Gabriel sabe de cor o período em que está longe dos gramados por conta de uma grave lesão no joelho esquerdo: já são cinco meses e uma semana fora do time do Palmeiras. O volante também é exato em relação à data do retorno. O objetivo é voltar a atuar no dia 16 de fevereiro, na estreia do time na Libertadores.
Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Gabriel admite que a concorrência no setor aumentou depois das contratações para a temporada. O jogador de 23 anos, porém, acredita que pode recuperar a vaga no meio-campo e cita 2015 como exemplo: recém-contratado, virou titular e peça-chave do setor.
Há um ano no Palmeiras, o ex-jogador do Botafogo também exaltou a boa situação financeira do clube paulista. Segundo ele, o fato é fundamental para o bom desempenho do time.
UOL Esporte: O Jean chegou ao Palmeiras nesta quinta-feira e o Rodrigo foi apresentado no fim do ano passado. O Marcelo tem hoje seis opções para a sua posição. Como você lida com isso?
Gabriel: Da melhor maneira possível. O Palmeiras vem formando um elenco forte. Neste ano, diferentemente do ano passado, temos uma competição a mais e muito importante, que é a Libertadores. Então precisa ter um grupo de qualidade. E perdemos jogadores. A diretoria está tentando repor. Fico tranquilo.
Mas você tem receio de perder a vaga?
Não, na minha vida consigo as coisas batalhando. Cheguei no Palmeiras e pouca gente me conhecia. Acabei criando uma identidade muito grande no ano passado. Na minha volta terei que recuperar meu espaço. Sempre batalhei e não vai ser diferente agora. Estou confiante.
Em relação à lesão, qual o estágio da recuperação?
Estou com cinco meses e uma semana de recuperação em um prazo que os médicos dizem que é avançado. Fico feliz com isso, mas não podemos pular etapas. Isso prova que vou voltar ainda melhor. Tenho feito coisas que outros jogadores não fazem nesse período da recuperação. Estamos todos com o mesmo objetivo: me liberar bem para jogar.
Já tem data para treino com bola e coletivo?
Previsto é voltar com seis meses. Estou adiantado. Acredito que em pouco tempo já vou fazer isso, entrar com o grupo, até voltar normalmente. Está perto. Acredito que na semana que vem estarei com o grupo já fazendo alguns trabalhos com bola, ainda não coletivo. Não vou jogar o torneio do Uruguai, mas devo viajar. Já estarei praticamente liberado. Falta pouco para jogar.
A Libertadores começa daqui a um mês. Pode ser que volte nesse jogo?
Sim, o meu objetivo, que tracei, é estar liberado nesse jogo. Não sei como será a parte da comissão, de escalação e tudo. O dia a dia vai mostrar. Mas até lá quero estar pronto para ajudar o Palmeiras.
Quanto você já está preparado?
Acredito que estou com 90% preparado. Falta mesmo só a parte final, de trabalhar com o grupo, de perder o receio de contato, de disputar bola, de ritmo de jogo. Isso não vou ganhar fora, vou ganhar quando realmente voltar. Acredito que estou perto dos 100%. A parte física está boa. Fiz todos os testes com o grupo.
O que achou da atuação do Matheus Sales na final da Copa do Brasil? Ele o substituiu bem?
Importante para o Palmeiras revelar novos jogadores. O Matheus é um jogador que mostra muita tranquilidade, é muito maduro apesar da idade. É um menino gente boa. Fiquei muito feliz, ele vai ajudar muito o Palmeiras.
Como melhorar a saída de bola do time? Esse foi um dos pontos fracos de 2015.
O Marcelo só está tendo agora tempo para trabalhar. Antes tinha treino e jogo logo em seguida. Não tinha como acertar muito. Acredito que nessa pré-temporada ele terá tempo para acertar tudo. O grupo não se desfez, a gente já se conhece. Não tem aquela coisa de buscar entrosamento. Agora não tem desculpa para se apoiar nisso.
E a defesa? Como voltar a ter a solidez apresentada durante os 31 jogos de Oswaldo de Oliveira?
Tivemos um começo do ano com uma defesa boa. Depois mudou. Mas temos que melhorar. Temos tempo suficiente para isso, para acertar isso. O Marcelo vem trabalhando bem isso para corrigir os erros do ano passado. Acredito que esse ano a equipe vai sofrer menos gols.
Você atuou dez vezes com Marcelo Oliveira até a lesão. Isso te preocupa em relação à luta por uma vaga no time?
Já conheço o Marcelo. Já sei bem o que ele gosta que eu faça. A gente conviveu esse tempo todo. Então já conheço o estilo de trabalho. Não temo nada, estou tranquilo em relação a isso. Vou voltar a buscar o meu espaço.
Qual a principal diferença entre Oswaldo e Marcelo?
Os dois têm o mesmo estilo de trabalhar. São dois grandes treinadores, de grupo. Trabalham na mesma formação: o 4-2-3-1, com algumas variações.
Seu contrato termina no fim deste ano. Já existe alguma conversa para renovar?
Ainda não. Estou esperando a diretoria tomar uma posição sobre isso. Estou feliz aqui, me identifiquei, minha intenção é ficar. Temos de esperar. Estou pensando agora em voltar no mesmo nível de antes.
Teme o grupo da Libertadores, com Nacional-URU, Rosario Central e o vencedor de Rivar Plate-URU e Universidade de Chile?
Eu acredito que na Libertadores não tem muito disso. Disputei uma Libertadores com o Botafogo. É um campeonato em que o time mais fraco pode causar problema. São estilos diferentes também. Não acredito que seja difícil ou fácil. Temos de impor nosso ritmo de jogo, ficar em cima do adversário sempre e surpreender. A nossa arena tem um clima favorável para isso. Todos aqui sabem disso.
A situação financeira do Palmeiras ajuda o jogador a ter mais cabeça para jogar? No Botafogo era diferente?
É uma situação complicada. Não queria ver a situação em que o Botafogo chegou, como outros clubes, atrasando salário. Claro que o jogador perde um pouco o foco no futebol. Somos seres humanos, temos contas para pagar, família, pessoas que dependem do nosso trabalho. O Palmeiras deixa a gente com o pensamento em apenas jogar bola, em conquistar os objetivos do clube. A diretoria pode cobrar dos jogadores, porque paga certinho. O Palmeiras deixa a gente em uma situação muito favorável. E também tem a boa estrutura, de grandeza. Acredito que qualquer jogador queria estar aqui. Somos privilegiados.
Você já considera seu desempenho no Palmeiras superior ao alcançado no Botafogo?
Eu estava em uma fase muito boa antes da lesão. Tudo o que eu fazia dava certo, até gols eu marquei. Arriscava, estava confiante. Foi uma das melhores. Mas no Botafogo também estava bem, fiz mais de 100 jogos. É um clube que respeito bastante, consegui chegar à Libertadores depois de 16 anos que o clube não disputava. Aqui tenho tudo para crescer e superar a fase que tive antes.
A torcida do Palmeiras já te trata como um ídolo. Você se sente um?
É uma honra saber disso. Procuro trabalhar cada dia mais forte e deixo isso para a torcida. Penso que sou o Gabriel, jogador do Palmeiras e estou aqui para vestir essa camisa. Sou importante como todos aqui, não estou acima de ninguém. Quero continuar fazendo minha história aqui.
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