Após R$ 3 bilhões em aditivos, nove estádios da Copa caíram na Lava Jato
A construção das arenas da Copa do Mundo de 2014 sempre foi cercada de suspeitas de corrupção, sentimento que cresceu com o aumento dos custos dos estádios em R$ 3 bilhões. Quase três anos após o início do Mundial, as investigações da Operação Lava Jato têm trazido luz e comprovado boa parte destas suspeitas, com nove arenas aparecendo nas delações premiadas.
Na Arena Pantanal também há investigação, mas ela ocorre fora da operação da PF (Polícia Federal). Abaixo, um panorama das acusações contra a construção dos estádios que sediaram a Copa de 2014.
Maracanã
Valor inicial: R$ 600 milhões
Valor final: R$ 1,05 bilhão
Investigados: O ex-governador do Rio Sergio Cabral (PMDB), integrantes do Tribunal de Contas do Estado e as empreiteiras Andrade Gutierrez e Odebrecht.
Denúncia: Pagamento de propina de 5% do valor da obra a Sergio Cabral, ex-governador do Rio. O Tribunal de Contas do Estado também teria cobrado para aprovar a concessão do estádio.
Arena Corinthians
Valor inicial: R$ 240 milhões
Valor final: R$ 820 milhões
Investigados: Os deputados do PT Andrés Sanchez (ex-presidente do Corinthians) e Vicente Cândido (diretor da CBF), além da Odebrecht.
Denúncia: A Odebrecht entregou planilhas relatando pagamento de R$ 500 mil ao cartola corintiano e R$ 50 mil ao dirigente da CBF.
Mineirão
Valor inicial: R$ 426,1 milhões
Valor final: R$ 695 milhões
Investigados: Fernando Pimentel (PT), governador de Minas Gerais, JBS e HAP Construtora.
Denúncia: Pimentel é acusado de pedir para a JBS comprar uma porcentagem do estádio por R$ 30 milhões. A HAP Construtora, uma das empresas que faz parte do consórcio da Minas Arena foi citada na delação de Joesley Batista como parte do esquema montado por Pimentel. No depoimento, Joesley disse que deu o dinheiro pedido por Pimentel em troca de 3% do Mineirão que pertencia a HAP.
As outras duas empresas que fazem parte do consórcio da Minas Arena, Construcap e a Egesa, são acusadas pelo MPF (MInistério Público Federal) de fazer parte de esquemas criminosos investigados no âmbito da Operação Lava Jato, porém sem ligação direta com o Mineirão. As empresas que fazem parte do consórcio são ainda investigadas pelo Ministério Público de MG com a suspeita de fraudarem balanços oficiais dos jogos de Atlético-MG e Cruzeiro e desviarem R$ 35 milhões dos cofres públicos.
Mané Garrincha
Valor inicial: R$ 745,3 milhões
Valor final: R$ 1,4 bilhão
Investigados: A Andrade Gutierrez e os ex-governadores do DF Agnelo Queiroz (PT) e José Roberto Arruda (PR).
Denúncia: Os ex-governadores do Distrito Federal José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz estão presos e teriam pedido 1% de propina sobre o valor do estádio mais caro da Copa. A obra foi tocada pela Andrade Gutierrez.
Arena da Amazônia
Valor inicial: R$ 515 milhões
Valor final: R$ 660,5 milhões
Investigados: Os ex-governadores do Amazonas Eduardo Braga (PMDB) e Omar Aziz (PSD) e a Andrade Gutierrez.
Denúncia: A empreiteira afirma ter pago 10% sobre o valor da obra a Eduardo Braga e 5% a Osmar Aziz. O resultado da licitação teria sido combinado.
Arena das Dunas
Valor inicial: R$ 350 milhões
Valor final: R$ 400 milhões
Investigados: O senador Agripino Maia (DEM), o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB) e a OAS
Denúncia: O parlamentar é acusado de receber propina para liberar financiamento do BNDES para a obra. Já o ex-deputado e também ex-ministro é suspeito de corrupção. O dinheiro estatal bancou 99% da construção do estádio, que teve o processo de licitação acertado pelo cartel de empreiteiras.
Arena Pernambuco
Valor inicial: R$ 529,5 milhões
Valor final: R$ 532,6 milhões
Investigados: Andrade Gutierrez e Odebrecht
Denúncia: As empreiteiras teriam acertado quem ficaria com a obra. Há ainda suspeita de superfaturamento.
Fonte Nova
Valor inicial: R$ 591,7 milhões
Valor final: R$ 684,4 milhões
Investigados: Andrade Gutierrez e Odebrecht.
Denúncia: O vencedor da licitação teria sido acertado entre as empreiteiras.
Castelão
Valor inicial: R$ 623 milhões
Valor final: R$ 518,6 milhões
Investigados: Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão.
Denúncia: As empreiteiras admitiram que combinaram quem venceria a licitação.
Arena Pantanal
Valor inicial: R$ 454,2 milhões
Valor final: R$ 570,1 milhões
Investigados: O ex-governador Silval Barbosa (PMDB)
Denúncia: Barbosa foi acusado de receber R$ 5 milhões em propina por Eder Moraes, ex-secretário da Copa no Mato Grosso. O dinheiro serviu para acelerar a contratação da obra. Mais tarde, Eder recuou. O governador está preso desde 2015 por suspeitas de liderar um esquema de benefícios fiscais e apareceu na delação da JBS.
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