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Atuação em CPI fortaleceu Sarney e impulsiona filho de ex-presidente à Fifa

Fernando Sarney (1º da dir. para esq.) construiu forte relação com Marco Polo Del Nero - CBF/Divulgação
Fernando Sarney (1º da dir. para esq.) construiu forte relação com Marco Polo Del Nero Imagem: CBF/Divulgação

Pedro Ivo Almeida e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

27/11/2015 12h30

Fernando Sarney é o novo representante brasileiro no comitê executivo da Fifa. Com a renúncia do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, à cadeira na Suíça, o filho do ex-presidente José Sarney será o substituto nos corredores de Zurique. No entanto, o cartola, empresário e poderoso articulador político representa muito mais que isso no atual cenário futebolístico do país.

Como muitos presidentes de federação e dirigentes ligados à CBF gostam de definir, Sarney é o novo "queridinho" de Del Nero. Não bastasse o alto cargo na entidade que controla o futebol mundial, o vice-presidente da região Norte se tornou principal aliado e ganhou peso importante na cúpula da confederação por atuações recentes nos bastidores.

Há 17 anos integrando a diretoria da entidade, Sarney viu a moral elevada principalmente pela recente atuação na CPI do futebol. É dele a missão de articular com políticos e integrantes de diversas bancadas em Brasília na tentativa de minimizar os efeitos da Comissão que não esconde a vontade de "pegar" Del Nero.

Apesar de todos os rumores de que o mandatário da CBF possa ser flagrado em alguma operação ilegal investigada pela CPI, Sarney e seus aliados têm conseguido blindar o cartola. É de Fernando, por exemplo, a responsabilidade de conversar quase que diariamente com o senador João Alberto (PMDB-MA), homem forte da Confederação em Brasília e apadrinhado da família Sarney. O senador é a figura mais ativa na Comissão para bater de frente com Romário, nos ataques que o ex-jogador faz contra Del Nero.

Via CPI, Fernando conseguiu pavimentar seu caminho rumo à Fifa. A ligação com Marco Polo é tão grande que o novo integrante do comitê executivo de Zurique tem um gabinete na sede da CBF, no Rio de Janeiro.  

A relação não chega a causar "ciúmes" explícitos em antigos aliados. Alguns mostram indiferença com a "elevação" de Sarney. "O regime é presidencialista. É como a Dilma decidindo seus ministros. Ele decidiu sozinho. Vamos aceitar", disse, brevemente, o também vice-presidente Gustavo Feijó.

"Deixa o Sarneyzinho lá com ele. Vão ficar abraçadinhos. É até melhor que seja ele. Atualmente, ninguém queria pegar essa 'furada' de cargo na Fifa", disse um presidente de federação.

Quem não poupou críticas ao processo de substituição da cadeira brasileira em Zurique foi Delfim Peixoto, também vice-presidente e principal desafeto de Del Nero atualmente. "Está na hora dele [Marco Polo] falar. Precisa explicar essa renúncia, esse processo de troca de nomes. Ninguém aqui é bobo. Parou de viajar, não representa mais o Brasil. Está achando que os outros são bobos? É hora de esclarecer como as coisas são feitas no Brasil, ninguém sabe", decretou.

Em silêncio, e agora acompanhado de Fernando Sarney, Marco Polo Del Nero não comenta os ataques. Além de superar as críticas, o novo aliado do presidente da CBF precisará passar por outras questões antes de assumir a cadeira do amigo na Suíça. Com um passado polêmico e alvo de operações antigas da Polícia Federal no Brasil por acusações de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, ele terá que provar sua "ficha limpa" e seguir as novas regras da Fifa.

Consultada sobre a escolha de Sarney para o cargo na Fifa, a assessoria da CBF respondeu que "o vice-presidente Fernando Sarney foi aprovado por unanimidade pelo Comitê Executivo da Conmebol para ser um dos seus três representantes na Fifa"