O funkeiro e sambista do Vasco que embala o time com improvisos; veja
No Vasco é assim: o boleiro de primeira viagem que chega ao clube, se encaminha ao vestiário e aos poucos ouve uma voz que o situa logo que ele está no Rio de Janeiro. É com ritmo de funk e samba que Paulo Roberto, o famoso “Paulinho da Chuteira”, roupeiro do clube há 16 anos, lustra diariamente, com todo o cuidado, o calçado que o jogador usará no gramado de São Januário.
Sempre sorridente, ele costuma pescar os temas do momento e, na base do improviso como muitos MC’s, dispara suas canções para risada dos atletas, que pedem bis ou sugerem outros tópicos para embalar o batidão.
Na era dos smartphones e das redes sociais, o elenco atual vê em Paulinho um prato cheio para turbinar seus perfis no Instagram e no Facebook. O roupeiro, por sua vez, não se mostra tímido nem um pouco e faz caras e bocas nas gravações que costumam fazer sucesso na internet.
“Às vezes eles (jogadores) pedem um rap e a gente faz o que Deus manda”, diz Paulinho, ligando seu talento ao poder divino.
A veia musical do roupeiro, aliás, vem de longo tempo e é diversificada. Se no funk ele se diverte como um hobby, no samba já foi um profissional premiado. Pela Unidos da Tijuca, ganhou um estandarte de ouro como mestre-sala em 2000 e, em 1984, sagrou-se campeão do carnaval carioca com a Portela.
Após o título estadual com o Vasco no último domingo, ainda no gramado do Maracanã, se classificou como um "eterno campeão" ao UOL Esporte:
“Posso falar de dentro do coração? Sou um eterno campeão. Fui estandarte de ouro como mestre-sala, tive títulos com a Unidos da Tijuca e a Portela, tive uma boa passagem pela União da Ilha, e viajei com o samba para São Paulo, Japão, Canadá, Suécia...”.
Bem-humorado, Paulinho da Chuteira revela que é da comunidade que, como diz o funk da década de 90 dos MC’s Coelho e Dinho, é “100% lazer”.
“Não nego de onde vim. Sou da Cidade Alta, de Cordovil (bairro da Zona Norte do Rio), onde tem gente boa e bamba de samba”, enalteceu.
No dia a dia do Vasco, cuida das chuteiras como se fossem suas filhas, mas afirma que em decisões, como na final do Campeonato Carioca do último domingo contra o Botafogo, tem rotinas especiais não reveladas.
“Todas as chuteiras são limpas por igual, mas têm um segredo. É como o samba que o Fernando Horta, meu padrinho aqui do Vasco (presidente da Unidos da Tijuca e vice-geral do Cruzmaltino), colocou: é segredo e não conto a ninguém (samba-enredo de 2010 da escola tijucana)”, se diverte.
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