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Sensação da Copa América tentou vaga no Brasil, mas clubes chegaram tarde

Argentino Jorge Sampaoli comanda o Chile, seleção de melhor campanha na Copa América - Kirsty Wigglesworth/AP Photo
Argentino Jorge Sampaoli comanda o Chile, seleção de melhor campanha na Copa América Imagem: Kirsty Wigglesworth/AP Photo

Guilherme Palenzuela e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Santiago (Chile)

24/06/2015 12h00

O melhor time da primeira fase da Copa América foi a seleção chilena, anfitriã do torneio, treinada pelo argentino Jorge Sampaoli. Com um estilo de jogo diferente de qualquer outra equipe na competição, o Chile marcou dez gols em três jogos - o segundo melhor time no quesito marcou quatro - e somou sete pontos, assim como a Argentina e um a mais que o Brasil de Dunga. Sampaoli hoje chama atenção como desde 2011 fez com a Universidad de Chile ao formar um time que chegou a ser comparado ao Barcelona de Pep Guardiola, mas que tinha muito mais de Marcelo Bielsa do que de tiki-taka. Futebol que poderia ser visto no Brasil desde 2012, mas que os clubes tardaram em perceber.

Jorge Sampaoli tentou e não conseguiu ser contratado por um clube do Brasil no fim de 2012, antes de aceitar a proposta da seleção chilena. Quando o treinador esteve no Brasil em novembro daquele ano para jogar contra o São Paulo pela Copa Sul-Americana, agentes que tinham procuração para buscar propostas para ele sugeriram o nome a clubes, mas não conseguiram emplacar.

Antes disso, em maio, o Cruzeiro já havia feito uma proposta que não agradou porque o trabalho na Universidad de Chile ainda estava em curso. Quando Sampaoli tentou recuperar o posto, no fim do ano, não conseguiu.

Pouco antes de fechar a contratação do colombiano Juan Carlos Osorio para suceder Muricy Ramalho, a diretoria do São Paulo viajou a Santiago para conversar com Sampaoli. O presidente Carlos Miguel Aidar e o vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro falaram pessoalmente com o treinador e fizeram uma oferta financeira. Ouviram resposta negativa e o aviso do argentino: não deixará a seleção antes da Copa do Mundo de 2018.

O status de Sampaoli no mercado mudou principalmente após o bom futebol do Chile apresentado na Copa do Mundo de 2014. A partida simbólica foi contra a seleção espanhola, então campeã mundial, vencida pelos chilenos por 2 a 0 além de boa atuação. Depois da competição, as ofertas chegaram. No fim do ano, antes das conversas com o São Paulo, o Internacional se interessou pela contratação do argentino antes de fechar com o uruguaio Diego Aguirre. Consultou via empresário, encontrou a inviabilidade e desistiu. No Cruzeiro, o argentino é bem cotado desde a primeira investida três anos atrás.

No fim de 2012, seis meses depois de recusar a proposta do Cruzeiro e em momento diferente da carreira, já disposto a deixar a Universidad de Chile, Sampaoli admitiu que buscava interessados no mercado brasileiro. O argentino também virou sonho de consumo da diretoria do Flamengo. A cada troca no comando rubro-negro, os dirigentes cariocas ressaltavam que o sonho real era contar com o treinador de "La Roja".

"Gostaria de poder implementar meu trabalho, ser um dos técnicos estrangeiros que possa gerar algo diferente no país. Disse não ao Cruzeiro pois estava no meio de um torneio. Agora a situação mudou. Não sei se o Cruzeiro ainda tem intenção de me contratar, mas gostaria muito de participar do Campeonato Brasileiro, está entre os melhores do mundo", falou om treinador em entrevista ao diário Lance.

Nesta quarta-feira, às 20h30, o Chile enfrenta o Uruguai em Santiago pelas quartas de final da Copa América. A seleção anfitriã persegue aquela que parece ser a grande chance de, pela primeira vez na história, conquistar um título - o Chile nunca levantou uma taça oficial. Até agora, o futebol mostrado por Sampaoli se revelou o melhor da competição e a partir desta fase passa a ser testado contra os principais adversários e em jogos que valem o prosseguimento ou a eliminação.