Nada de sutiã! Top usado por craques é, na verdade, tecnologia "anti-migué"
A derrota do Palmeiras para o Água Santa chamou atenção dos torcedores. Não foi apenas pela má fase técnica do clube do Palestra Itália. Para os "antis", o 4 a 1 foi o começo da piada. Os rivais palmeirenses se preocuparam também com tops que os jogadores vestiam e foram fotografados após o jogo. A bem da verdade, não é só o Palmeiras que usa o acessório. Mesmo assim, a internet não perdoou.
TEVE ANALISTA PREVENDO QUE FOI UMA ESTRATÉGIA OUSADA
E ATÉ QUEM ESTIVESSE REALMENTE INTRIGADO COM A MODA
O top - ou o sutiã, como foi apelidado nas redes sociais - é, na verdade, um acessório usado para monitoramento do desempenho dos atletas em campo. E não é uma novidade nos gramados do mundo. O atacante do Paris Saint-Germain Zlatan Ibrahimovic já utiliza a tecnologia há pelo menos três anos. No Brasil, clubes como Atlético-MG e Internacional também são adeptos dela há algum tempo.
O que causou o estranhamento, no caso dos atletas do Palmeiras, foi a cor do top, branca, que se assemelha a um sutiã. Normalmente, os jogadores usam a peça na cor preta, mais discreta. Provavelmente por uma rivalidade com o Corinthians, a cor não é usada pelo clube alviverde.
Muito além da piada, o top tem uma finalidade muito útil: melhorar o desempenho dos atletas do clube por meio da análise de dados coletados pelo instrumento.
O UOL Esporte buscou um dos maiores especialistas da área para falar do assunto. O argentino Diego Giacchino é preparador físico especialista em controle de rendimento. Há 5 anos, ele foi apresentado à tecnologia quando entrou em contato com colegas do PSG.
Giacchino trabalhava no italiano Palermo e já estudava os benefícios do GPS com sistemas mais conhecidos de análise de desempenho, como o Match Analisys.
"Ele já permitia a quantificação de alguns dados físicos", explica. "Mas pude aprofundar um pouco mais sobre o tema. Hoje, por sorte, é um método que a Fifa já aprovou e que nos dá a possibilidade de usar os dados coletados nas partidas e durante a semana nos treinamentos para quantificar volume e intensidade de jogo do atleta".
O argentino é um dos nomes da GPSports, pioneira no desenvolvimento da tecnologia por trás do sutiã. Na verdade, o segredo dele não está na "forma" do top, mas no dispositivo de unidade GPS que está acoplado a ele. Ele mede 4 por 5 centímetros e fica posicionado entre as duas omoplatas, os ossos das costas, "para evitar que o atleta se machuque com algum choque", explica Giacchino.
Em alguns casos, o mesmo top também contém um dispositivo para medir frequência cardíaca, que é coordenada com os dados do GPS.
Atualmente há várias marcas que desenvolveram a análise de desempenho a partir de dispositivos de GPS. No caso da utilizada pelo Palmeiras, o dispositivo ainda conta um "acelerômetro", que mede o potencial de arranque dos atletas.
"Temos, desse modo, a possibilidade de medir não só as distâncias percorridas, mas a aceleração e desaceleração dos atletas e a quantidade e o tipo de impacto que eles sofrem", explica. Tudo isso em tempo real.
Assim, na prática, a tecnologia também pode denunciar os atletas que fazem "corpo mole" em campo.
Com os resultados em mãos, o estafe técnico, juntamente com a equipe de fisiologia, pode desenvolver um trabalho físico adequado aos resultados de cada jogador, poupando ou aumentando carga e intensidade nos treinos.
"Hoje, os clubes trabalham com treinamento integrado. Os dados físicos coletados pelos equipamentos são utilizados para melhorar os trabalhos técnicos e táticos", observa Giacchino, que hoje também atua como preparador físico na seleção do Irã. Ele não cita nomes, mas diz que acompanhou casos de jogadores que melhoraram o desempenho em campo após uma análise detalhada dos dados do aparelho.
Giacchino não conhece profundamente o trabalho com análise de desempenho via GPS feito no Brasil. Mas, em geral, não vê o país defasado na tecnologia do esporte. "O Brasil desenvolve muitos equipamentos de aplicação para treinamentos, muito bons", avalia. E diz que a adoção ou não de tecnologias internacionais pode ainda a ver com custo para a implantação.
Para um plantel com 30 jogadores, o clube tem que desembolsar no mínimo 55 mil dólares, além das taxas de importação.
Apesar das brincadeiras, Giacchino conta que os jogadores não demonstram desconforto em usar o acessório, ainda que ele possa se assemelhar a uma peça feminina. "Já o veem como algo normal", afirma ele. "E hoje todas as marcas de material esportivo, como Adidas e Nike, por exemplo, já fazem uma regata para colocar o aparelho".
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