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Brasil repete desfalque de 62 e tem de achar novo Garrincha sem Neymar

Guilherme Palenzuela e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Santiago (Chile)

21/06/2015 06h00

A Copa do Mundo de 1962, no Chile, foi a Copa de Garrincha. Melhor jogador do torneio, artilheiro e autorizado a jogar a final contra a Tchecoslováquia mesmo após ter recebido o cartão vermelho na semifinal, contra os donos da casa. Mas isso só aconteceu porque, como acontece nesta Copa América de 2015, a seleção brasileira perdeu seu astro no segundo jogo do torneio: Pelé se machucou e não jogou mais. Agora, o Brasil não tem mais Neymar, e precisa saber se há alguém disposto a assumir o protagonismo como fez Garrincha no Chile.

Suspenso por quatro jogos pela expulsão contra a Colômbia, Neymar só volta a jogar nesta Copa América se a Câmara de Apelações da Conmebol aceitar o recurso da CBF. Mesmo assim, o camisa 10 só voltaria na final e ainda teria de cumprir gancho de três jogos. O Brasil, então, precisa achar uma forma de jogar sem aquele que além de ser seu melhor jogador hoje, é também o capitão. O primeiro desafio e também chance de fazer surgir um novo protagonista é neste domingo, às 18h30, contra a Venezuela, pela terceira e última rodada do grupo C. O jogo acontece no estádio Monumental, em Santiago, mesmo palco da derrota para a Colômbia.

Brasil, Peru, Venezuela e Colômbia estão empatados com três pontos no grupo C. Se Peru e Colômbia empatarem e forem a quatro pontos, o Brasil ficará no último lugar se perder da Venezuela e estará eliminado na primeira fase da Copa América. Se o outro jogo do grupo não terminar empatado e o Brasil perder e ficar na 3ª posição, se classifica às quartas caso tenha saldo de gols igual ou superior a -1, porque o pior terceiro colocado entre todos os grupos, neste caso, seria o Equador, com 3 pontos e -2 de saldo de gols, no grupo A.

Se não houver mudança inesperada nos planos do técnico Dunga, será Robinho o substituto de Neymar. Não necessariamente ele, no entanto, precisará ser o novo protagonista da equipe - como no caso de Garrincha, em 1962, após a lesão de Pelé. Outros jogadores que já fazem parte da equipe também são candidatos.

Pouco antes do início da Copa América o Brasil jogou sem Neymar pela primeira vez desde a Copa do Mundo de 2014 contra o México, em amistoso no Allianz Parque, em São Paulo. Venceu por 2 a 0 e, minutos depois, viu o meia Willian afirmar que aceitaria assumir o posto de protagonista em caso de nova ausência de Neymar, desta vez na Copa América. A ausência que dessa vez não era imaginada veio.

"É dificil falar porque o Neymar é um cara que já tem o nome na seleção brasileira, mas eu também estou preparado para ali dentro de campo, no meu jeito de jogar, que é um pouco parecido com o do Neymar, de ir pra cima do adversário, estou preparado para assumir as responsabilidades de drible", falou o meia do Chelsea, titular do time de Dunga, após aquele jogo.

Dunga treinou na sexta-feira com Douglas Costa no lugar de Neymar. Depois de 20 minutos trocou por Robinho, que participou da atividade de posicionamento tático e tem tudo para ser o substituto. Neste sábado, o treinador falou pela primeira vez após o anúncio da suspensão do atacante e não fez qualquer comentário em tom repressor, mesmo com o relato da conduta violenta do atleta.

"Lógico que ninguém gosta de ser suspenso. Não vamos conversar especificamente. As coisas acontecem no momento certo para não repeti-las. Temos que ter tranquilidade. Estamos aqui para eles [jogadores] crescerem, e não para achar um culpado. Se cada um de nós cometesse um erro e fosse cortado, não estaríamos aqui agora", falou o técnico.

Cabe recurso à decisão que, apesar de improvável, pode ser reduzida de quatro para três jogos de suspensão caso aceite a Câmara de Apelações da Conmebol - Neymar, então, só jogaria uma possível final.

Outro adversário que o Brasil ainda enfrenta é o obstáculo psicológico que apareceu há um ano. O técnico relembrou, no maior momento de adversidade da seleção pós-Copa do Mundo, que o episódio do 7 a 1 contra a Alemanha é uma ferida que não foi superada. "O 7 x 1 não se esquece, a Copa de 50 não se esquece. Não temos que ficar procurando esquecer. Isso nós vamos levar para o resto das nossas vidas. A cicatriz vai ficar, não fecha. Agora precisamos trabalhar com isso, não adianta. É olhar para frente e seguir trabalhando", falou.

FICHA TÉCNICA
BRASIL x VENEZUELA

Data e hora: 21/06/2014 (domingo), às 18h30 (horário de Brasília)
Local: Estádio Monumental de Santiago (Chile)
Árbitro: Enrique Cáceres (Paraguai)
Auxiliares: Rodney Aquino e Carlos Cáceres (ambos do Paraguai)
Transmissão na TV: Globo e Sportv

BRASIL:
Jefferson; Daniel Alves, Thiago Silva, Miranda e Filipe Luís; Fernandinho, Elias, Willian e Philippe Coutinho; Robinho e Roberto Firmino
Técnico: Dunga

VENEZUELA:
Alain Baroja; Roberto Rosales, Vizcarrondo, Andrés Túñez e Gabriel Cíchero; Tomás Rincón, Seijas, Ronald Vargas, Juan Arango e Alejandro Guerra; Salomón Rondón.
Técnico: Noel Sanvicente​