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Principal patrocinador defende Bruno no Boa e diz que acerto ajudará marca

Goleiro Bruno acerta por 2 anos com o Boa Esporte e volta ao futebol: de volta após 7 anos preso e sem jogar. - Divulgação
Goleiro Bruno acerta por 2 anos com o Boa Esporte e volta ao futebol: de volta após 7 anos preso e sem jogar. Imagem: Divulgação

Aiuri Rebello

Do UOL, em São Paulo

12/03/2017 04h00

O empresário Rafael Gois Silva Xavier, dono do grupo que é o principal patrocinador do Boa Esporte, não viu problema quando os dirigentes do clube o procuraram para avisar que estavam pensando em fazer uma oferta para o goleiro Bruno, que deixou a cadeia pouco antes do Carnaval e condenado em primeira instância pela morte da amante e mãe de seu filho, Eliza Samúdio, desaparecida em 2010.

Bruno é acusado junto a comparsas de, além do assassinato, ter sumido com o corpo da vítima, que nunca foi encontrado, mas responde em liberdade enquanto aguarda julgamento do recurso. O ex-goleiro do Flamengo estava preso preventivamente desde 2010 e foi solto pelo Supremo Tribunal Federal em razão da demora para a apreciação pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais do recurso da condenação em primeira instância em 2013, cuja sentença foi de 22 anos e 3 meses. 

A repercussão da contratação de Bruno foi negativa nas redes sociais. A página do Facebook do Boa já foi alvo de "vomitaço" e os próprios parceiros comerciais já são pressionados em razão do retorno do goleiro ao futebol. Um dos patrocinadores menores, porém, optou pela saída na noite do último sábado.

"Quando o pessoal do time me ligou, apoiei a decisão", diz Xavier, dono do Grupo Gois e Silva, que controla diversas empresas em várias áreas e cuja marca possui o maior destaque na camisa do Boa Esporte. "Algumas pessoas já me questionaram sobre isso, mas entendo que nossa marca patrocina o time, e não o atleta. E, como goleiro, o Bruno sempre foi um excelente profissional", afirma o empresário.

"Ele foi condenado, cumpriu a pena dele (SIC) e foi solto por decisão do STF, não fugiu da cadeia ou se furtou a nada. Ele merece uma oportunidade", acredita Xavier. Ele afirma que não teme uma repercussão negativa para os negócios por patrocinar um clube que contrata um acusado de homicídio. "Pelo contrário, acredito que vai colocar em evidência o time e, assim, a marca", diz. O empresário não abre o valor o patrocínio ao Boa, mas afirma que está disposto a aumentar o aporte se o clube precisar.

Principal patrocinador na camisa do Boa, o Grupo Gois e Silva tem uma rede de consultórios odontológicos, uma indústria de fabricação e importação de tabaco, empreendimentos imobiliários e corretora financeira, entre muitos outros negócios.

A origem do grupo milionário fica em São Gonçalo do Sapucaí, pequena cidade no interior de Minas Gerais com cerca de 25 mil habitantes. Aos 36 anos e com o Ensino Fundamental incompleto, Xavier foi candidato a prefeito da cidade mineira pelo PRB, mas teve a candidatura indeferida. Ele declarou patrimônio de R$ 188 milhões ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Foi um dos candidatos mais ricos do Brasil.

No início do ano, a Polícia Civil de Minas Gerais fez uma operação nas empresas do Grupo Gois e Silva. Xavier é investigado por estelionato, organização criminosa e falsificação de documentos. O inquérito segue aberto. "Isso aí foi uma jogada política de adversários nossos na cidade", afirma o empresário. "Nunca fui nem chamado para depor. Nossa defesa vai entrar com um processo contra a polícia mineira por esse absurdo. Não temos envolvimento nenhum nas coisas que são apuradas nesse inquérito", afirma Xavier.

Repercussão nas redes sociais é negativa

Um dos patrocinadores, a empresa de suplementos alimentares Nutrends não suportou a pressão e optou em cancelar o patrocínio com o Boa. 

Outra marca que patrocina o time, a empresa de materiais esportivos Kanxa, ainda não se pronunciou pela contratação polêmica. As três patrocinadoras, assim como o próprio Boa, foram alvo de diversas críticas nas redes sociais depois do anúncio da contratação.