Aranha diz que episódio de racismo dificultou busca por novo clube
Recém-contratado pelo Joinville após passar seis meses sem clube, o goleiro Aranha afirmou que o episódio de racismo do qual ele foi vítima em 2014, durante um jogo entre Grêmio e Santos, influenciou para que ele ficasse tanto tempo desempregado. Para ele, a repercussão do caso dificultou a busca por um novo clube após a saída do Palmeiras, no fim do ano passado.
"Seria muito cruel da minha parte dizer que eu passei por esse período sem clube por causa disso, e também não posso dizer que não foi por causa disso", disse Aranha, 35 anos, ao programa "Esporte Fantástico", da Record.
Em 28 de agosto de 2014, quando defendia o Santos, Aranha foi insultado por torcedores gremistas em jogo na Arena tricolor, pelo Campeonato Brasileiro. Câmeras flagraram uma torcedora chamando o goleiro de "macaco", enquanto outras pessoas faziam sons imitando o animal.
Aranha registrou boletim de ocorrência sobre o caso. Quatro torcedores do Grêmio foram condenados a se apresentar a locais determinados pelo Juizado do Torcedor em dias de jogos do time por dez meses.
"Fiz valer os meus direitos naquele jogo do Grêmio. Não fiz nada mais do que isso, de maneira alguma eu quis prejudicar o Grêmio. Eu não fiz nada contra o Grêmio, nada. O que eu fiz foi contra as pessoas que cometeram um crime, que cometeram injúrias", disse Aranha.
"Se eu tivesse cometido aquele tipo de crime eu também pagaria, e talvez pagaria mais caro, com dinheiro, sei lá. Seria muito mais pesado do que isso, mas eu só exigi os meus direitos, nada mais do que isso", defendeu-se.
O goleiro falou ainda que seu caso ganhou muita repercussão por ele se tratar de uma pessoa pública, mas que o racismo é algo cotidiano no Brasil e que precisa de um combate diário.
"É um assunto que eu creio ter um bom conhecimento e não tenho problema algum, mas é algo que me acompanha desde a infância. Não só o Aranha, mas muitos outros brasileiros negros também. Só que como eu era uma pessoa pública, repercutiu. Isso acaba parecendo que é um fato isolado, mas não, isso é uma coisa normal no nosso país", declarou.
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