Dadá Maravilha, segundo ele mesmo, era limitado tecnicamente. Dentro da área, porém, o jogador não perdoava. O faro de gol aguçado teve um capítulo especial em 1976, quando o artilheiro marcou dez gols na goleada de 14 a 0 do Sport sobre o Santo Amaro -- foram seis gols em 21 minutos. O desempenho rendeu até elogios de Pelé, que viu seu recorde ser batido por Dadá.
"Na Copa de 1970 falei para o Pelé que ia bater o recorde dele (o Rei marcou oito gols na vitória do Santos sobre o Botafogo-SP por 11 a 0, em 1964). Falei que faria nove gols. Eu disse para ele mandar um telegrama quando eu fizesse nove gols. Ele me mandou. Fiz dez, um a mais, sou ruim de matemática, errei no cálculo. Meti dez gols e bati o recorde do Pelé", relembra Dadá em entrevista ao UOL Esporte.
O artilheiro não tirou onda apenas com Pelé. Depois, em algumas entrevistas, Dadá fez um desafio à Volkswagen, montadora responsável pelo automóvel Gol. "Depois que fiz dez eu desafiei a Volkswagen a fazer dez gols em 90 minutos, como eu fiz", disse o ex-jogador.
Dadá conta que a partida contra o Santo Amaro foi encarada como um troco, pois no jogo anterior com a equipe ele havia sido bem marcado por um zagueiro do time adversário. No confronto histórico, o artilheiro do Sport estava "ferido".
"O Santo Amaro sempre foi saco de pancada, só que naquele campeonato estava bem, na frente do Náutico, em terceiro lugar. O beque central acabou comigo no primeiro jogo, me deu muita 'porrada'. Acabou o jogo e fiquei morrendo de vergonha porque pipoquei. Todos os jogadores ficaram me enchendo. A imprensa também. Aí o Dadá ficou nervoso e fez dez gols. O Dadá nervoso era uma fera ferida", explicou.
O zagueiro, inclusive, foi visto por Dadá pouco antes de o artilheiro marcar os dez gols. E numa função inusitada. "Eles (jogadores do Santo Amaro) não tinham preparo físico nenhum, eles trabalhavam em outros lugares também. Um pouco antes do jogo, vi o beque central carregando gás nas costas numa padaria. Eu disse: 'você vai me marcar daqui a algumas horas", afirmou.
Lewandowski
Dadá fez elogios ao atacante Lewandowski, que marcou cinco gols em nove minutos na vitória por 5 a 1 do Bayern de Munique sobre o Wolfsburg. "Estou impressionado com ele, mas fiz seis em 21 minutos. Ele entrou frio no jogo e conseguiu fazer cinco gols. Dou muito valor a isso. Mas não tem comparação. Ninguém é melhor que o Dadá na área", disse,
O artilheiro, no entanto, admite que tinha pouca técnica com a bola no pé. Apesar disso, Dadá viveu grande fase no Atlético-MG e no Inter -- ele conquistou o Brasileirão de 1971 pelo time mineiro e o de 1976 pela equipe gaúcha.
"Dei sorte, porque tecnicamente eu era um dos piores jogadores do futebol brasileiro. Mas dentro da área era um fenômeno, uma máquina de fazer gols. Não teve ninguém melhor. Se eu jogasse hoje, eu não faria menos de 50 gols no Brasileiro. Não teria como", afirmou Dadá, que por três vezes foi artilheiro do Brasileirão, em 1971, 1972 e 1976.
FICHA TÉCNICA
SPORT 14 x 0 SANTO AMARO
Data: 7 de abril de 1976
Local: Ilha do Retiro (Recife)
Renda: CR$ 34.527,00
Público: 2.921
Cartões amarelos: Luciano Veloso e Cláudio (Sport); Odair, Hilton e Lula Barbosa (Santo Amaro).
Gols: Miltão, aos 12; e Dario, aos 25 e 27 do 1º tempo. Dario, aos 4; Peres, aos 9; Dario aos 11, 13,15,18 (pênalti), 24 e 31; Miltão aos 33; Lino aos 35; e Dario aos 44 do 2º tempo.
Sport: Tião; Aranha, Silveira, Djalma e Cláudio; Luciano Veloso ( Assis), Peres e Amilton Rocha; Miltão, Dario, Lima (Lino).
Santo Amaro: Odair; Hilton, Edílson e Ramos (Lula Barbosa); Bicuda, Saguim e Sabará e Lula Queiroz; Ferreira, Oliveira e Eraldo (Banana).
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