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CVM investiga fundo da Arena Corinthians em sigilo

Eduardo Ohata e Ricardo Perrone

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/04/2017 04h00

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) mantém desde o ano passado um processo administrativo para apurar se o Arena Fundo de Investimento Imobiliário, responsável pela Arena Corinthians, cometeu irregularidades na gestão. Porém, as supostas falhas e o andamento das investigações têm sido mantidos em sigilo pelo órgão.

Em fevereiro, o UOL Esporte indagou ao órgão sobre o que estava sendo investigado e recebeu como resposta o número do processo e a informação de que se existirem infratores eles poderão ser punidos. Nenhum detalhe foi dado e o processo não foi disponibilizado no site da CVM.

A reportagem, então, fez um pedido de vistas para ter acesso ao processo. Na última segunda, chegou a resposta de que a solicitação foi indeferida. Assim, a investigação continua sob sigilo.

Em notificação extrajudicial enviada por Rodrigo Cavalcante como representante do BRL Trust, então administrador do fundo, em 9 de fevereiro para a Omni anunciando a decisão de rescindir o contrato de exploração do estacionamento da arena, está escrito que notícias sobre uma multa aplicada pela prefeitura à empresa chamaram a atenção da CVM. Isso na opinião do fundo daria motivo para o contrato ser rescindido, mas a parceira não concordou.

No início de abril, a BRL Trust anunciou aos membros do fundo (Corinthians e Odebrecht) sua decisão de deixar a administração dele.

Em março, a reportagem apurou, o conselheiro Romeu Tuma Jr. encaminhou denúncia à CVM apontando fraude na ata da reunião dos fundo datada de 5 de fevereiro de 2015. Segundo a denúncia, o presidente corintiano, Roberto de Andrade, teria assinado contrato entre o fundo e a BRL Trust no dia 5 de fevereiro de 2015, antes de tomar posse como mandatário. Além disso, segundo a denúncia, fizeram constar na ata, contrato de estacionamento que nunca existiu.

Conselheiros protocolaram nova denúncia na CVM, nesta quarta-feira, sobre nova fraude ocorrida em ata de reunião do fundo, desta vez referente a 13 de abril de 2017, alegando que retificaram a data de 5 de fevereiro de 2015 para quatro dias depois, quando Roberto de Andrade já assumira a presidência.

A reportagem tentou entrar em contato por telefone e enviou mensagem para Rodrigo Cavalcante, que não retornou o pedido de resposta até a publicação desta matéria.