Aprendiz de Jorginho, Marcelo Cabo se espelha em Tite para ficar na elite
“Somos como irmãos. Ele é como um irmão mais velho.” Foi assim que Marcelo Cabo, técnico do Atlético-GO, que conquistou no último sábado (12) o título inédito da Série B, definiu sua relação com Jorginho ao Blog do Salim. “É uma figura ímpar em todos os sentidos. Ele influencia minha vida e da minha família”, explicou.
Não é de se estranhar. Cabo conhece o técnico do Vasco de longa data e já trabalhou com ele como seu assistente técnico. Até quando fez parceria com Dunga à frente da seleção brasileira, Jorginho levou consigo o amigo e treinador.
“Desde 2007 integrei a comissão técnica da seleção. Estive nas Eliminatórias, na Copa das Confederações e no Campeonato Mundial da África do Sul. Era observador técnico da equipe do Dunga e do Jorginho. Foi um aprendizado muito grande e importante para mim”, lembra Marcelo.
À frente do Atlético-GO, onde chegou apenas uma semana antes do início da Série B, Marcelo conquistou o principal título da sua carreira. Aos 49 anos, ele se considera um técnico da nova geração de professores de futebol do Brasil. E se espelha no novo comandante da seleção brasileira, Tite, para se firmar na elite de treinadores do país.
Após a emocionante vitória de virada por 5 a 3 sobre o Tupi, Marcelo viu a torcida do Dragão se animar e pedir seu nome na seleção brasileira. Perguntado com bom humor no programa Troca de Passes, da SporTV, se Tite deveria se preocupar e ficar de olho nele, Cabo revelou sua admiração pelo técnico do Brasil.
“É justamente o contrário. Eu que estou de olho no Tite, já li o livro dele todo, ele se tornou uma referência para nós, treinadores da nova geração”, afirmou Marcelo, que sonha em permanecer na elite dos treinadores e do futebol nacional.
“Isso é o início de uma trajetória nacional, mas tenho que me preparar mais, trabalhar mais, meu sonho é conquistar um título da Série A, e isso é o começo”, acrescentou o técnico do Atlético-GO.
“A partir de segunda vamos sentar [com a diretoria] e começar a planejar 2017, se organizar porque é importante a gente sair na frente.”
Ex-técnico de futsal, Marcelo é pai de três boleiros
Marcelo Cabo se define como um treinador que procura sempre se atualizar, mas que enxerga o jogo com simplicidade. Ele diz que valoriza o equilíbrio dos setores no campo, mas não abre mão do jeito brasileiro de jogar.
Após passar como volante por diversas equipes sub-20 no Rio de Janeiro, Marcelo não se firmou como no campo. Em compensação, teve sucesso na quadra. Transformou-se em jogador profissional de futsal e passou por grandes clubes como Flamengo, Fluminense e jogou até mesmo na Espanha, que tem uma das ligas mais consolidadas do mundo.
“Aos 32 anos, me tornei técnico de futsal. E depois passei ao futebol de campo como treinador”, contou ao Blog do Salim.
Nos últimos 10 anos, além de trabalhar como assistente técnico de Jorginho e na seleção brasileira, Marcelo passou por diversos clubes de expressão regional, como Ceará, Macaé e Tombense, mas é com o título inédito da Série B que ele conquista seu primeiro título nacional.
"Passou pela minha cabeça a história da minha família, da minha vida. Agradeço à minha mãe, meus irmãos e ao Atlético. Esses jogadores são fantásticos. Sofremos muito no jogo [contra o Tupi], mas soubemos vencer. É o maior título da minha carreira, fico feliz por entrar para a história do Atlético”, definiu.
Às vésperas de completar 50 anos em dezembro, Marcelo tem três filhos que também vivem o futebol. A adolescente Maria Eduarda joga na escolinha do Barcelona; o goleiro Pedro Henrique jogou a Série D deste ano pelo Palmas de Tocantins; e o volante Gabriel, que se formou nas categorias de base do Flamengo e jogou este ano no Tigres, se afastou momentaneamente dos gramados devido a uma fibrose no coração.
Há sete meses, quando começou a Série B, Marcelo Cabo pouco era conhecido no futebol brasileiro. Hoje, campeão pelo Atlético-GO, ele superou a campanha do seu amigo-irmão e já começa no contexto da elite do futebol brasileiro. Ele precisará dos ensinamentos de Jorginho e de tudo que aprendeu no livro de Tite.
“Com certeza brigar para ficar na Série A é mais difícil do que conquistar o título da Série B", admitiu à SporTV.
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