Isso é o que a nossa equipe é, nós somos apenas uma grande família e queremos recriar a unidade da família dos Chamorro, que é um dos laços mais fortes que você nunca vai encontrar", acrescentou.

Guam volta a campo no dia 16 (terça-feira), contra a Índia, na terra dos Chamorros. É mais um desafio para quem só ganhou um jogo de eliminatórias asiáticas na história (e com gol contra), mas já sonha em desembarcar na Rússia em 2018.