Fisiologista demitido do time de Luxa vê boicote de chineses ao treinador
O fisiologista Cláudio Pavanelli foi um dos oito membros da comissão técnica de Vanderlei Luxemburgo no Tianjin Quanjian que foram afastados pelos dirigentes chineses. Prestes a voltar ao Brasil, o profissional falou com o UOL Esporte e disse que há um boicote em curso contra os métodos de trabalho pelo treinador.
Segundo Pavanelli, o objetivo da dispensa dele próprio, de um massagista, um fisioterapeuta, um médico, um gerente, um preparador físico e dois tradutores é um só: minar as decisões tomadas por Luxa dentro do clube.
"É para tentar atingir o próprio Vanderlei, é mais esse objetivo do que qualquer outra coisa. [O Tianjin] não é um time hoje qualificado profissionalmente para entender o que é um trabalho real do profissional do futebol. Eles acabaram atingindo profissionais ligados ao Vanderlei, que sabem que têm uma certa força na palavra em relação ao Vanderlei para tomar decisões", acusou.
O fisiologista contou que um auxiliar técnico chinês foi colocado pelos dirigentes sem que a razão fosse explicada ao resto da comissão. O Tianjin vive mau momento na segunda divisão chinesa, sem vencer há cinco jogos, e Pavanelli constatou que alguns jogadores tiveram uma atitude na pré-temporada no Brasil e outra diferente quando voltaram para a China.
"A gente viu que alguns atletas não se comportavam como a gente queria. Não tinham aquele comportamento de antes, de dedicação em treinamentos e jogos, coisa que dificultava o nosso trabalho. A pré-temporada foi perfeita, mas na hora de realmente começar o campeonato, a gente teve um pouco mais de resistência para implantar nosso trabalho. O porquê, a gente realmente não sabe", disse.
De acordo com Pavanelli, os três jogadores brasileiros do elenco – Jadson, Luís Fabiano e Geuvânio – têm tido comportamento exemplar, bem como parte dos atletas chineses. Ele afirmou que não quer "generalizar" ao afirmar que parte do grupo tem faltado com o comprometimento.
Outra crítica foi em relação a promessas sobre melhoras estruturais no clube e o projeto de transformar o Tianjin em um gigante do futebol chinês. Segundo o fisiologista, nada disso aconteceu em cinco meses.
"Eu dependo de uma estrutura física que não veio, foi oferecida e não foi dada. A gente estava tendo dificuldade, essa estrutura por trás do dia a dia é fundamental, mas eles não estão acostumados com isso. O Vanderlei fez uma cobrança normal e profissional, aí os resultados acabaram não sendo favoráveis nas últimas rodadas, minando e dificultando nossa continuidade".
Apesar da relação estremecida, uma multa de 10 milhões de euros (cerca de R$ 40 milhões) impede que Tianjin ou Luxemburgo tomem a iniciativa de romper o contrato. O Tianjin está na oitava colocação da segunda divisão da China, fora da zona de acesso à primeira divisão.
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