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Ele causou um Maracanazo ao Fla e preteriu o time para ir pro São Caetano

Divulgação
Imagem: Divulgação

Fábio Aleixo e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

16/12/2016 06h00

30 de junho de 2004. O Santo André vence o Flamengo em pleno Maracanã por 2 a 0 e conquista a Copa do Brasil em um feito histórico. No banco, o responsável por comandar a equipe era Péricles Chamusca, então com 39 anos, que ainda dava seus primeiros passos na carreira de treinador.

Pouco menos de um mês após aquela decisão, encarada como um “Maracanazo”, Chamusca voltaria a dar um duro golpe do Flamengo. E mais uma vez um clube do ABC Paulista que vivia tempos de glória estava envolvido: o São Caetano. O treinador que chegou a ser anunciado pela diretoria do Rubro-Negro como substituto de Abel Braga fez o que para muitos poderia ser considerado uma loucura. Abriu mão para dirigir clube de maior torcida do país para tentar a sorte no Azulão, que havia acabado de demitir Muricy Ramalho e estava na briga pelo título do Campeonato Brasileiro.

“Eu não me arrependo. O São Caetano vivia um momento muito mais favorável, mais organizado e contava com dois, três jogadores por posição. Eu peguei o time em 11º e brigamos pelo título. Mas teve aquela morte do Serginho. Ela não abalou na questão emocional, mas faltando seis rodadas para o fim e com tudo para sermos campeões, pois tínhamos confrontos diretos contra Santos e Atlético-PR, a CBF anunciou que perderíamos 24 pontos pela morte. Aí pronto, matou toda a expectativa. Tínhamos uma pontuação tão alta que ainda assim não caímos”, relembra Chamusca, hoje com 51 anos.

“A proposta do Flamengo veio sem consistência, não tinha tempo de contrato. Já o São Caetano me ofereceu dois anos de contrato, luvas, salários tudo certinho. O São Caetano funcionava igual a relógio, com comissão técnica completa. Foi uma série de coisas que na hora de definir que pesaram. Agora, quem é que não quer ser técnico do Flamengo?”, diz Chamusca.

Péricles Chamusca - Fernando Santos/Folha de S. Paulo - Fernando Santos/Folha de S. Paulo
Imagem: Fernando Santos/Folha de S. Paulo

Na época, o treinador foi muito criticado pela direção do Flamengo pela atitude tomada. O então vice de futebol, Paulo Dantas, ironizou a decisão de Chamusca, um dos técnicos mais cobiçados do momento. Além do título da Copa do Brasil com o Santo André, também havia sido vice-campeão do torneio com o Brasiliense em 2002, após uma decisão polêmica com o Corinthians.

“Ele se mostrou pouco corajoso. Talvez tenha sido até bom não ter aceitado nossa proposta, porque o Flamengo precisa de alguém corajoso, capaz de assumir essa responsabilidade. Acho que ele 'chamuscou'”, afirmou o dirigente.

“Pelas circunstâncias na época, foi uma decisão muito difícil não ter ido ao Flamengo, mas o São Caetano me oferecia um cenário mais favorável para mostrar o meu trabalho”, justifica Chamusca.

Após a passagem pelo São Caetano, encerrada em 2005, dirigiu Goiás e Botafogo, sem sucesso. No clube carioca, foram 13 jogos no comando, com quatro vitórias, dois empates e sete derrotas.

Então resolveu trabalhar no exterior e por quatro anos permaneceu no Oita Trinita, clube pelo qual foi campeão da Copa da Liga Japonesa em 2008. Depois alternou a carreira entre o Brasil, cujo último clube foi o Coritiba em 2013, e o Qatar. Saiu do Oriente Médio na metade do ano. Estava no Al-Gharafa. Saiu de lá na metade do ano e desde então está desempregado. Está se aperfeiçoando para retornar ao mercado em breve. Seu objetivo é obter todas as licenças exigidas pela CBF e clubes internacionais.

“Recebi uma proposta dos Emirados Árabes há três semanas para ir ao Al Dhafra. A primeira coisa que me perguntaram era se eu tinha a licença Pró. Sem ela, você não entra lá. Então, estou fazendo os módulos”, disse Chamusca.

Trabalhar no Brasil só se for em um clube grande, que lhe dê oportunidade de crescimento na carreira.

“Se hoje eu pegasse uma equipe de Série B fatalmente eu estaria dando um passo para trás. Talvez para retomar o mercado aqui seria até interessante porque depois eu ia retomar o mercado conseguindo resultados, mas só que eu ia perder esta fatia que eu já tenho garantida no exterior. O interessante aqui no Brasil é Série A. Mas claro que tem as exceções de times grandes na Série B, como o Vasco, o Bahia”, afirmou.