Justiça da Espanha abre processo contra Neymar e mais 4 por fraude
Nota atualizada às 14h17
A Justiça espanhola abriu processo contra Neymar e outras quatro pessoas para investigar a transferência do atacante para o Barcelona, em 2013. Eles são acusados de fraudar contratos firmados no acordo entre Santos e o clube catalão. Essa ação não tem relação com a movida pelo fisco espanhol: é fruto de uma queixa-crime da DIS, que detinha direitos sobre o jogador.
Além de Neymar, estão envolvidas no novo processo judicial Neymar Santos (pai do atleta), Josep Maria Bartomeu (atual presidente do Barcelona e que era vice-presidente na época da transação), Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro (presidente do Santos na época) e Odílio Rodrigues (então vice- presidente do Santos na época da transação). O crime de fraude prevê detenção de 3 a 7 anos.
O processo foi aberto pela Audiência Nacional, em Madri, a partir de denúncia da DIS, grupo que detinha parte dos direitos do jogador. Há três meses, a empresa entrou com uma ação civil cobrando do Barcelona e da família de Neymar cerca de 40 milhões de euros a que alega ter direito na transferência. Argumentou que o clube e o jogador forjaram contratos como a intenção de evitar lhe repassar o dinheiro. Por isso, entrou com nova queixa criminal.
Quando contratou Neymar, o Barcelona informou ter desembolsado 57,1 milhões de euros para tirar o atleta do Santos. Posteriormente, o clube catalão admitiu que o gasto foi muito maior: quase 100 milhões de euros. Desse total, mais 40 milhões de euros vieram para a empresa do pai de Neymar no Brasil por conta dos direitos do jogador.
A questão é que O Santos respondia por 55% dos direitos do atleta, e a DIS detinha 40%. Os 5% restantes pertenciam à Teísa (grupo de investidores).
Mesmo não tendo porcentagem na negociação com o Barcelona, a família de Neymar recebeu a maior parte da transação, conforme contrato firmado entre a N & N (empresa da família do atacante) e o Barcelona.
Em contato com a reportagem, a assessoria de imprensa de Neymar informou que o atacante e o pai não foram intimados pela Justiça, desconhecendo os fatos divulgados.
O documento mostra que os pais de Neymar ganharam 40 milhões de euros, enquanto o Santos (que tinha a maior parte dos direitos de Neymar) levou 17 milhões de euros. O UOL teve acesso ao contrato firmado entre Barcelona e a N&N.
Por conta da divergência de valores, o juiz da Audiência Nacional, José de la Mata, anunciou que vai requerer junto a Chelsea, Real Madrid, Manchester City e Bayern de Munique que informem as propostas enviadas ao Santos por Neymar entre 2009 e 2013.
O UOL apurou que Neymar já foi notificado da ação e seus advogados preparam a resposta à queixa-crime. Sua assessoria de imprensa foi contata, mas ainda não falou sobre o caso.
Internamente, pessoas do estafe do jogador dizem que a nova cobrança é contraditória em relação à ação criminal movida pelo fisco espanhol contra o Barcelona. Alegam que o clube teve que pagar multa porque os € 40 milhões foram considerados salário do jogador. Assim, esse dinheiro não poderia ser considerado parte da transferência. Mas o contrato entre Neymar e a N&N, empresa de seu pai, diz que esta detêm os direitos sobre sua transferência.
Mãe de Neymar é convocada pela Justiça
A mãe do atacante, Nadine, já foi arrolada como testemunha pela Justiça espanhola a prestar depoimento. Ela é uma das sócias da N & N. Além de Nadine, também será chamado o empresário Wagner Ribeiro.
10 milhões de euros a "título de empréstimo"
A diferença do valor informado pelo Barcelona em relação ao valor real aconteceu, entre outros fatores, porque a diretoria catalã não contabilizou valores depositados à N&N desde 2011. O Barça dizia que os depósitos feitos a partir de 2011 eram "por "direito de preferência" na contratação.
O primeiro pagamento ocorreu em novembro de 2011, dias antes da final do Mundial de Clubes entre Santos x Barcelona. A N & N recebeu 10 milhões do Barça "a título de empréstimo", conforme contrato assinado. O documento apresentava que a família teria de devolver a quantia caso não fosse concretizada a contratação.
A Justiça espanhola, no entanto, entendeu que os depósitos caracterizavam clara intenção de ocultar a transação, burlando o fisco e outros envolvidos.
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