Brasileiro que apitou Copa de 86 "absolve" juiz no gol de mão de Maradona
Maradona é quase 20 centímetros mais baixo que o ex-goleiro inglês Peter Shilton. Para superar o arqueiro e pulverizar a diferença de altura, o ídolo argentino usou a mão para abrir o placar contra a Inglaterra nas quartas de final da Copa do Mundo de 1986, há exatos 30 anos, no México.
A malandragem de Maradona iludiu o trio de arbitragem, liderado pelo tunisiano Ali Bennaceur. Três décadas depois, Romualdo Arppi Filho, juiz brasileiro que apitou a final daquele Mundial, minimizou o erro cometido pelo africano.
Em entrevista ao UOL Esporte, Romualdo disse que Bennaceur estava impossibilitado de ver "la mano de dios" em ação no Estádio Azteca. Dessa forma, foi o auxiliar búlgaro Bogdan Dotchev quem cometeu o maior erro no lance, pois tinha mais condições de anular o gol irregular.
"Ele (Bennaceur) não teve oportunidade de ver. Estava mais para o auxiliar. Ele estava de frente para o lance", disse Romualdo, que ainda considera a arbitragem do tunisiano uma das melhores da Copa até o erro capital.
Um dos lances mais polêmico da história das Copas aconteceu logo aos seis minutos do segundo tempo. Na jogada, Maradona infiltrou-se na defesa inglesa e concluiu para o gol depois de o defensor chutar a bola para cima.
O camisa 10 ainda fez história ao marcar o gol antológico depois de quatro minutos, driblando cinco adversários. A Argentina venceu a Inglaterra por 2 a 1 e arrancou para o segundo título mundial.
Romualdo, que apitou três jogos da Copa de 1986 aos 47 anos, ressalta o fato de o jogo entre Argentina e Inglaterra ser de alta responsabilidade. "Se ele tivesse visto (a mão), teria marcado a falta e anulado o gol. Mas tinha muita gente na frente dele", frisou o brasileiro, que deixou os gramados em 1990.
Romualdo cita gol que eliminou a seleção de Dunga
O erro cometido pelo trio de arbitragem na partida disputada há 30 anos foi comparado à falha do árbitro Andrés Cunha e do assistente Nicolas Taran, ambos do Uruguai, na eliminação da seleção brasileira diante do Peru na Copa América. Na ocasião, Ruidíaz marcou um gol de mão na reta final do confronto da primeira fase.
"O peruano não marcou aquele gol contra o Brasil na Copa América? O juiz não viu, o auxiliar não viu. Isso acontece em um jogo ou outro. A falha é dos dois, é um erro do trio", disse o brasileiro.
Atenção redobrada na final
De acordo com o ex-árbitro, a comissão da arbitragem da Fifa pediu atenção redobrada na final da Copa de 86, entre Argentina e Alemanha. Romualdo soube da sua escalação logo após a vitória argentina sobre a Bélgica na semifinal.
"Teve uma reunião depois do jogo. Divulgaram o trio da decisão do terceiro lugar e o da final. Me pediram para ter atenção para não acontecer erros que pudessem manchar a decisão. Eu estava preparado, era experiente", disse Romualdo, que recebeu pela atuação nota 9,3 de João Havelange, então presidente da Fifa.
No jogo, Romualdo não teve problemas. Nem mesmo quando mostrou cartão amarelo para Maradona depois de o camisa 10 se adiantar na barreira em uma falta cobrada pelos alemães perto da área. "Ele nem reclamou. Craque não dá problema. Vai e joga", afirmou.
Tecnologia pode atrapalhar os árbitros
O ex-árbitro também deu sua opinião em relação ao uso da tecnologia no futebol. Ele se diz contra a paralisação das partidas para discussão dos lances polêmicos. "Se isso acontecer, o jogo, que teria de durar 90 minutos, vai ter duas horas", frisou.
O número de câmeras no campo de jogo ainda foi alvo de críticas. "Complicou mais a atuação dos árbitros. Eles só têm os olhos e uma fração de segundo para decidir', disse Romualdo.
Acostumado a decisões e jogos grandes, o brasileiro dá a receita para o sucesso na carreira. Para ele, a parte física equivale a 70% da preparação. "É preciso estar muito bem preparado. Os árbitros erram mais quando estão cansados", finalizou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.