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Deola, antigo substituto de Marcos, nem no banco fica na Série C

Daniel Lisboa e Vanderlei Lima

Colaboração para o UOL e do UOL, em São Paulo

11/09/2015 06h00

Quando você é reserva de um goleiro como Marcos, é de se imaginar que a fase mais difícil acontece enquanto ele está jogando. Afinal, trata-se de um ídolo que está há muito tempo no clube e fica difícil saber quando você terá a chance definitiva para substituí-lo. No caso do Deola, porém, aconteceu o inverso: nesta conversa com o UOL Esporte, ele revela que a “cobrança gigantesca” em cima de suas atuações após a aposentadoria de Marcão transformou uma grande oportunidade em uma saraivada de críticas. O goleiro também explica seu papel em um episódio polêmico de 2011 e seu atual momento no Fortaleza. Apesar de treinar com o time, ele não tem sido relacionado para a equipe que disputa a Série C do Brasileirão.

Mesmos gols, pressão maior

“Qualquer gol era analisado de forma a dizer que para o Marcos era defensável”, reclama Deola. “Os mesmos gols que ele tomava em 2010 e 2011, eu tomava em 2012 e era cobrado”, acredita o jogador. Deola, entretanto, não tem dúvidas sobre a importância do ídolo palmeirense em sua carreira.

Com 107 partidas pelo clube alviverde, Deola lembra também que, não bastasse a pressão em substituir Marcos, ele entrou em campo em uma fase dura para o clube. “Eu tive oportunidades no Palmeiras, mas você tem que estar na época certa e eu estava no momento ruim do time. A gente brigou muitas vezes para não cair, então é lógico que isso acaba dificultando um pouco mais, você acaba sendo muito mais pressionado. Tanto é que, da minha época, poucos jogadores acabaram aproveitados”, recorda o goleiro.

Gol do Ceni? Aqui, não

Curiosamente, uma marca da qual Deola se orgulha é a de nunca ter levado um gol de Rogério Ceni. “Eu posso contar para os meus filhos e netos: tiveram só três goleiros de quem o Marcão foi banco e eu sou um deles. Isso, para mim, é uma honra, um privilégio. Ele ficou dois jogos no banco e eu fui o titular. A outra marca foi ter feito vários jogos contra o Rogério Ceni e eu nunca tomei gol dele (em 2006, Ceni cobrou na trave um pênalti contra Deola, que na época atuava pelo Juventus)”. Ele calcula algo em torno de oito jogos contra o goleiro do São Paulo.

Dois erros e adeus time

Depois de uma grande campanha pelo Vitória em 2012, em que venceu o Campeonato Baiano com vitórias de 5 a 1 e 7 a 3 contra o rival Bahia, Deola enfrentou oito meses de afastamento após uma fratura no escafoide da mão, osso do pulso de difícil recuperação. Já no Fortaleza, ele avalia que as coisas até iam bem, mas, na final do Estadual deste ano, o meia Ricardinho, do Ceará, acertou um chute da intermediária quando o time de Deola vencia por 2 a 0. “A bola balançou na minha frente e eu acabei falhando. Ali o torcedor acabou colocando uma pulga atrás da orelha, e logo em seguida teve o jogo do Coritiba”.

De fato, a sequência não ajudou. Na disputa contra o time paranaense, válida pela Copa do Brasil, Deola perdeu um pênalti. E, segundo o goleiro, a diretoria do Fortaleza contava com o dinheiro que a classificação renderia ao clube. “Foram dois erros (contra o Ceará e contra o Coritiba) de jogo, como qualquer um. A torcida começou a cobrar muito, o presidente ouviu muito e, com a diretoria, acabaram me colocando de lado e não me relacionando mais”.

Se Deola, hoje com 32 anos, está magoado com o clube cearense? Ele garante que não. “Eles foram induzidos por pessoas e acabaram fazendo isso, aqui tem uma mentalidade ainda atrasada, a torcida apita muito”, diz o goleiro, que completa: “acharam que eu ia pedir para sair, que ia brigar. Quer me afastar me afasta, no meu contrato não diz que eu tenho que ser titular ou reserva”.