Barça de Luís Enrique supera números de Guardiola, mas é inferior
O técnico Luís Enrique vive sua pior fase desde que assumiu o time catalão. Os 4 a 0 para o PSG na Liga dos Campeões deixaram evidentes os problemas da equipe de Messi, Suárez e Neymar. A imprensa espanhola já dá como certa a saída do treinador ao fim da temporada. Mas será que o trabalho é, realmente, ruim?
Superior a Guardiola
Existem duas maneiras de olhar para a situação. Na frieza dos números, por exemplo, ele supera Pep Guardiola. Isso mesmo. No último domingo, o comentarista esportivo e estatístico Alexis Martín-Tamayo, o Mister Chip, publicou que nas primeiras 162 partidas no comando, o Barcelona de Luís Enrique venceu 123 vezes e marcou 457 gols. Guardiola, nas mesmas 162 partidas iniciais, venceu apenas 118 jogos, com 411 gols a favor.
Em títulos, a disputa também é acirrada. Em suas três primeiras temporadas no clube catalão, Guardiola conquistou 11 títulos. Foram duas Ligas dos Campeões, um Mundial da Fifa, três Campeonatos Espanhóis, uma Copa do Rei, duas Supercopas Espanholas e duas Supercopas da Uefa.
O atual técnico do Barcelona está em sua terceira temporada com o Barça e pode chegar a 10 títulos. Ele já soma sete, com dois Espanhpois, uma Liga dos Campeões, um Mundial da Fifa, duas Copas do Rei e uma Supercopa da Uefa. A Liga dos Campeões é uma possibilidade remota, mas o time ainda não foi eliminado. Mas no Campeonato Espanhol o time pode virar líder no domingo com uma vitória sobre o Atlético de Madri e está na decisão da Copa do Rei contra o Alavés.
Sai posse de bola, chega ligação-direta com MSN
Nada disso, porém, apaga a maneira como o time está jogando. E aí, sim, Luís Enrique não tem tantas coisas para se orgulhar. Guardiola assumiu um Barcelona em crise, após o terceiro lugar no Espanhol em 2008 e revolucionou o clube. Não foram apenas os três títulos seguidos no Espanhol ou as das duas conquistas da Liga dos Campeões.
O estilo de jogou mudou a forma como o futebol é pensado em todo o planeta, com obsessão pela posse bola e um dos trios de meio-campistas mais celebrados da história. Busquets, Xavi e Iniesta ditaram o ritmo de jogo até que o trio foi desfeito, em 2015, com a saída de Xavi para o futebol do Qatar.
Luís Enrique, por sua vez, assumiu o Barça após a passagem de Tata Martino. É verdade que com o técnico argentino o Barcelona só conquistou uma taça, a Supercopa Espanhola, mas a base da equipe vencedora, montada por Guardiola e mantida pelos seus sucessores, continuava ali. Se Guardiola mudou todo o Barça, Luís Enrique só precisava aprimorar. O que ele fez, porém, foi mudar o estilo, mais uma vez.
Com o atual comandante, o Barcelona se tornou um time muito mais direto, sem a obsessão com a posse de bola ou com o ritmo ditado pelos meio-campistas. O time de Luís Enrique joga em função do trio MSN e o objetivo é colocar a bola nos pés de Messi, Suárez e Neymar o mais rápido possível.
A fase física ruim de Iniesta e fase técnica inconstante de Busquets nessa temporada apenas acentuaram essa tendência. Mas os problemas de relacionamento com Rakitic e as apostas erradas nas janelas de contratações também ajudaram. O português André Gomes e o espanhol Denis Suárez não conseguiram dar profundidade ao meio-campo do Barcelona.
Até mesmo um brasileiro pode ser usado para explicar o que acontece no Barcelona. Quando Daniel Alves ainda estava por lá, mesmo com a nova filosofia, existia um desafogo no meio-campo para a transição defesa-ataque. Com o veterano, o segundo toque, aquele que faz a bola chegar aos atacantes, tinha uma alternativa lateral. Com Sergi Roberto, improvisado e pressionado por más-atuações, isso não acontece.
Isso não quer, dizer, porém, que Luís Enrique falhou no Barcelona. Em suas duas primeiras temporadas, ele conseguiu mostrar que suas ideias podem ter sucesso. O problema é que a tendência é que seu estilo afaste o Barcelona da ideia que é pregada em La Masia, onde são formadas as categorias de base do clube. Some isso ao fracasso na Liga dos Campeões e você entenderá uma possível saída de Luís Enrique ao final da temporada.
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