Líder vê torcida gay corintiana ficar só no papel: 'Nos veem como piada'
Quando o jornalista Felipeh Campos criou a Gaivotas Fiéis, primeira torcida uniformizada gay do Corinthians, ele tinha a ambição de transformá-la na maior do mundo. Três anos depois de sua fundação, no entanto, não conseguiu alçar voos tão altos. Sem presença nos estádios, a torcida acabou se transformando num projeto que existe mais pelo simbolismo da luta pela representatividade LGBT que por ações práticas em si.
"Temos hoje entre 20 mil, 30 mil associados. Não conseguimos crescer tanto como poderíamos", admite Felipeh, que previa 500 mil inscrições após a formalização da torcida. "Ainda é um Pacaembu lotado. As adesões foram mais baixas do que eu esperava, mas o importante é resistir. Não desisti. Não estamos fisicamente nos estádios, porém, a discussão sobre a aceitação dos homossexuais no meio do futebol ainda existe. Esse é o meu objetivo".
Felipeh atribui a falta de um apoio institucional do clube à dificuldade de fazer a Gaivotas vingar como torcida. E critica o fato de ele não promover diretamente ações que coíbam a violência contra os homossexuais. "Nos veem como piada, como se o projeto não fosse sério. O futebol é um ambiente muito preconceituoso, que exclui as minorias. Não só os gays, mas também as mulheres, são tratados de maneira muito hostil. Institucionalmente, seria importante que o Corinthians apoiasse". Procurado pelo UOL Esporte, o clube não quis se pronunciar sobre o comentário.
Ele também reclama de falta de apoio financeiro. 'Não dá para fazer a torcida crescer sem dinheiro, O que entrou de dinheiro veio de doações, muito pouco. A gente sabe que o Corinthians ajuda a Gaviões, por exemplo. Não dá para comparar. Mas eu ainda acredito que encontraremos apoio para financiar o projeto".
Apesar de não parecer otimista quanto a aceitação dos homossexuais no futebol ("nada mudou", diz), o jornalista elogia a recomendação da Gaviões da Fiel, maior torcida organizada do clube, de não gritar palavras homofóbicas contra os adversários em campo. "É normal xingar no estádio, faz parte. Mas deixar de incentivar que se grite 'bicha' é um pequeno avanço. Tem que mudar a mentalidade. Agora difícil mesmo é saber quando isso será colocado, enfim, em prática".
Apresentador na RedeTV!, Campos diz que ele mesmo já não frequenta estádio. Mas a ausência, segundo ele, nada tem a ver com temer reações violentas pelo fato de ser gay. "Não é medo, porque se gritarem algo eu revido. É que eu tenho mais paciência. Continuo assistindo aos jogos, na TV mesmo", encerra.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.