Mãe de Danilo faz maratona para receber visitas e bloqueia fãs insistentes
Dona Ilaídes se tornou um símbolo de resiliência após perder o filho, o goleiro Danilo, na tragédia do voo da Chapecoense. Com toda a sua força, ela chegou a consolar um repórter ao vivo e conquistou o Brasil. Até hoje, ela é procurada por milhares de pessoas que diariamente querem dar uma prova de solidariedade e encara uma maratona de visitas na própria casa para atender todas as visitas.
A mãe de Danilo se tornou uma atração na pequena Cianorte, cidade de cerca de 76 mil habitantes no interior do Paraná. Tirou férias depois do acidente e ainda está longe de ter uma rotina normal. Ela passa boa parte do seu tempo atendendo as pessoas que vão à sua casa. Além de parentes, recebe amigos de outras cidades e até pessoas que ela nem conhece.
Não à toa, a rotina tem sido intensa. Por volta de 7h os primeiros amigos já começam a chegar para tomar café da manhã e ficam por 2 a 3h. Logo depois vem a turma do almoço. O último só vai embora depois de meia noite ou até 1h da manhã.
"Outro dia eu tive que acordei às 6h para lavar roupa e limpar a geladeira. Se eu acordasse mais tarde, não daria tempo nem de tomar banho. Pouco depois já chegou uma amiga. Eu falei: ‘me acompanha aqui senão não termino o serviço’. Em dezembro e janeiro veio muita gente de fora que não conheço. Por exemplo, vieram cinco pessoas do prédio que eu trabalho que se mudaram para Londrina há quatro anos. Veio um rapaz de Londrina que é fã do Danilo. No fim de semana veio a Letícia (viúva de Danilo). Não para".
Com tantas visitas, Dona Ilaídes já ganhou diversos presentes. São desenhos, quadros e camisetas com imagens de Danilo, livros, poesias, flores, objetos religiosos como terços e imagens de Nossa Senhora Aparecida. Todas as lembranças ela guarda carinhosamente no quarto que virou uma espécie de memorial para o filho. É lá que ela vai sempre que precisa recarregar as energias e buscar forças para lidar com o sofrimento.
A maratona só faz bem para a mãe de Danilo. É uma forma de ocupar o tempo e acaba se tornando um conforto diante da dura realidade. “A saudade é grande, não tem nada que traga o meu filho de volta, mas tenho que continuar. E cada vez que pego o celular, tem um monte de mensagens que não consigo ler. Está todo mundo em oração. Eu virei a mãezona de todos eles. Eles me tratam igual mãe: ‘bença, mãe’. Eu fico imaginando se não tivesse com quem compartilhar. Na verdade, ainda não consegui ficar sozinha nesses dois meses. Eu não saberia viver se não tivesse esse apoio”, disse.
Nas redes sociais, a procura é ainda maior. Ela conta que a cada dia surgem 500 novas mensagens nas redes sociais. Apenas no Facebook ela tem 5 mil solicitações a serem respondidas. No período do fim do ano, outras 5 mil pessoas enviaram mensagem de Feliz Natal e mais 5 mil de Ano Novo. São pessoas de vários locais do mundo entrando em contato. Tem italianos, argentinos, paraguaios, colombianos, espanhóis.
Apesar de gostar do carinho, ela tem seus momentos de cansaço. Ilaídes chegou a bloquear algumas pessoas que se tornaram muito insistentes ainda que bem-intencionadas.
“Não consigo responder todo mundo. Tive que bloquear algumas pessoas que são repetitivas. Eu tenho dó de não responder, mas tem gente que fica perturbando com a mesma pergunta toda hora. Se quiser conversar sobre outro assunto, eu quero. Eu sou bem prática, respondo duas, três vezes. Mas tem 5 mil pessoas querendo saber a mesma coisa”.
“Tem algumas me chamam o dia inteiro. ‘Dona Ilaídes’. Eu digo: ‘Olá, que foi?’. ‘Dona Ilaídes, quero ser sua amiga’. ‘Mas já sou sua amiga’. ‘Quero dar um abraço na senhora’. ‘Então vem aqui me dar um abraço’. ‘Mas eu moro longe’. ‘E o que você que eu faça?’. ‘Dona Ilaídes, a senhora está bem?’. ‘Não, estou com saudades’", conta ela sobre os diálogos de forma bem-humorada.
Mesmo com todo o burburinho e o sofrimento ainda latente, dona Ilaídes tenta voltar a vida normal. Ela voltou a trabalhar neste mês na rádio Cianorte onde realiza cobranças pela cidade.
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