Ousadia e alegria? Neymar não brilha e deixa seleção calado em retorno

Estampado na pele, repetido em redes sociais e utilizado quase como uma marca registrada, o lema “Ousadia e Alegria” acompanha Neymar por todas as partes. Ou quase todas. Nos últimos nove dias, em São Paulo, Buenos Aires e Salvador, não foi exatamente assim. Em seu retorno à seleção brasileira após quase cinco meses, o craque deixou o sorriso de lado, não repetiu o brilho no futebol de outras vezes e fechou a cara para microfones e câmeras.

Em campo, foram dois jogos, nenhum gol marcado e apenas alguns lampejos do belo futebol exibido recentemente no Barcelona. Fora dele, nove dias sem nenhuma palavra ou sinalização para a imprensa.

Acostumado a entrevistas, Neymar não atendeu nem mesmo os pedidos à beira do gramado após os jogos. Passou direto contra Argentina e Peru. Na zona mista, a cena era a mesma: fone no ouvido, semblante fechado, segurança ao lado e nada de declarações. Contra o Peru, em Salvador, sequer passou pelo local e deixou a Arena Fonte Nova por uma saída alternativa.

O motivo? O silencioso Neymar, claro, não revela. No entanto, pessoas próximas à seleção dizem que o jogador vê a imprensa “pegando muito no pé” de seu pai por conta de problemas com a justiça espanhola e não quer ser questionado sobre o caso.

A nova rotina nem de longe lembra outros momentos do jogador. Até mesmo na Copa América, quando foi suspenso por quatro jogos após a polêmica contra a Colômbia, Neymar falou. Pouco, mas o suficiente para se desculpar com o grupo e mostrar arrependimento.

Parceiro do craque do Barcelona, Daniel Alves tentou se esquivar do assunto. “Não tem nada. O Neymar está feliz por ser uma referência na seleção e sempre tranquilo”, despistou o lateral.

Os únicos momentos de descontração de Neymar aconteceram quando o assunto não era futebol. Em fotos nas redes sociais, ele posou sorrindo ao lado do pai, em um passeio de barco na folga do último domingo, em visita de Ivete Sangalo à concentração na segunda-feira e com a amiga e dançarina Lorena Improtta, na madrugada após a partida.

O cenário de cara fechada e silêncio deve ser modificado nos próximos dias. Com um clássico contra o Real Madrid no sábado e jogo da Liga dos Campeões na terça, Neymar já tem entrevistas agendadas. Resta saber se, na seleção brasileira, o silêncio do líder irá se manter no próximo compromisso do grupo, em março de 2016, contra Uruguai e Paraguai, pelas Eliminatórias.