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Thiago Heleno tenta liberação rara na Fifa para voltar ao Atlético-PR

Zagueiro tenta se desvincular do Deportivo Maldonado, time do futebol uruguaio - JASON SILVA/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
Zagueiro tenta se desvincular do Deportivo Maldonado, time do futebol uruguaio Imagem: JASON SILVA/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL, em Curitiba

05/01/2017 17h42

Destaque da melhor defesa do último Campeonato Brasileiro pelo Atlético-PR, o zagueiro Thiago Heleno teve de deixar o clube rubro-negro e voltar ao Deportivo Maldonado, clube da segunda divisão uruguaia que detém seus direitos desde 2010, após um desacerto entre as diretorias. Mas, aproveitando-se de uma brecha contratual prevista pela Fifa, entrou com um pedido jurídico de “justa causa esportiva” para ficar livre e assinar com outro clube – o Atlético tem prioridade, mas Santos, Fluminense e Atlético-MG, além do turco Besiktas, sondaram o jogador.

Aos 28 anos, Thiago Heleno foi comprado pelo Deportivo Maldonado em 2010 e jamais disputou uma partida pelo clube uruguaio. Mal assinou com a nova equipe e partiu por empréstimo ao Corinthians. Depois, foi emprestado ao Palmeiras, ao Criciúma, ao Figueirense e, por último, ao Atlético-PR. Baseado no artigo 15 do regulamento Fifa de transferências de jogadores, seus representantes entraram com um pedido por rescisão com compensação financeira, a ser obrigatoriamente paga pelo atleta (nunca por outro clube), sob pena de se caracterizar aliciamento.

Diz o artigo: “Um profissional que tenha aparecido em menos de 10% de jogos oficiais do clube na temporada pode terminar seu contrato baseado em justa causa esportiva. Cada caso será analisado individualmente. Em alguns casos, uma compensação poderá ser paga”.

Consultado pela reportagem, o empresário Giba Brasil, que cuida dos interesses de Heleno, confirmou a ação. “Esperamos ter essa definição da Fifa até sexta-feira”, disse. “Tiveram ele por seis anos, não usaram, só emprestaram e não venderam. O Thiago tem 28 anos, é um dos melhores zagueiros do Brasil e não pode ficar preso.”

Brasil admitiu que deve pagar uma compensação, a ser avaliada pela Fifa. O Atlético-PR, através do presidente Luiz Sallim, disse publicamente que aguarda pela definição do caso antes de negociar um novo contrato. “É uma situação complicada, vamos esperar”, disse o dirigente. “Se ele ficar livre, o mínimo que espero é uma proposta de três anos de contrato”, avisou Giba Brasil.

Os direitos de Thiago Heleno estão avaliados em cerca de R$ 7 milhões e não se sabe publicamente qual foi a pedida do Deportivo Maldonado ao Atlético.

Maldonado na mira da Fifa

Clube pequeno do litoral uruguaio, o Deportivo Maldonado está na segunda divisão desde 2005, após ter sido rebaixado no ano anterior. Sua melhor classificação na elite uruguaia foi um 7º lugar em 2002. Ainda assim, ao longo destes anos, vários ótimos jogadores estiveram ligados ao clube - casos do atacante Jonathan Calleri, ex-São Paulo e hoje no West Ham por empréstimo, ou do lateral Alex Sandro, ex-Atlético-PR e Santos, vendido ao Porto pelo Maldonado.

A Fifa está de olho nas movimentações do clube desde 2015, quando proibiu pessoas físicas de terem direitos econômicos de jogadores. O grupo inglês Stellar, ligado à família Arribas, já movimentou cerca de 80 milhões de euros nos últimos sete anos. O Uruguai é conhecido por conceder isenções fiscais a investidores, o que faz com que o clube se torne um ótimo negócio para compra e venda de atletas.

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