Ele fez primeiro gol profissional aos 58 anos. E o goleiro era Jailson

Pedro Ribeiro Lima tinha 58 anos quando marcou seu primeiro gol como jogador profissional de futebol, em 2007. Na ocasião, 'Seu Pedro' converteu um pênalti na derrota da Perilima na derrota por 5 a 1 para o Campinense, pela segunda rodada do segundo turno do Campeonato Paraibano. Pela frente, o veterano atacante teve um goleiro que, ainda pouco conhecido na época, se tornaria nacionalmente famoso nove anos mais tarde: Jailson.

Sim, o mesmo goleiro que foi campeão brasileiro em 2016 pelo Palmeiras. Foi em cima de Jailson, então goleiro do Campinense, o primeiro gol de Seu Pedro.

Mesmo diante da fama adquirida nos últimos meses por alcançar um porte de xódo do Palmeiras, clube com mais de 15 milhões de torcedores, Jailson ainda se recorda do 'Seu Pedro'.

O UOL Esporte entrou em contato com o goleiro por intermédio da assessoria do clube campeão brasileiro de 2016. A primeira reação de Jailson foi sorrir com a lembrança peculiar. No entanto, em período de férias após a longa temporada, o goleiro preferiu não falar sobre o assunto.

Seu Pedro é uma das mais folclóricas personagens do futebol do Nordeste. Em 1992, aos 44 anos, o empresário do ramo da panificação fundou a Desportiva Perilima, clube de futebol que leva seu próprio nome. Em 1998, a equipe estreou na segunda divisão do Campeonato Paraibano, tendo Seu Pedro como presidente, técnico e jogador. No ano seguinte, estreou na elite da Paraíba.

A história do presidente-jogador se tornou famosa na Paraíba, no Nordeste e em todo o Brasil. E a epopeia do primeiro gol de Seu Pedro passou a ser acompanhada com carinho por muitos torcedores, inclusive de outras equipes.

E o gol, um dia, aconteceu. Mais exatamente em 28 de março de 2007. Naquela quarta-feira, a Perilima recebeu o Campinense no Estádio Amigão, em Campina Grande (PB), e perdeu por 5 a 1. O gol de honra da Perilima foi marcado justamente por Seu Pedro aos 35 min, da etapa final. Na cobrança de pênalti, a bola saiu rasteira e foi morrer no canto direito do goleiro do Campinense – que, vá lá, não fez muito esforço para defender.

O lance é lembrado ainda hoje com carinho por Seu Pedro. “Meus amigos, os jogadores, pediram para eu bater. Insistiram e eu bati. Quem batia era o (atacante) Nego Pai. Eles pediram. Eu fui lá e conferi. Foi uma glória para mim”, relembrou Seu Pedro, 68 anos, em entrevista por telefone ao UOL Esporte. “A torcida do time adversário me ovacionou. Futebol, você sabe como é. Essas coisas engrandecem e tornam o futebol mais interessante”, completou.

Hoje, Seu Pedro descreve o encontro com as redes – e com Jailson – como “uma lembrança boa”. Entretanto, só recentemente percebeu que aquele goleiro do Campinense era o mesmo goleiro que assumiu a vaga de Fernando Prass no Palmeiras e levou o clube paulista a encerrar um jejum de 22 anos sem títulos no Campeonato Brasileiro.

“Conhecia (Jaílson) assim daqueles momentos de jogo, sabe?”, conta Seu Pedro, famoso fabricante de sordas (uma espécie de biscoito de rapadura) em Campina Grande, que pouco conhecia sua primeira “vítima” na ocasião. “Jogador é assim. A não ser quando são do mesmo clube. Quando é adversário, só se vê no campo”, completa.

Naquele Campeonato Paraibano, a Perilima foi rebaixada como a última colocada do torneio – em 18 jogos, sofreu 17 derrotas. O clube está atualmente licenciado das competições oficiais, mas Seu Pedro segue “batendo uma bolinha”, como ele mesmo diz.

“Quando a gente vai envelhecendo, vai sentindo necessidade de estar ativo. Eu fico buscando sempre bater uma bolinha, uma pelada”, conta o empresário-dirigente-treinador-jogador, que hoje acompanha o desempenho de Jaílson à distância. “A gente fica torcendo para ele cada vez mais. Para a gente é bom também, para o nosso ciclo de conhecimento das coisas”, completa.

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