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Coadjuvante do milésimo hoje é taxista e revela que Romário era "pão-duro"

Thiago Maciel, hoje aos 34 anos, foi coadjuvante no milésimo gol de Romário - Arquivo Pessoal
Thiago Maciel, hoje aos 34 anos, foi coadjuvante no milésimo gol de Romário Imagem: Arquivo Pessoal

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

20/05/2017 04h00

Quem nunca ouviu histórias, duvidosas ou não, de taxistas? Se você for morador do Rio de Janeiro e por ventura escutar um motorista chamado Thiago dizer que ajudou Romário a marcar seu milésimo gol, não desconfie: o fato é verídico.

Thiago Maciel Santiago, o Thiago Maciel, hoje com 34 anos, era o lateral direito do Vasco naquele fatídico 20 de maio de 2007. O Cruzmaltino enfrentava o Sport pelo Campeonato Brasileiro e Romário, até então, somava 999 gols na carreira. Com 1 minuto do segundo tempo, ele recebeu em profundidade de Abedi e foi à linha de fundo. Após um cruzamento à meia-altura, a bola bateu na mão do zagueiro Durval e o árbitro assinalou o pênalti que entraria para a história.

Hoje com as chuteiras penduradas e exercendo a função de taxista, ele admite que não tinha noção da importância da participação no feito que neste sábado completa dez anos.

“Ao longo dos anos que você vai caindo na real. Volta e meia tem um vascaíno que me para na rua e fala: ‘E aí, meu lateral do milésimo!’. Um fato marcante desse, com um jogador como esse, é realmente muito gratificante. Eu parei há três anos e é sempre bom ser lembrado por essa jogada. Romário é um gênio mesmo”, declarou ao UOL Esporte.

No dia a dia nas ruas do Rio, Thiago Maciel revela que já passou por situações engraçadas com passageiros que o reconheciam.

“Com essa onda de violência, você fica sempre desconfiado. Um dia um passageiro sentou na frente e ficou me olhando direto. Aí você fica meio assim, ‘né’? Aí o cara olhava para o meu cartão, me olhava, olhava para o cartão de novo... Quando foi pagar, perguntou: ‘Tu jogou no Vasco? Você é o lateral que participou do gol mil!’ [risos]. Eu tinha ficado assustado, mas depois ele disse que era vascaíno, que estava um pouco afastado, mas lembrou de alguns jogos meus que eu nem lembrava”, se divertiu.

Romário ‘pão-duro’

Extrovertido, Thiago Maciel revelou que Romário, mesmo já abastado naquela época, costumava ser “mão fechada”. O ex-lateral relembra que somente após o milésimo gol o Baixinho resolveu “abrir o bolso” para o pessoal.

“Vou te falar. Eu fiquei no Vasco de 2004 a 2007. No começo os caras falavam que o homem não pagava nem café. A primeira vez que ele colocou a mão no bolso foi na confraternização para a rapaziada na semana seguinte ao milésimo. Pagou um churrasco. Foi a primeira vez que ele abriu a mão (risos)”, disse.

O taxista destacou também que não encontrou mais Romário depois que se aposentou. Recentemente, o ex-meia Abedi criou um grupo de Whatsapp para reunir o elenco daquela época, só que o Baixinho não durou muito tempo nele.

“Ele entrou rapidinho e saiu. Até comentamos: ‘Cara, Baixola tá na perna [gíria de boleiro para dizer que a pessoa está marrenta]. Demos moral na época do milésimo e o cara não está nem aí para a gente [risos]”.

Apesar das brincadeiras, Thiago Maciel, que é irmão do volante Ygor, ex-Vasco, Fluminense e Internacional, guarda com carinho o momento mais marcante de sua carreira. A camisa do jogo, por exemplo, ele deu para seu pai, que a colocou num quadro e enfeitou a casa da família, em Santana do Livramento (RS).

“É o tipo de feito que irei sempre contar para meus filhos e netos”, ressaltou.

Revelado pelo Vasco, Thiago Maciel permaneceu em São Januário por quatro anos e depois se tornou um andarilho da bola, passando por clubes como Alania (RUS), Bahia, Juventude, Macaé, Volta Redonda, América (RJ), entre outros, até se aposentar em 2014 pelo CSE (AL). No início deste ano ele venceu uma batalha na Justiça com o Cruzmaltino onde ganhou o direito de receber cerca de R$ 1,5 milhão.