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Boateng teme terrorismo e incomoda França com veto a família no estádio

Frank Augstein/AP
Imagem: Frank Augstein/AP

João Henrique Marques

Do UOL Esporte, em Paris

07/07/2016 06h00

Jerôme Boateng vai a campo nesta quinta-feira, às 16h (de Brasília), representando a Alemanha na semifinal da Eurocopa contra a França, em Marselha, sem o apoio de familiares. O pedido do zagueiro veio por conta do receio de atos de terrorismo, e claro, gerou polêmica no país sede da Eurocopa.

Veículos franceses repudiaram o que consideraram como campanha negativa do alemão. Só que ele jamais voltou atrás. Nenhum familiar esteve presente no torneio, diferentemente da grande maioria dos jogadores.

"O terror é a seleção da França", exibiu uma manchete do jornal esportivo Le Equipe na quarta-feira lembrando o receio de Boateng.  

“Não foi uma decisão fácil. Só que minha família e os meus filhos não irão ao estádio. Parece-me um risco muito elevado”, explicou Boateng ao jornal esportivo alemão Bild.

“Quero concentrar-me apenas no futebol. Por isso sinto-me melhor se a minha família não estiver no estádio”, acrescentou.

O discurso de Boateng foi repetido. O zagueiro mostrou preocupação com o terrorismo antes do início da Eurocopa e já havia garantido o veto dos familiares. A preocupação chegou a ser utilizado para a pergunta de um jornalista alemão em entrevista coletiva do primeiro-ministro da França, Manuel Valls, em cerimônia de abertura da Eurocopa.

“Tudo que posso te dizer é que a França é um país moderno, capaz de garantir a segurança de suas cidades", foi rápido na resposta o governante.

A segurança foi o principal tema da Eurocopa desde o início da competição. Mas sem incidentes terroristas desde o início da disputa, o futebol foi ganhando força.

Boateng coloca a mão na bola e faz pênalti na partida entre Alemanha e Itália, pela Eurocopa - AP Photo/Michael Probst - AP Photo/Michael Probst
Imagem: AP Photo/Michael Probst
O discurso de temor de Boateng ganhou destaque obviamente por contra do confronto diante da França. E ele não foi repetido por nenhum jogador da Alemanha. “Também procuro não influenciar. Cada um deve decidir por si mesmo”, destacou o defensor.

Na Eurocopa, a boa atuação na vitória diante da Eslováquia por 3 a 0 nas oitavas de final, com direito a um golaço em chute de primeira de fora da área, elevaram o moral. O problema é que a imagem atual que precisa apagar é a do pênalti infantil colocando a mão na bola no duelo das quartas de final diante da Itália.

“Confiamos nele. Isso é o que nos importa. Sempre nos proporciona enorme segurança e os acertos individuais minimizam qualquer falha”, comentou o companheiro alemão Bastian Schweinsteiger.

Em campo contra a França, Boateng é apontado como um dos líderes do time por conta da ausência do capitão Sami Khedira, lesionado. Na Alemanha, o defensor de origem ganesa ganhou admiração pelo bom futebol apresentado no Bayern de Munique e pelo combate ao racismo no futebol, sendo um dos embaixadores de uma campanha da Fifa contra o ato.