Brasil perde força em torneio pelo qual Del Nero é acusado por propina
A desistência do presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, em ser o chefe de delegação do Brasil na Copa América dos Estados Unidos deixou a seleção ainda mais isolada e frágil nos bastidores. Sem contar com o presidente Marco Polo Del Nero, que não viaja mais ao exterior desde que o antecessor José Maria Marin foi preso na Suíça, a CBF terá o vice Coronel Antônio Nunes como representante máximo.
Coronel Nunes viajará aos Estados Unidos nesta quarta-feira (25) para se juntar a delegação que treina desde segunda em Los Angeles, na Califórnia. Conforme já anunciado pela CBF, ele irá acumular a função de Eduardo Bandeira de Mello como chefe de delegação - o presidente do Flamengo desistiu devido às críticas que recebeu por se ausentar durante a crise do clube e irá aos Estados Unidos apenas como convidado para assistir a dois ou três jogos.
Assim, a seleção brasileira estará tão isolada das figuras de bastidores quanto esteve no ano passado, na Copa América do Chile. Na ocasião, o secretário-geral Walter Feldman foi o dirigente de cargo mais alto que acompanhou a seleção, à exceção de esporádicos vice-presidentes.
As ausências no Chile enfraqueceram o Brasil nos bastidores do torneio, por exemplo, no caso da suspensão de Neymar. Nenhum dirigente da CBF acompanhou de perto o julgamento que determinou a suspensão do atleta por quatro partidas naquela Copa América. Pior: o Brasil não solicitou nem mesmo a apelação à qual tinha direito para tentar amenizar a pena do atacante.
Em 2015, o cargo de chefe de delegação no Chile foi ocupado pelo empresário João Doria Júnior, hoje pré-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSDB. Doria Júnior fez viagens entre São Paulo e Santiago durante o torneio e não esteve em tempo integral com a delegação - tampouco exerceu papel nos episódios envolvendo Neymar.
A ausência de Marco Polo Del Nero nos Estados Unidos não causa surpresa dentro e fora da entidade máxima do futebol brasileiro, mas novamente deixa a seleção exposta a possíveis episódios como o do ano passado. O presidente da CBF foi indiciado pela Procuradoria Geral dos Estados Unidos depois que documento do Departamento de Justiça norte-americano indicou que ele foi um dos 14 dirigentes que receberam propinas de empresas de marketing por facilitar contratos de Copa Libertadores, Copa do Brasil e de quatro edições da Copa América, incluindo a atual.
Os escândalos decorrentes do Fifagate são os mesmos que causaram a prisão do ex-presidente da CBF José Maria Marin na Suíça - ficou de maio a novembro de 2015 no país até ser extraditado para os Estados Unidos. Uma parte significativa da corrupção montada estava relacionada com a Copa América. Segundo aponta o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a Datisa, empresa que em 2013 comprou os direitos de transmissão e marketing do evento até 2023, concordou em pagar US$ 3 milhões por edição do torneio ao presidente da CBF no momento da competição.
Durante a Copa América de 2015, ex-jogadores que atuaram na seleção brasileira sob o comando de Ricardo Teixeira afirmaram que o então presidente tinha influência positiva sobre o elenco durante grandes torneios. Segundo tais ex-atletas, Teixeira, máximo chefe da CBF, se preocupava em manter o time blindado e amparado nos bastidores. Hoje, o Brasil depende nos Estados Unidos do coordenador de seleções Gilmar Rinaldi, funcionário do futebol e que não está inserido no processo político da entidade.
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