Criticado, São Paulo quer pagar 13º e parcela de Maicon com verba da Globo
A diretoria do São Paulo tenta aprovar nesta terça-feira (13) à noite, no Conselho Deliberativo, a assinatura de novo contrato com a Globo para a transmissão do Brasileirão em TV aberta a partir de 2019 a fim de honrar compromissos neste fim de ano.
Segundo Adilson Alves Martins, diretor financeiro do clube, se o conselho acatar a proposta, o Tricolor receberá imediatamente luvas e terá direito a uma antecipação. Os valores, que não foram revelados, serão usados, de acordo com o dirigente, para pagar em dia a segunda parte do 13º salário, quitar uma parcela da compra do zagueiro Maicon que vence em dezembro e ajudar a cobrir a folha salarial de janeiro, entre outros compromissos que vencerão em breve.
Caso o contrato seja rejeitado pela maioria dos conselheiros, Adilson afirma que precisará recorrer a empréstimos bancários. Conselheiros contrários à aprovação dizem que a necessidade de antecipar receitas de um futuro contrato de TV mostra que a situação financeira é pior do que a diretoria vinha dizendo ser.
"Por que não podemos discutir o contrato com mais calma? É uma decisão tão relevante que demanda mais envolvimento do Conselho, na análise e no debate do assunto. Até mesmo pelas características de mudança de estatuto do clube e pela proximidade da eleição presidencial [em abril de 2017]. Tem ainda a questão do Profut e inúmeros outros pontos a serem vistos. Compreendemos a situação difícil financeira, mas já foram adiantados os R$ 60 milhões e nos passaram que o momento não era tão crítico assim. Sem radicalismo, queremos discutir o assunto com mais tempo para o bem da instituição", afirmou o conselheiro Júlio Casares.
"Sou independente, meu partido é o São Paulo. Sou contrário a antecipar receitas, vai haver uma nova gestão que precisa ter os recursos no ano que vem. Não devemos antecipar receitas para cobrir o despesas dos atuais", disse Jaime Franco, conselheiro que lidera no conselho um trabalho de comparação da previsão orçamentária e com o resultado final.
"As nossas recomendações são de que vivendo momento de crise e com dificuldade de receitas significativas, o mais importante é segurar os recursos", completou Franco.
Porém, o diretor financeiro discorda. “Já tinha avisado ao conselho que no final do ano precisaríamos buscar em banco dinheiro para cobrir a folha de pagamento. Isso acontece porque em dezembro e janeiro as receitas de todos os clubes diminuem e as despesas aumentam. Não resolvemos em 100% os problemas financeiros que encontramos quando assumimos, mas já melhoramos. Tanto é que devemos terminar o ano com um pequeno superávit ou com despesas e receitas empatadas depois de dois anos com grande déficit”, declarou Adilson.
O dirigente também rechaça a tese da oposição de que a compra de Maicon, que envolveu o pagamento de 6 milhões de euros (R$ 21 milhões), comprometeu as finanças tricolores. “A contratação foi feita dentro do que o clube pode pagar. Só que uma parcela vence em dezembro, e temos dinheiro para receber de vendas de jogadores em janeiro”, alegou o cartola.
Ele também explicou que o dinheiro da Globo seria importante para mudar o perfil do endividamento são-paulino.
“Se assinarmos o contrato, poderemos alongar a dívida. Ou seja, pagar os compromissos mais recentes e deixar um número maior de débitos a longo prazo. Ficaríamos com 70% da dívida a longo prazo e só com 30% vencendo em 2017”, disse Adilson.
Outra polêmica envolvendo o novo acordo com a Globo é a suspeita de que a diretoria quer o dinheiro para gastar em contratações pensando em um time forte para alavancar a campanha de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, à reeleição presidencial em abril do ano que vem. O Profut, lei que refinanciou as dívidas dos clubes, considera gestão temerária antecipações de receitas de gestões futuras se o dinheiro não for usado exclusivamente para diminuir o endividamento e não se limitar a no máximo 30% das receitas do primeiro ano da administração seguinte.
“Se o contrato for aprovado, vamos ‘carimbar’ o dinheiro para os conselheiros terem certeza de que só vamos usar para quitar dívidas. Explicaremos exatamente o que pagaremos. Será tudo feito de acordo com as regras do Profut”, declarou Adilson.
Nesta segunda, novo ponto de discordância entre opositores e a direção surgiu com a convocação de outra reunião do Conselho Deliberativo no próximo dia 20 para a votação de uma suplementação orçamentária. Será pedida uma autorização para despesa maior do que a prevista no orçamento de 2016, o que segundo opositores seria mais um sintoma de gastos excessivos por parte da direção. Por sua vez, o diretor financeiro sustenta que o clube arrecadou mais do que previu, assim o gasto também foi maior do que o planejado. Enquanto é atacado pelos críticos da atual administração, Adilson se queixa de falta de interesse da oposição em conhecer a proposta de novo contrato com a Globo.
“Fiquei à disposição de todos os conselheiros para esclarecer dúvidas. Só três apareceram, dois da situação”, afirmou. Já os conselheiros de oposição retrucam ao alegar que o diretor ficou apenas uma tarde à disposição para mostrar o contrato com a Globo.
Por fim, o valor que o clube deve receber também é motivo de reclamação de alguns conselheiros. O UOL Esporte apurou que as luvas seriam de R$ 20 milhões para a TV aberta. Porém, em fevereiro, o São Paulo havia selado acordo para receber R$ 60 milhões de luvas da TV fechada. A principal alegação para tal diferença de valor é de que no caso do contrato assinado no início deste ano existia concorrência com o Esporte Interativo. Desta vez, apenas a Globo demonstrou interesse nos direitos de transmissão.
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