Fora da Copa Africana: técnico conta como quase morreu treinando a Nigéria
Alex Iwobi, Victor Moses, Kelechi Iheanacho, Ahmed Musa e Vincent Enyeama são alguns dos jogadores nigerianos que atuam na elite das ligas europeias. A Nigéria é o país mais populoso da África, primeiro campeão olímpico do continente e apaixonado pelo esporte a ponto de superlotar estádios. Mas nem conseguiu se classificar para Copa Africana de Nações, que começou neste mês no Gabão. Como explicar tamanha decepção para uma nação com tanta relevância no futebol?
A resposta está nos bastidores. A safra de jogadores é promissora, mas não se pode dizer o mesmo sobre a gestão do esporte. Eleito em 2014 depois que a Fifa chegou a suspender a Nigéria por irregularidades na federação, o controverso Amaju Pinnick comanda o futebol local em meio a uma série de crises administrativas e financeiras que só aumentam desde então.
Durante a fracassada campanha das eliminatórias para a Copa Africana, foram quatro treinadores diferentes em pouco mais de um ano. Um deles foi Sunday Oliseh, ex-volante que é considerado um herói do futebol nigeriano, campeão olímpico em 1996. Só que a sua experiência como comandante da seleção nigeriana não foi das melhores. Na verdade, foi traumática. E ajuda a explicar o atual momento das “Super Águias”.
Perto da morte
Em julho de 2014, cinco meses após sua saída, Oliseh divulgou um desabafo em seu site oficial justificando o seu pedido de demissão. Revelou ter sofrido uma anomalia misteriosa que o fez perder sete quilos durante os últimos quatro meses como técnico da Nigéria. E que, se não fosse diagnosticado a tempo, poderia sofrer um colapso fatal. Ficou revoltado com a falta de assistência da federação nigeriana e também com a postura da imprensa local, que abafou o caso. Só encontrou tratamento adequado depois de ser internado em uma clínica na Alemanha. Ele não especificou qual foi a doença, e surgiram rumores no país de que teria sido vítima de um tipo de bruxaria.
Fuga dos astros
No mesmo desabafo, Oliseh revelou que tentou se aproximar de três jogadores experientes que elegeria como líderes da seleção nigeriana: Vincent Enyeama, Victor Moses e John Obi Mikel – o último nunca atendeu suas ligações. Moses avisou que não queria se comprometer com a seleção no momento por medo de se lesionar, já que sua prioridade era o Chelsea. Enyeama foi o único que mostrou boa vontade a princípio. Mas, um dia antes da estreia de Oliseh como técnico, o goleiro avisou que não poderia se apresentar. Carl Ikeme, do Wolverhampton, assumiu a meta às pressas e acabou sendo eleito o melhor em campo no empate contra a Tanzânia.
Tentativa de sequestro
O presidente da federação, Amaju Pinnick, apresentou Oliseh como o "Guardiola africano" e anunciou seis meses de salário adiantado para toda sua comissão. Só que ele não recebeu. Pelo contrário: sofreria com salários atrasados durante todo o tempo em que foi técnico da seleção. Para piorar, sequestradores acharam que ele estava rico e tentaram raptar um parente. Por sorte, ninguém estava presente quando a casa foi invadida.
“Em toda minha vida, nunca me senti tão profundamente traído, injustamente tratado, fragilizado, tanta ingratidão e medo do que quando eu fui técnico da seleção da Nigéria. Tudo porque eu me neguei a ser corrupto e escolhi fazer coisas corretas, honestas e profissionais para o benefício do meu país”, resumiu Oliseh. Depois dele, a seleção nigeriana passou pelas mãos de Samson Siasia, Salisu Yusuf e do alemão Gernot Rohr. Nenhum deles conseguiu evitar o vexame de ficar fora da Copa Africana de Nações.
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