Grupo de Nobre promete paz no Palmeiras, mas impõe condições
A nova oposição do Palmeiras promete não reconstituir o clima de guerra que marca a história política do clube. É o que dizem os membros do grupo de Paulo Nobre, que passou de base política à líder do principal grupo de opositores dois meses após deixar o comando do clube.
Vale destacar, no entanto, que o ex-presidente centraliza as pessoas apenas como figura política e não comandando as ações. Afastado do clube desde que deixou a presidência, ele aproveita o tempo livre que agora tem com seu principal hobby: os ralis.
A bandeira de paz é hasteada pelos nobristas com base na aposta que Maurício Galiotte, atual presidente, manterá a estrutura profissional do clube e continuará com boa parte das políticas adotadas pela gestão anterior.
"Se ele usar o que o Nobre deixou, o sistema vai para frente sozinho. Ele também participou disso como vice nos últimos anos e sabe o que é que garante o futuro do Palmeiras", disse um dos conselheiros ouvidos pela reportagem que não quis se identificar.
A instauração do software da SAP, que informatizou e integrou os diversos departamentos da instituição, e a profissionalização do futebol, do marketing e do jurídico são o que eles consideram a base para que o clube continue saudável.
Mexer com isso significará o fim da paz política. Para os nobristas, é importante que práticas retrógradas que dão muito poder ao conselheiro em detrimento do profissional não sejam adotadas novamente.
É o que quer Mustafá Contursi, ex-presidente e membro mais influente do Conselho alviverde. Ele não esconde que acha a profissionalização um erro e pressiona Galiotte por isso. Em entrevista à Folha de S. Paulo, inclusive, disse que o marketing palmeirense é inútil.
Outro ponto-chave que será observado de perto pela oposição é a influência de Leila Pereira, presidente da Crefisa, na vida política do clube. Contrários ao que chamam de "estupro ao estatuto", os nobristas reconhecem a importância do aporte financeiro, mas dizem que a entrada dela no Conselho poderia ter seguido outro rumo.
"Estudamos e propusemos a criação de um cargo de conselheiro para patrocinadores. Ela participaria normalmente da vida política, mas não como um conselheiro que cumpriu outros requisitos que ela não tem, como o tempo de clube", explicou outro importante diretor da gestão Nobre.
Depois de definida a diretoria por Galiotte, ficou claro que os que seguiram ao lado do ex-presidente na hora de votar contra a candidatura ao Conselho de Leila Pereira estão afastados das decisões políticas.
Até mesmo os três vices que votaram contra a presença da patrocinadora na vida política do clube terão poucas atribuições no dia a dia. As salas de Genaro Marino, Victor Fruges e José Carlos Tomaselli, inclusive, trocaram de lugar no prédio administrativo do Palestra Itália. Antes vizinhos do presidente, eles tiveram o escritório transferido de local para que o presidente do Conselho, Seraphim Del Grande, ficasse mais perto da sala de Galiotte.
O que também balançou o relacionamento entre os grupos foi o afastamento de nomes importantes para a vitória na arbitragem contra a WTorre. Guilherme Pereira e Ricardo Galassi não são mais diretores e serão substituídos por outros conselheiros na briga com a construtora. Apenas dois nomes da diretoria anterior continuaram: Alexandre Zanotta e Domingos Ciarlariello.
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