Após calote estatal, empresa que fez Arena de MT vai a recuperação judicial
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A Etel Engenharia, empresa sediada em Rio Claro (no interior de São Paulo) que foi uma das que participou da construção da Arena Pantanal, em Cuiabá, entrou oficialmente em recuperação judicial nesta sexta-feira (21).
O motivo: a companhia não recebeu pelos contratos de mais de R$ 100 milhões que firmou com o governo do Estado de Mato Grosso e com a empreiteira Mendes Junior, líder do consórcio que construiu a Arena Pantanal por um valor global de R$ 700 milhões (o custo inicialmente previsto era de R$ 343 milhões).
De acordo com o juiz Felippe Rosa Pereira, da 3ª Vara Cível do Foro de Rio Claro, "um dos fatores cruciais para o início da crise financeira que acometeu o Grupo Etel foi o inadimplemento (calote no pagamento) do contrato entabulado com a Secopa/MT (Secretaria Estadual da Copa do Mundo em Mato Grosso), órgão integrante da Administração Pública direta estadual - a qual tinha como missão garantir a execução das ações necessárias à realização da Copa do Mundo de 2014 em Cuiabá/MT), com o fim específico de desenvolver suas atividades na construção da Arena Pantanal".
De fato, no dia 19 de junho de 2013, a Etel assinou um contrato com o Estado de Mato Grosso, no valor de R$ 98,2 milhões, para fornecer, instalar, treinar e operar os sistemas de telecomunicação e transmissão de dados da Arena Pantanal.
Os serviços foram executados, a Copa do Mundo já ocorreu e o Estado de Mato Grosso (que foi procurado pelo UOL Esporte mas preferiu não se manifestar nesta reportagem) não viu a cor do dinheiro que o contrato assinado prometia.
O atual governador do Estado, Pedro Taques (PSDB), assumiu o cargo em janeiro deste ano e paralisou todas as obras da Copa que ainda não foram concluídas e também suspendeu os pagamentos das que eventualmente ainda possuíam restos a pagar. Não é possível saber os motivos que levaram à falta de pagamento para a Etel, já que o governo não quis se manifestar.
Além do calote estatal, a empresa também deixou de receber em uma subcontratação com a Mendes Júnior. A empreiteira (cujos altos executivos se encontram presos em virtude da Operação Lava Jato, da Polícia Federal), também preferiu não comentar o assunto. Para a Justiça, porém, "restou comprovado que o Grupo Etel também foi subcontratado pela empresa Mendes Júnior para a execução de diversos projetos (na Arena Pantanal), a qual também atrasou diversos pagamentos decorrentes da obra, causando, por consectário, um desequilíbrio financeiro de proporções nefastas ao Grupo Etel."
Agora, seguindo as regras previstas pela lei de recuperação judicial, será formada uma fila de credores da Etel. A empresa acumula uma dívida trabalhista (só de processos já encerrados) de R$ 772,5 mil. Além disso, a Etel deve mais R$ 8,6 milhões para grandes fornecedores e R$ 745,6 mil para pequenas e médias empresas.
O UOL Esporte tentou entrar em contato nos telefones do escritório principal do Grupo Etel, mas ninguém atendeu durante toda a tarde desta sexta-feira.
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