Por que não existe mais decisão de terceiro lugar na Eurocopa?
Gareth Bale fez grande Eurocopa e liderou Gales na melhor campanha de sua história no futebol. Ao chegar à semifinal, o país superou o desempenho da Copa do Mundo de 1958, na Suécia, quando alcançou as quartas de final. Mas o craque do Real Madrid não terá a chance de dizer que seu país foi terceiro colocado na França. E por um simples motivo: não há este tipo de disputa na competição.
E não é de hoje. A última vez que duas seleções disputaram a terceira posição da Eurocopa foi em 1980, quando a Tchecoslováquia derrotou a anfitriã Itália. Mas por que a decisão de terceiro lugar foi abolida da principal competição de seleções europeias? Explica-se.
De volta a 1980. Após empate por 1 a 1 no tempo normal, Itália e Tchecoslováquia fizeram aquela que ficou conhecida como uma das mais longas disputas de pênaltis da história da Euro. E os visitantes ficaram com a terceira posição após vencer por 9 a 8 da marca da cal. Como não bastasse o jogo arrastado, modorrento, o público não era dos maiores: 24.682 pagantes.
Em edições anteriores da Euro, o público havia sido ainda menor na decisão de terceiro colocado. Foram 6.766 em 1976, na Iugoslávia; 6.184 em 1972, na Bélgica; 3.869 em 1964, na Espanha; e 9.438 em 1960, na França. A exceção foi em 1968, na Itália, quando a vitória da Inglaterra por 2 a 0 sobre a União Soviética levou mais de 60 mil pessoas à decisão de terceiro lugar no estádio Olímpico de Roma.
Para completar de “enterrar” a decisão de terceiro lugar, mudou-se o regulamento da Eurocopa em 1980. Até 1976, apenas quatro seleções disputavam a fase final do torneio. Quem vencesse passava à final, quem perdesse disputava o terceiro lugar.
Quatro anos depois, na Itália, o número de seleções na fase final saltou para oito, que foram divididas em dois grupos, sendo que os dois melhores se enfrentariam na final. A terceira colocação, então, foi disputada entre os segundos colocados de cada chave - neste caso, Itália e Tchecoslováquia. A partir de 1984, o formato com oito seleções na fase final foi adotado de vez, mas a decisão de terceiro lugar perdeu o interesse e tornou-se obsoleta.
Equação que somou uma disputa de pênaltis interminável, a falta de interesse de público nas arquibancadas e na TV e mudanças de regulamento da competição que ampliaram a participação de seleções europeias. E foi assim que a terceira colocação sumiu na história da Eurocopa.
Caso único entre seleções
A Eurocopa é a única grande competição de seleções que não tem decisão de terceiro lugar. A Copa do Mundo, a Copa América e a Copa Africana de Nações, por exemplo, definem seus melhores terceiros colocados. É diferente das competições de clubes, nas quais normalmente os derrotados nas semifinais não voltam a entrar em campo. Assim acontece na Libertadores da América e Liga dos Campeões da Europa.
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