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Destaque do Botafogo passou 5 anos andando 5km/dia por falta de grana

Airton virou uma das referências do Botafogo após superar dificuldades no início da carreira - Vitor Silva/SSPress/Botafogo
Airton virou uma das referências do Botafogo após superar dificuldades no início da carreira Imagem: Vitor Silva/SSPress/Botafogo

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

26/04/2017 04h00

Airton não exageraria se dissesse que "andou muito para chegar onde está". Destaque do Botafogo, o volante é mais um jogador a contar histórias de superação em sua trajetória de vida profissional. Nascido e criado em Austin, na Baixada Fluminense, ele começou a carreira no Nova Iguaçu e não tinha dinheiro para pagar duas viagens de ônibus até os treinos. Para não deixar o sonho de lado, topou andar 5 km por dia, ao longo de cinco anos, para não ter de abandonar o futebol. 

“Sou da Baixada, de uma família humilde, que passa por muito sacrifício e luta para conseguir as coisas. Eu disputava os campeonatos em Austin e um primo conhecia o pessoal do Nova Iguaçu e me levou para fazer teste. Passei e fiquei por lá, onde fiz toda minha base”, disse Airton ao UOL Esporte, relembrando que a rotina só acabou quando ele despertou o interesse do Flamengo. 

“Eu morava longe do centro de treinamento do Nova Iguaçu. Precisava de pelo menos duas viagens de ônibus para chegar lá, mas só tinha dinheiro para uma passagem. Para treinar, tinha de andar 5km por dia até chegar ao ponto para pegar o ônibus. Depois, tinha de andar mais um pouco para chegar no clube e começar a treinar. Era muito chão, tinha de andar muito. Sacrifício, né? Meus pais são humildes e precisamos da ajuda da família. Foram quase cinco anos fazendo isso”, completou o volante do Botafogo.

Tamanho sacrifício fez com que a mãe de Airton, Silvana, se preocupasse. Chegou a perguntar ao filho se ele não queria desistir. Apesar da pouca idade, ainda com 13 anos, ele diz não ter pensado duas vezes. 

“Minha mãe via o sacrifício que era para treinar. Não tinha dinheiro para o lanche. Meu pai fazia de tudo para me dar uma chuteira melhorzinha. Lembro até hoje do dia que minha mãe me perguntou se eu queria desistir. Ela via o sofrimento que eu passava todos os dias. Mas eu disse que tinha um objetivo de ser profissional. Hoje graças a Deus consegui dar alegria para minha família”, afirmou.

“É a realização do meu sonho, mas também de toda minha família. Sonho de tios meus que não conseguiram realizar porque pararam para trabalhar. Hoje virei profissional e estou muito feliz de dar essa vida para eles”, completou Airton.

Nova Iguaçu, Flamengo, Benfica-POR, Internacional e, agora, Botafogo. As dificuldades ficaram no passado e hoje Airton é uma das referências do Alvinegro. O contrato do jogador se encerra em dezembro, mas as conversas pela renovação estão em andamento e o volante não esconde o otimismo pelo acerto.

“Situação está bem encaminhada. Botafogo procurou meu empresário, fez uma proposta e fiz uma contraproposta. Estamos próximo de um acerto. Uma pequena diferença de salário. Estou confiante que vamos entrar em acordo e fico por mais dois ou três anos. Vivo um bom momento desde o ano passado. Clube e torcida me abraçaram. Espero continuar. Quero ficar e sei que vai ter um final feliz”, finalizou.