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Tite muda clima e surge como 'salvador' para diretoria desgastada da CBF

Tite admite risco de que o Brasil fique fora da Copa

UOL Esporte

Pedro Ivo Almeida e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

21/06/2016 06h01

Tite tentou manter a discrição ao chegar na CBF na tarde da última segunda-feira (20). Entrou pela garagem, subiu para a sala da presidência e assinou seu contrato de trabalho com a confederação. Tudo sempre acompanhado apenas do auxiliar Cleber Xavier e de seu filho, Matheus Bachi. O cenário mudou, no entanto, exatamente quando passou a ser um funcionário oficial da entidade. Em poucos minutos, desceu e se dirigiu ao museu da entidade para conhecer um pouco mais da história do futebol brasileiro. Instantes depois, foi para o auditório, onde foi apresentado e concedeu a primeira entrevista coletiva como técnico da seleção. Agora, tudo acompanhado por um batalhão de vice-presidentes, diretores, coordenadores e funcionários da casa.

A cena chamou a atenção de todos os presentes e representava bem mais que a curiosidade para ver o novo comandante do principal produto da CBF, a seleção. A romaria simbolizava a esperança dos integrantes de uma desgastada confederação de que aquele fosse o símbolo de um novo tempo. Com aura de “salvador”, Tite cumpriu bem o papel em um primeiro momento.

Cordial, procurando chamar a todos pelo nome e citando até funcionários em seu discurso, Tite quebrou o “gelo” e mudou o clima de um auditório acostumado a respostas curtas e pouco sorrisos. Nas primeiras fileiras, dirigentes e colaboradores vidrados acompanhavam as repostas do “Messias” da CBF.

Após a entrevista, nova romaria. Todos seguiam Tite, que retornava para os andares superiores da sede da entidade. “Não tem isso [salvador]. Na verdade, sou mais um aqui. E com a perna tremendo, só isso. Não penso em outra coisa. A perna não para de tremer”, disse, distribuindo sorrisos.

Até mesmo o temido assunto sobre a situação de Del Nero foi dominado pelo técnico, na avaliação da CBF. Com respostas evasivas sobre o manifesto que assinou em dezembro, pedindo a renúncia do presidente, ele driblou o assunto nas três vezes que foi questionado. Falando sobre emoção e ligação com a sua mãe, ainda mudou o tom da entrevista.

O cenário é completamente diferente do último contato entre CBF e jornalistas no local, na última terça-feira. Na ocasião, o demitido Gilmar Rinaldi chegou sozinho para confirmar o próprio adeus e o de Dunga.

Satisfeita com a imagem positiva deste primeiro momento de Tite, a turbulenta confederação aposta também na eficiência do profissional dentro de campo para que a entidade navegue em águas mais tranquilas. Até setembro – data da estreia do técnico –, pelo menos, o clima deverá ser mais leve.