Presidente do Boa diz que não está "cometendo crime" ao contratar Bruno
Rone Moraes da Costa, presidente do Boa Esporte, usou a página do clube para divulgar uma carta sobre a polêmica contratação do goleiro Bruno. O dirigente ressaltou que o time da Série B não está cometendo um crime com o reforço, que foi condenado a 22 anos de prisão pelo assassinato da amante e mão do filho, Eliza Samudio, em 2010. Bruno deixou a cadeia antes do carnaval para aguardar recurso em liberdade após uma decisão do STF (Superior Tribunal Federal).
“O Boa Esporte Clube não esta cometendo nenhum crime conforme a legislação Brasileira e perante a lei de Deus”, disse. O presidente ainda informou que o clube em momento algum foi responsável pela liberdade do goleiro. "Faz parte da obrigação social da empresa, da sociedade em cooperar com a recuperação de um ser humano", afirma a nota em outro trecho.
Antes, o principal patrocinador do time já havia tomado posição a favor da contratação de Bruno, e defendeu uma segunda chance para o goleiro. "Quando o pessoal do time me ligou, apoiei a decisão", diz Xavier, dono do Grupo Gois e Silva, que controla diversas empresas em várias áreas e cuja marca possui o maior destaque na camisa do Boa Esporte.
"Algumas pessoas já me questionaram sobre isso, mas entendo que nossa marca patrocina o time, e não o atleta. E, como goleiro, o Bruno sempre foi um excelente profissional", afirma o empresário.
Bruno é acusado junto a comparsas de, além do assassinato, ter sumido com o corpo da vítima, que nunca foi encontrado, mas responde em liberdade enquanto aguarda julgamento do recurso. O ex-goleiro do Flamengo estava preso preventivamente desde 2010 e foi solto pelo Supremo Tribunal Federal em razão da demora para a apreciação pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais do recurso da condenação em primeira instância em 2013, cuja sentença foi de 22 anos e 3 meses.
A repercussão da contratação de Bruno foi negativa nas redes sociais. A página do Facebook do Boa já foi alvo de "vomitaço" e os próprios parceiros comerciais já são pressionados em razão do retorno do goleiro ao futebol. Um dos patrocinadores menores, porém, optou pela saída na noite de sábado (11).
Veja a nota do presidente do Boa Esporte na íntegra:
O Boa Esporte clube. Equipe de futebol profissional em Minas Gerais, clube reconhecido nacionalmente, sendo campeão Brasileiro da Série C.
Convive nos últimos dias com uma avalanche de comentários nas redes sociais após noticia da contratação do atleta Bruno.
A cidade de Varginha que é conhecida pela possível aparição de um extraterrestre (ET) convive com a notícia da contratação do atleta Bruno.
A regra legal brasileira é a que todos, inclusive os criminosos mais perigosos, sejam submetidos a um julgamento honesto, imparcial e que a lei seja o fundamento da punição. Por sua vez, quando pensamos na aplicação da lei, certo ou não, suficiente o bastante ou não, justa o suficiente para o caso ou não, o que não podemos deixar de entender é determinado pelo cumprimento da lei. As consequências do erro humano possuem fundamentos de pena corporal. A lei dos homens indica a aplicação de penas variáveis de acordo de uma série de crenças, costumes e ideologias.
No Brasil os criminosos serão apenados com a prisão e, via de regras, colocados em liberdade, deve ser orientado, acompanhado e, não menos, pelo caminho de Deus.
Com certeza um dos motivos da evolução da pena que ela não seja transferida para outras pessoas, que seja pessoal, que não seja definida pela lei do Talião (olho por olho, dente por dente).
O tão procurado estado democrático de direito, a sociedade justa e fiel, a vida em sociedade, segundo critérios civilizados indicam de longa data que o criminoso colocado em liberdade deve ter atenção do estado, atenção suficiente para que possa restabelecer uma vida em sociedade. E ninguém pode negar que não existe vida em sociedade mais digna vida no trabalho. Quem nunca ouviu: o trabalho dignifica o homem? Então o argumento seria asqueroso, nojento ou imoral (a contratação do atleta Bruno), antes de mais nada, legalmente, faz parte da obrigação social da empresa, da sociedade em cooperar com a recuperação de um ser humano. Aqui não se condena a morte ou prisão perpetua. Enquanto isso não refletir a regra legal, a regra é que o egresso, o criminoso colocado em liberdade, possa obter meios de viver em sociedade, trabalhando e procurando dignidade em sua vida.
Onde estaria a contribuição de uma empresa esportiva quando cumpre a lei? Diante desses argumentos podemos afirmar que o Boa Esporte Clube não foi o responsável pela soltura e liberdade do atleta Bruno, mas o clube e sua equipe, enquanto empresa e representada por seres humanos, dotada de justiça e legalidade, podem dizer que tentam fazer justiça ajudando um ser humano, mais, cumprem a legalidade dando trabalho a quem pretende se recuperar.
O Boa Esporte Clube não esta cometendo nenhum crime conforme a legislação Brasileira e perante a lei de Deus.
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