Brasileiro brilha a serviço de herdeiro de fortuna de US$ 20 bilhões
O atacante Rafael Ramazotti, de 28 anos, é desconhecido no futebol brasileiro e nunca teve oportunidades em um time grande. O mais perto que chegou disso foi no Palmeiras, clube no qual entrou aos dez anos de idade e passou por todas as categorias até chegar à equipe B, pela qual jogou entre 2005 e 2008.
Mas no pequeno sultanato de Brunei, nação de somente 415 mil habitantes no Sudeste Asiático cuja principal atividade é a exploração de petróleo, o paulista é ídolo e reverenciado até pelo herdeiro de uma fortuna de US$ 20 bilhões (R$ 68 bilhões). Ramazotti atua no Brunei DPMM. O proprietário do clube é o príncipe Al-Muhtadee Billah, filho do sultão Hassanal Bolkiah, segundo monarca mais rico do planeta e dono de uma coleção de 5 mil carros, algo inigualável no mundo.
O jogador chegou ao time em 2015, após passagens por Portugal, Suíça e Japão. Em sua primeira temporada, anotou 21 gols em 27 partidas e terminou como artilheiro e campeão da Liga de Cingapura - o Brunei DPMM joga neste campeonato por não haver uma liga profissional em seu país de origem. Há alguns anos, já disputou o Campeonato da Malásia.
Na liga cingapuriana deste ano voltou a fazer sucesso mesmo com a equipe terminando apenas na terceira colocação. Em 24 partidas, balançou as redes 20 vezes correspondendo à aposta feita pelo treinador escocês Steve Kean, responsável por indicar a sua contratação.
“Eu estava atuando no Japão quando recebi a oferta de ir para o Brunei deste treinador que já esteve na Premier League e é muito respeitado na Escócia. Não tinha ideia de como era o futebol em Cingapura, mas resolvi aceitar. Estou bem feliz em Brunei. É um país bem tranquilo, não tem violência e a parte financeira também compensa”, disse Ramazotti.
“A liga de Cingapura vem se desenvolvendo bastante, há outros estrangeiros jogando. Aos poucos fui percebendo isso”, completou.
O Brunei DPMM é um dos times mais ricos do torneio e tem um estádio com capacidade para receber até 28 mil espectadores.
Ramazotti contou que o príncipe é fanático por futebol – chegou inclusive a atuar como goleiro nos anos iniciais do clube – e tem projetos ousados para torná-lo umas das principais forças da Ásia no futuro. Apesar desta paixão, o herdeiro do trono não tem tanto contato com a equipe. Foram raros os encontros que Ramazotti teve com ele.
“Ele vai a praticamente todos os treinos, mas sempre chega escoltado e com a atividade no meio. Fica assistindo do camarote. O contato mais próximo que tive foi na festa de premiação de melhores do ano do campeonato, quando ele fez questão que sentássemos a sua mesa no jantar”, disse o atacante.
“Ele é muito apaixonado pelo futebol, mas ainda não tem o costume de premiar atletas como fazem os xeques em Dubai e no Qatar, por exemplo”, contou.
Ramazotti tem contrato com o Brunei DPMM até o fim de 2017, mas contou que suas boas atuações já despertaram o interesse de clubes do Brasil e do exterior. Conta ter recebido várias propostas, mas ainda não sabe o que fará.
“Recebi ofertas de clubes do Brasil. Um do Rio e outro que acabou de cair para a Série B. Tem também time de Dubai e de outras partes. Ainda não decidi o que fazer. Mas agora ainda não tenho vontade de retornar ao Brasil. Você fica com um pé atrás, pois no exterior você tem uma estabilidade e segurança muito maior”, disse.
Indiana Jones do futebol?
Ramazotti vive com sua esposa em um condomínio de luxo na capital Bandar Seri Begawan, a maior e mais urbanizada cidade de Brunei, nação cuja maior parte é coberta por florestas.
Por isso, cruzar com animais nas ruas é algo corriqueiro para o brasileiro. Ele se impressionava no começo mas hoje já se diz acostumado com a situação.
“Acontecem algumas coisas engraçadas, como aparecer macaco na sacada, por exemplo. Aí você vai andando na rua e vê capivara, lagarto gigante. Parece uma selva. Me sinto o Indiana Jones (risos)”, brincou o brasileiro.
Apesar de o Brunei ser um país cuja religião oficial é o islamismo, Ramazotti diz que situação é bem tranquila para quem não o segue e não restrições de liberdade.
“Lá eles respeitam todas as pessoas, as mulheres não precisam sair todas cobertas. Então minha esposa também não tem problemas. Ela tem algumas amigas brasileiras e isso também ajuda”, contou.
Jogador foi deixado de lado por Leão no Palmeiras
A vez que Ramazotti ficou mais perto de jogar pelo Palmeiras na época que permaneceu no clube foi em 2005. Quando Paulo Bonamigo era o treinador, chegou a treinar diversas vezes com os profissionais. Mas não teve chance nem de ir para o banco. Porém, naquele mesmo ano Leão chegou ao clube e diante de um elenco inchado mandou diversos atletas irem treinar no CT de Guarulhos.
Ramazotti estava na lista ao lado de outros como o zagueiro Edmilson, o volante Reinaldo e o meia-atacante William.
“Hoje o Palmeiras tem mais espaço para quem vem da base. Na minha época infelizmente não era assim. Não digo que tenho um sentimento ruim em relação ao que aconteceu, mas acho que poderia ter sido melhor aproveitado. Mas eram tempos diferentes. Depois de ir treinar separado, fui para o Palmeiras B e fiquei até 2008. Como vi que não ia ter chance no principal, resolvi deixar o clube”, contou.
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