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Adaptado até a comida na China, Conca não crê que volta ao Brasil tão cedo

Conca em ação pelo Shanghai Dongya, que desembolsou US$ 3 milhões pelo jogador - AFP PHOTO / JOHANNES EISELE
Conca em ação pelo Shanghai Dongya, que desembolsou US$ 3 milhões pelo jogador Imagem: AFP PHOTO / JOHANNES EISELE

Rodrigo Garcia e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

01/10/2015 12h00

Após a frustrada passagem de Ronaldinho Gaúcho pelo Fluminense, os torcedores do clube se ressentem cada vez mais por ter perdido um dos principais jogadores que passaram pela equipe nos últimos anos: o meia argentino Darío Conca.

Negociado em janeiro deste ano após o fim da parceria entre Unimed e Fluminense, o jogador vive um bom momento no futebol chinês. Para contar com os serviços do talentoso meia, o Shanghai Dongya desembolsou US$ 3 milhões. Em sua segunda passagem pelo país asiático, Conca detalhou ao UOL Esporte que a China tem evoluído bastante no âmbito esportivo.

"Eles mudaram a estrutura, o jovem chinês tem crescido muito. Chegaram mais jogadores estrangeiros, o público no estádio tem aumentado muito, então o esporte vem crescendo bastante", avaliou Conca.

Feliz e adaptado ao país em que viverá até dezembro de 2016, mês em que termina seu contrato, Conca detalha que já conseguiu se acostumar à rotina de jogos, visto que apenas uma partida é disputada por semana. Nem mesmo a alimentação consegue tirar o sorriso do rosto do argentino.

"O pessoal sempre olha com indiferença, porque parece que eles comem coisas estranhas, principalmente para nós, mas aqui você encontra de tudo, tem comida brasileira, italiana. Eu como igual ou quase a mesma coisa que comia no Brasil", relatou o meia.

Com tantos aspectos positivos sendo destacados pelo meia, em um ponto o futebol chinês ainda deixa a desejar: a competitividade. Mesmo com a evolução citada, parte de um plano de modernização que envolve a chegada de técnicos e jogadores estrangeiros, Conca destacou que o nível do futebol no Brasil, que ele nunca deixou de acompanhar, ainda é superior.

"O futebol faz parte da cultura do Brasil. Aqui o futebol está começando a se desenvolver, tem cada vez mais crianças praticando futebol, então tem diferença, porque o futebol no Brasil e na Argentina já vem desde criança, somos mais apaixonados porque o futebol faz parte da nossa cultura. Os chineses estão trazendo jogadores e treinadores que chegam com culturas diferentes e isso tem ajudado muito na maneira de jogar. Aqui tem o Cuca, o Felipão, o Sven Goran Eriksson, que treinou a seleção inglesa e trabalhou na Itália. É um passo importante que os chineses estão dando", salientou Conca.

Feliz com o novo momento na carreira, o meia não tem planos de retornar ao Brasil em um futuro próximo. Inclusive destacou não ter recebido sondagem de nenhum clube brasileiro desde a novela que se tornou sua transferência no começo do ano.

"Não tem chance (de voltar), tenho contrato por mais um ano e quatro meses aqui e eu também não penso em voltar, quero cumprir meu contrato. Agora, se o Shangai quiser me liberar, não quiser que eu fique, aí tudo bem, eu gostaria de voltar pro Brasil. Mas por enquanto eu tenho contrato aqui e vou cumprir", reiterou.

Fim da trajetória no Fluminense

Se o atleta demonstra felicidade ao falar sobre o atual momento de sua carreira, o mesmo não acontece quando cita sua conturbada saída do Fluminense. Após retornar ao clube no final de 2013, Conca tinha tudo para se consolidar como um dos maiores ídolos dos torcedores tricolores, mas o fim da parceria entre o clube carioca e a Unimed colocou um fim prematuro a segunda passagem pelas Laranjeiras.

"Aconteceram algumas coisas que eu não consegui entender no Fluminense, os problemas com a Unimed. Foram muitas mudanças, e então surgiu uma proposta que para mim e para o clube era boa, então eu decidi voltar pra China. Não foi nada de especial, foi uma oportunidade boa para o clube e com o que estava acontecendo no Fluminense era difícil para que eu continuasse", explicou Conca, que tinha um dos maiores salários do elenco ao lado do atacante Fred.

Apesar de citar os problemas entre Fluminense e Unimed, Conca não acredita que sua saída tenha ocorrido apenas por conta dos problemas na parceria. Na visão do meia, a transferência foi uma oportunidade de minimizar o problema financeiro da cooperativa que patrocinava o clube e ainda obter estabilidade financeira para os próximos anos.

"Não sai por causa do problema entre Unimed e Fluminense, tiveram outras coisas, não tinha nada claro do que iria acontecer, eu não via muita solução, mas são coisas que acontecem. Não fiquei magoado, tentei tomar a melhor decisão para mim, para minha família e para o clube, porque era um momento em que eles estavam precisando. Alguns vão gostar, outros não, mas o importante é que, enquanto fiquei no Fluminense, tentei dar meu melhor. O Fluminense me ajudou muito na carreira e na vida e foi muito importante ter jogado lá tanto tempo", esclareceu.

Propostas de brasileiros

Durante as especulações envolvendo seu futuro, Conca foi especulado em clubes como Flamengo, Corinthians , São Paulo e Palmeiras. Apesar de não descartar defender a camisa de um clube rival no futuro, o meia destacou que, em momento algum, usou o interesse de outros clubes para se valorizar.

"Tiveram algumas conversas, mas eu tinha contrato com o Fluminense e todo mundo sabia. Eu deixei acontecer o melhor para mim e para minha família, não é justo ficar falando que recebi proposta de outros clubes. O mais importante é que dei meu melhor e, se apareceu interesse, foi porque consegui fazer bem meu trabalho. Falar de nomes (de clubes) na época iria parecer que eu queria me valorizar, e isso me preocupou na época", revelou Conca.

Gratidão pelo Vasco

Por fim, o meia finalizou analisando a recente campanha do Vasco, clube que abriu as portas para que o argentino começasse sua carreira em solo brasileiro. Ressaltando a gratidão que sente pelo clube, Conca acredita que o Vasco conseguirá igualar o feito histórico do Fluminense em 2009 e escapar do rebaixamento.

"O Campeonato Brasileiro, para mim, é um dos melhores e mais disputados do mundo. O Vasco está na zona de rebaixamento, mas a história que o clube tem, os grandes jogadores, a torcida e a qualidade dá pra acreditar que dá para conseguir uma arrancada e sair do rebaixamento. Está em uma situação difícil, mas o Vasco é um clube grande e tem capacidade de sair desta situação", concluiu Conca.