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Osvaldo relembra hábito estranho na Arábia e conta por que não foi à Europa

BRUNO HADDAD/FLUMINENSE F.C.
Imagem: BRUNO HADDAD/FLUMINENSE F.C.

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

06/11/2015 06h00

A rotina de brasileiros no exterior rende histórias inusitadas. E Osvaldo não foge à regra. O atacante do Fluminense defendeu o Al-Ahli Jeddah, da Arábia Saudita, e teve que encarar hábitos estranhos no dia a dia com os companheiros de time. O que mais marcou foi o fato de, após os treinamentos, todos atletas entravam no vestiário e comiam arroz com carne de cordeiro. O inusitado (e estranho) é que a alimentação se fazia com as mãos. E com tigelas coletivas.

“Eles têm uma cultura de comer logo que acaba o treino. Arroz com carne de carneiro. Eles gostam bastante. O problema é que eles comem com as mãos. Foi uma situação que não vou mais esquecer, né?”, comentou Osvaldo em entrevista ao UOL Esporte.

“Era uma fileira de umas sete bacias com carneiro dentro os 30 jogadores sentavam ao redor e com a mão pegava e comia. Logo no primeiro dia que passei por isso fiquei meio desconfiado, mas um companheiro meteu a mão e jogou na minha direção. Para não fazer desfeita acabei comendo. Uma situação constrangedora, mas acabei comendo. No começo não ia comer, mas acabei gostando”, completa o atacante do Fluminense.

O período na Arábia não se resumiu apenas às curiosidades extracampo. Osvaldo foi campeão pelo Al-Ahli Jeddah, mas viu sua condição física se esvair. O atacante explica que a mudança de treinamentos foi fundamental para que isso ocorresse e afirma que somente agora, após meses de Fluminense, é que está recuperando a velha forma.

“Muda muito porque a programação é totalmente diferente. Para começar temos que treinar a noite. Ficava o dia inteiro em casa, com muito tempo para a família. Mas por outro lado perdia muito na parte física. Eram treinos de 30min, 40min no máximo. Conseguia me condicionar mesmo era nos jogos. Acabei perdendo um pouco da parte física. Não tive a pré-temporada. Mas a passagem foi muito boa, pois conquistei títulos. Agora é pensar no Fluminense para que possa dar alegria aos torcedores”, disse o jogador.

Confira outros trechos da entrevista:

Período na Arábia

"Um país muito fechado. A cidade que eu morava, Jeddah, era de praia, uma cidade mais tranquila comparada com Riad (capital). Gostei muito, mas claro que é muito diferente. Tinha muitas opções para fazer. Passagem foi boa".

Alimentação, comunicação...

"Dava para me virar no inglês, pois eles também falam muito lá. Eu aprendi na época dos Emirados Árabes, onde morei um ano. Aprendi um pouco. De fome a gente não morre, né? Fazia alguns gestos, apontava o que queria comer".

Melhor momento da carreira no São Paulo?

"Onde passei, vivi grandes momentos, Fortaleza em 2008, quando fui vendido para os Emirados. No Ceará também fui bem, apesar da equipe ter sido rebaixada. No São Paulo foi onde apareci para o futebol brasileiro e mundial. Grandes equipes como Roma, em 2012, veio com proposta para me levar. Depois o Shaktar e Metalist. O São Paulo me deu mais visibilidade. Cheguei à seleção e ganhei títulos. Foi uma passagem muito positiva".

Arrependimento em deixar o São Paulo?

"Meu contrato estava acabando em 2014 e naquela situação de renova ou não renova, chegou uma proposta da Arábia. Financeiramente pesou muito. Atleta profissional quer dar uma estrutura para sua família. Isso pesou e optei em ir para lá. Não me arrependo. Estou em um grande clube que é o Fluminense e é dar continuidade no trabalho e voltar a mostrar um grande futebol".

Por que não foi para Europa?

"A proposta que recebi foi logo no meu primeiro ano de São Paulo. Havia uma expectativa muito grande sobre mim e o clube não liberou. Tinha mais três anos de contrato e como não chegou algo que enchesse os olhos do São Paulo, acabei ficando. Eu também tinha o objetivo de chegar à seleção. Sabia que poderia chegar se me destacasse no São Paulo. Fiz uma grande Libertadores e consegui vestir a amarelinha. Agora é conseguir a titularidade no Fluminense e quem sabe voltar para a seleção?".

Momento no Fluminense

"Estou em uma crescente no Fluminense. Meus primeiros jogos foram bons, mas acabei me lesionando e me atrapalhou. Todo atleta quando passa por isso perder ritmo. Cortou minha sequência e agora estou numa crescente novamente. Estou à disposição e louco para ajudar".

Rendimento melhor

"Não, longe disso. Eu me cobro bastante e ainda não cheguei nem aos 40% dos que eu posso render. Venho de um futebol diferente e ainda teve a lesão. Isso me prejudicou bastante. Mas garanto que fazendo uma pré-temporada ano que vem vou conseguir mostrar o futebol que fez com que o Fluminense me contratasse".

2016

"Espero que fazendo uma pré-temporada vou minimizar essa questão de lesão. Nunca tive na carreira, mas esse ano acabou ocorrendo. Acho que foi a mudança dos treinamentos e acabei sentindo. Agora já acostumei. Focar dentro de campo nessa reta final para já iniciar o ano que vem no time principal".

Concorrência dos ‘Garotos de Xerém’

"A concorrência para onde for vai existir. Futebol está muito nivelado, tanto garotos da base, como que vem de outros clubes, querem seu espaço. Espero ter uma sequência de jogos para reconquistar meu espaço".