Após depoimento de jornalistas, aliados de Teixeira entram na mira da CPI

A CPI do Futebol no Senado colocou em sua alça de mira alguns dos principais aliados de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. Os parlamentares querem ouvir os empresários Kleber Leite e Wagner Abrahão, ambos realizaram negócios com a confederação sobre os quais os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito querem informações. 

 

O senador Paulo Bauer (PSDB-SC) pediu para que seja colocada em votação a convocação de Leite. Já Romário apresentará pedido para que Abrahão compareça a Brasília para prestar esclarecimentos. A próxima reunião da CPI do Futebol está marcada para as 10h desta quinta-feira, 20.

 

Os primeiros depoimentos da CPI foram colhidos na terça-feira, 18, quando os jornalistas Juca Kfouri e José Cruz, ambos blogueiros do UOL Esporte, e Jamil Chade, repórter do jornal “O Estado de S.Paulo”, apresentaram um vasto material com denúncias já publicadas na imprensa. A partir do que foi relatado, os senadores elaboraram os requerimentos para convocação dos dois empresários. 

 

Kléber Leite, ex-presidente do Flamengo, é dono da empresa Klefer Marketing Esportivo, responsável por negociar os direitos de transmissão da Copa do Brasil e das eliminatórias da Copa do Mundo de 2018.

 

A Polícia Federal entrou na investigação conduzida por autoridades norte-americanas que prendeu sete dirigentes da Fifa por corrupção ainda em maio, por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Cumprindo mandado de busca e apreensão autorizada pela Justiça, a Polícia Federal foi à sede da Klefer, no Rio, e recolheu documentos e computadores.

 

Em junho, o Blog do jornalista Rodrigo Mattos, do UOL Esporte, mostrou que Ricardo Teixeira forçou a troca do contrato da Copa do Brasil para tirar José Hawilla e a Traffic, e substituí-los pela Klefer Produções. Com isso, ele obteve um novo acordo com aumento do pagamento de propinas para cartolas da confederação, segundo investigações dos EUA.

 

 

Já Wagner Abrahão é um dos amigos mais próximos de Ricardo Teixeira. Ele é dono do Grupo Águia e teria sido o responsável por levar o ex-presidente da CBF do Brasil para Flórida em seu jatinho particular, quando o cartola deixou o cargo da confederação. O contrato de patrocínio entre a TAM e a CBF traz Abrahão como um dos beneficiários do acordo. 

 

Ele é dono da Pallas Turismo, empresa que cuida de toda a logística de viagens da seleção brasileira. A Receita Federal já procurou a empresa solicitando os contratos com a CBF. 

O empresário também mantém vínculos próximos ao atual mandatário da confederação, Marco Polo Del Nero, cujo depoimento na CPI já está previsto para outubro. Del Nero comprou uma cobertura na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, conforme revelou a Folha de São Paulo, em junho.

 

Segundo a reportagem, Wagner Abrahão, fez o negócio com Del Nero em fevereiro de 2015. Mas em maio de 2014, o cartola havia comprado imóvel semelhante por R$ 1,6 milhão. Ambas foram adquiridas no mesmo condomínio, chamado Les Residences Saint Tropez. O dúplex adquirido em 2014 tem 260m² e quatro vagas de garagem. Já o negociado com Abrahão tem as mesmas quatro vagas e 262m², mas custou mais que o triplo.