Secretário da CBF compara Del Nero a Tancredo e diz: "É o homem da mudança"
O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, disse nesta quarta-feira que o atual presidente da entidade, Marco Polo del Nero representa "a transição para o novo modelo" de gestão que estaria sendo implantada na confederação e em todo o futebol brasileiro, de maior transparência, controle e profissionalismo.
Del Nero, que tem 74 anos, assumiu a presidência da CBF em abril de 2015. Ele foi eleito pela chapa (única) cujo nome era "Continuidade Administrativa". A chapa era composta ainda por cinco vice-presidentes, entre eles José Maria Marin, exatamente o então presidente que ele viria substituir na entidade, e que atualmente se encontra preso na Suíça, suspeito de participar de um grupo criminoso que teria lucrado com negócios fraudulentos na CBF e na Fifa.
Outro vice de del Nero é Delfim Peixoto Filho, presidente da Federação Catarinense de Futebol há 30 anos, que contratou a nora e o filho (que já foi preso e responde a processo por tráfico de drogas) para trabalhar na entidade.
Para Walter Feldman, nada disso impede que o atual presidente da CBF seja "o homem da mudança" na confederação. Para o secretário-geral da CBF, a transição por que passa o futebol brasileiro está se dando de maneira gradual e sem sobressaltos, exatamente como manda a tradição da política brasileira.
Em evento que reuniu empresários e gestores públicos do esporte nesta quarta-feira, em São Paulo, Feldman disse: "Como não houve uma disputa (para del Nero assumir a presidência da CBF), passa a ideia da continuidade e de continuísmo. Mas nós temos uma lógica que eu chamo de anticíclica para mostrar que ele pode ser a grande evolução, como foi o Tancredo Neves".
O secretário-geral da CBF se referia ao político brasileiro que foi eleito presidente da República em 15 de janeiro de 1985. Tancredo seria o primeiro presidente civil no país após a ditadura militar que teve início em 1964. Ele fora eleito por um colégio eleitoral, em uma eleição indireta, e morreu antes de tomar posse.
Walter Feldman comparou del Nero com Tancredo para sustentar que está em curso uma transição na CBF, ainda que sem sobressaltos e mudanças radicais nas cúpulas de poder.
O secretário não parou por aí. "A história do Brasil não tem processo de ruptura. A transição do Brasil Colônia para o Brasil República (sic) foi feita por aqueles que tiveram um papel no período colonial", afirmou Feldman, querendo dizer Brasil Império. Ele se referia ao processo de independência do Brasil, que foi deflagrado pelo então príncipe de Portugal, Pedro IV, que no Brasil passou a se chamar Pedro I.
Finalmente, o secretário-geral da CBF concluiu: "Depois, a transição da ditadura para a democracia (em 1985) não foi nada traumática. Mais para frente, a transição do governo social-democrata do Fernando Henrique Cardoso para o governo socialista do Lula foi totalmente tranquila. Então, por que no futebol tem que haver a ruptura, sem a qual não se pode imaginar que haverá mudança?"
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