Como uma bela e discreta dama passou a "mandar em tudo" no Chelsea
Esqueçam José Mourinho, mas pensem em contratações, vendas e renovações. Todas as grandes decisões do Chelsea são geridas por ela. Marina Granovskaia é a mulher mais poderosa do futebol mundial. A russa, com nacionalidade canadense, funciona como os olhos e os ouvidos de Roman Abramovich dentro de Stamford Bridge. Quem a conhece descreva-a como uma mulher bonita, simpática, mas implacável nas negociações e brilhante no seu trabalho.
"Marina é o verdadeiro poder do Chelsea. O Roman tem total confiança nela. Não está interessada em ser uma celebridade, mas não há dúvida de que é ela quem comanda e toma as decisões mais importantes", revelou uma fonte próxima do clube ao Evening Standard, em outubro do ano passado. É precisamente nesta altura que a russa de 39 anos aumenta o seu domínio no Chelsea, após a saída do diretor-executivo Ron Gourlay. Segundo um comunicado do clube, o dirigente sai de cena para perseguir outras oportunidades de negócio. Mas antes disso já Gourlay sente os poderes esvaziados devido à crescente influência de Granovskaia.
Pouco se sabe acerca desta russa. Não gosta de dar entrevistas, evita eventos públicos e dificilmente se encontram mais de três ou quatro fotografias suas na Internet. O seu perfil de Facebook, criado em 2007, tem altas definições de segurança. Sabe-se, no entanto, que cresce em Moscou nas décadas de 80 e 90, durante o colapso do comunismo. Apesar de um período social turbulento, a jovem Marina encontra forças para estudar dança e música na prestigiada academia 1113. Em 1997, licencia-se em línguas estrangeiras na Universidade do Estado de Moscou e começa a trabalhar nesse mesmo ano na Sibneft, empresa de petróleo de Abramovich. É o início de uma relação que já dura há 18 anos. Em 2003, o oligarca compra o Chelsea e Granovskaia voa para Londres, mas só em 2010 começa a representar o russo na direção. Três anos depois é oficializada como uma das diretoras e o Chelsea começa a mudar.
Grandes negócios com David Luiz e Diego Costa
O início da era Abramovich é marcado por várias loucuras financeiras. O clube gasta e não fatura, mas o ciclo inverte-se com Granovskaia. Na última temporada, o Chelsea consegue fazer mais de 200 milhões de euros com a venda de jogadores que não contam como primeiras opções para José Mourinho: entre eles, Mata, Lukaku, Schurrle e David Luiz. Todos os negócios são comandados por Granovskaia. Vende caro (David Luiz por 50 milhões de euros) e compra barato (Diego Costa por 35 milhões).
Também é ela a responsável pelo regresso de Mourinho perante a hesitação de Abramovich. Apesar da vontade de jogadores e adeptos, o dono do Chelsea não esqueceu as divergências com o português que levaram ao “divórcio” em 2007. O negócio parecia em risco até que Granovskaia falou com o patrão: “Vamos trazê-lo.” Tudo resolvido. Viajou para Madrid, convenceu Mourinho e o Special One apresentou-se como Happy One por poder regressar ao clube londrino. Com uma diferença fundamental: ao contrário da sua primeira passagem, desta vez Mourinho não tem fundos ilimitados. Sugeriu os jogadores, e Granovskaia avaliou se o vale a pena em termos financeiros. Cavani e Pogba, por exemplo, eram vontades expressas do treinador, mas Granovskaia abandonou as operações por considerá-las demasiado caras. O colombiano Falcao, que recebia 1,2 mihão de euros por mês no Mónaco, foi obrigado a baixar o seu salário em quase metade para representar os blues por empréstimo dos franceses. O belga Hazard é o mais bem pago do Chelsea, com 800 mil libras (1 milhão de euros) por mês, representando o teto salarial imposto pelo clube.
Na hora de renovar contratos, Granovskaia também não poupa ninguém. Nem o histórico capitão John Terry. No último verão, o zagueiro queria receber mais para continuar ligado ao Chelsea e alega-se que a russa lhe terá dito “take it or f… leave it”. Traduzido: 'aceita ou põem-te a andar', com vernáculo pelo meio.
“Roubou” Willian ao Tottenham e Pedro ao Man. United
Costuma dizer-se que o segredo é a alma do negócio e Granovskaia leva esta máxima a sério. É assim que conseguiu desviar Willian do Tottenham, em 2013/14, clube que, curiosamente, nessa altura é orientado por André Villas-Boas, antigo adjunto de Mourinho. O jogador brasileiro estava prestes a assinar pelos spurs, mas Granovskaia impediu o negócio ao pagar 35 milhões de euros ao Anzhi (clube anterior de Willian), dando a Mourinho um dos reforços pedidos.
Esta temporada o Chelsea faz o mesmo com Pedro. O extremo do Barcelona estava perto de assinar pelo Manchester United, mas os blues meteram em marcha uma grande jogada de bastidores. Mourinho e Fabregas falaram diretamente com o jogador e sua esposa, usando a preciosa ajuda de Daniella Semaan, a namorada de Fabregas. Os casais mantêm uma boa relação desde o tempo em que Pedro e Fabregas foram colegas no Barça. Ao mesmo tempo, Granovskaia teve conversas secretas com o Barcelona, fechando os números da transferência enquanto os responsáveis dos reds viajaram para Barcelona. Tudo é feito com total limpeza, sem que o Manchester United perceba o que se está a passar.
Granovskaia é a peça mais importante da estrutura do Chelsea. Um antigo elemento da equipa técnica revelou ao 'The Telepgraph', em maio deste ano, que a russa é parte do "gangue pessoal de Abramovich". "Se alguém quiser contatá-lo, tem de passar por ela. E se Abramovich quiser sobre o momento de forma dos jogadores ou da equipa, é ela que interroga o treinador" em nome do dono do clube.
O Chelsea está a fazer o pior arranque de campeonato dos últimos 29 anos. Ao fim de cinco jornadas, perdeu três jogos. Pode pensar-se que Mourinho tem o lugar seguro por ter sido uma aposta pessoal da Granovskaia? Errado! Ela só deve lealdade a Abramovich. É assim há 18 anos. E tudo indica que o cenário não vai mudar.
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