Ex-Inter e Corinthians relata volta por cima após internato e alcoolismo
Diogo Rincón, 35, começou a se destacar no meio-campo das categorias de base do Internacional aos 13 anos. Quatro anos depois, foi campeão mundial com a seleção brasileira sub-17, ao lado de Ronaldinho Gaúcho. Aos 20, passou ao time profissional e aos 22 assinou o seu primeiro contrato no exterior, com os ucranianos do Dínamo de Kiev. Em 2008, disputou parte da Série B pelo Corinthians. Depois foi para a Grécia. Retornou ao Brasil e encerrou a carreira jogando pelo Canoas, em 2012. Em todo esse período, conviveu com álcool. Mas a situação ficou pior justamente com o fim da carreira.
No ano passado, precisou recorrer a uma clínica de recuperação, que ele chegou a ajudar financeiramente enquanto atleta. Passou oito meses internado. Se recuperou, deixou o local em fevereiro e, incentivado pela família, abriu uma cafeteria, no mesmo espaço em que sua mulher mantém uma clínica de estética.
Diogo relembra com alívio o que já passou. Nos momentos mais críticos, conta que bebia a qualquer hora. "Bebia de manhã, de tarde, de noite. Eu bebia no trabalho durante a semana, bebia antes de buscar meus filhos na escola, então não existia uma rotina. Eu bebia quando me dava na telha, normalmente me dava a qualquer hora. Eu bebia mais cerveja. Aí, quando eu achava que o problema era a cerveja, eu bebia outra coisa."
O ex-jogador disse que teve problemas sérios com o álcool aos 34, 35 anos. "Mas eu já ensaiava desde cedo uma bebedeira. Então, desde a minha adolescência eu tive contato com o álcool", diz ele, para quem a bebida é muito bem aceita na sociedade, desde que se esteja bem de vida.
Diogo conta que o álcool sempre esteve presente na família, sem se esquivar de sua responsabilidade. "Sabe como funciona família de periferia, né? Churrascada, pagode, bebida rola solta. Vou até ter cuidado de não citar nomes para não ofender ninguém. Mas cachaça era o forte da família".
Com todo esse cenário, Diogo Rincón conta que foi um jovem muitas vezes inconsequente. "Não tive um preparo psicológico para suportar toda essa pressão. Eu demorei a amadurecer no futebol. Fui criado em um bairro pobre. A minha família sempre foi muito pobre e as coisas aconteceram rápidas para mim no futebol. Aos 17 anos eu fui campeão mundial e quando a gente voltou, isso repercutiu de uma maneira muito forte", disse ele. "A partir dali eu acabei sendo visto de uma outra maneira e talvez eu não estivesse preparado para tudo isso. Eu não tive um preparo psicológico para suportar toda essa pressão".
Ele prossegue: "alguns amigos me falavam para ir devagar, que eu tinha a minha carreira... Mas conselho para parar eu não tive. Às vezes escutava dos pais, mas eu também era jovem, inconsequente. Achava que iria conseguir levar essa vida por muito tempo. A verdade é essa".
Para o ex-jogador, existe um grande descuido com os atletas, que ele julga, em sua maioria, despreparados para a mudança de vida que chega quando eles se destacam. "De repente, um guri começa a ganhar dinheiro muito cedo. Existe um despreparo para ele enfrentar a pressão que é ser jogador de futebol. É o maior problema que eu vejo no esporte", afirma.
Ex-jogador perdeu dinheiro
O ex-atleta reconhece ter perdido bastante dinheiro por causa do álcool e em negócios que deram errado, coisas de impulso. "Por exemplo, eu sempre parava num bar aqui em São Paulo. Comecei a parar com frequência maior. Numa daquelas coisas de bêbado, eu fiz uma oferta para o cara. Você quer vender o teu negócio? O cara respondeu que queria e eu disse que comprava. Comprei o bar, reformei e fiquei num negócio que eu era o maior dos clientes. Sem nenhum profissionalismo. Eu sentava ali, aproveitava o momento..."
Agora, diz estar satisfeito com a cafeteria que mantém em Porto Alegre. "O negócio fica praticamente dentro da estética. Tem sido bem interessante essa parceria, até porque neste momento de crise, como ela está há mais tempo no mercado, já tem uma clientela. E a gente aproveita disso", diz ele.
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