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Em situação crítica, Lusa dá "cartadas finais" para não sumir do Brasileiro

Marcelinho Paraíba, 42 anos, foi a principal contratação para a Série D - Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo
Marcelinho Paraíba, 42 anos, foi a principal contratação para a Série D Imagem: Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo

Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

12/06/2017 04h00

A sequência de rebaixamentos iniciada com a queda no "caso Héverton" em 2013 faz com que a Portuguesa corra sério risco de ficar fora de todas as divisões do Campeonato Brasileiro pela primeira vez na história. Neste ano, a equipe do Canindé joga suas duas "últimas cartadas" para não desaparecer do cenário nacional: a Série D e a Copa Paulista.

O principal objetivo é conquistar o acesso da Série D para a C. Mas após quatro rodadas, a situação já está crítica, com apenas quatro pontos conquistados. A Lusa ocupa atualmente a lanterna do Grupo A13, atrás de Bangu (seis pontos), Villa Nova-MG (cinco) e Desportiva Ferroviária-ES (quatro).

Após uma campanha péssima na Série A-2 do Paulista (segunda divisão do Estadual) – o time ficou em 13º e só não caiu para a A-3 por causa do número de vitórias –, a diretoria rubro-verde tentou reformular o elenco, dispensando mais de 10 jogadores. Contratou jogadores experientes como Marcelinho Paraíba e o zagueiro Gabriel Santos, além de atletas que se destacaram em divisões inferiores dos Estaduais.

Mas os resultados não vieram. A única vitória aconteceu na estreia, contra a Desportiva, com um gol-relâmpago de Gabriel Santos para fazer 1 a 0, vantagem que a Lusa conseguiu segurar até o final no Canindé. Já no segundo jogo, derrota para o Bangu pelo placar mínimo em Moça Bonita e a demissão de Estevam Soares – a segunda troca de treinador da temporada, já que Tuca Guimarães começou o ano à frente do time.

Mauro Fernandes assumiu e estreou com derrota por 2 a 1 para o Villa Nova, em Minas Gerais. E no jogo que poderia reacender a esperança da torcida de evitar uma eliminação já na primeira fase da Série D, um balde de água fria antes mesmo de a bola rolar: o jogo aconteceria sem torcida no Canindé, devido à liberação em cima da hora de um laudo do Corpo de Bombeiros liberando o estádio. Em atuação sem inspiração, a equipe não saiu do 0 a 0.

Ainda falta enfrentar o Bangu em casa e a Desportiva fora. Mas se a equipe realmente cair na primeira fase da Série D, resta apenas tentar chegar à final da Copa Paulista, torneio organizado pela Federação Paulista de Futebol que dá ao campeão a opção de disputar a Série D ou a Copa do Brasil – o vice fica com a vaga restante.

Neste ano, a desprestigiada competição estadual, normalmente deficitária para os times pequenos, tem 22 participantes (incluindo São Paulo e Santos, que devem usar times de base) e vai de junho a novembro. A Portuguesa não disputava o torneio desde 2006, mas nesta temporada, com a possibilidade concreta de não jogar nem a Série D no ano que vem, decidiu se inscrever.

Desde a criação do Campeonato Brasileiro em sua versão atual, em 1971, a Portuguesa só ficou de fora em 1979, por fatores políticos que também tiraram Corinthians, São Paulo e Santos da disputa. No campo, jogou todas as edições. Foram 30 participações na primeira divisão, 11 na segunda, duas na terceira e a atual na quarta, além das presenças no Módulo Amarelo em 1987 e no Módulo Azul da Copa João Havelange em 2000.

Agora, além da pior crise financeira de sua história – tem dívidas na casa dos R$ 200 milhões e parte da renda de todos os jogos penhorada –, o clube também se vê diante de um momento decisivo em seus quase 97 anos de existência. A temporada 2017 ditará se a Lusa conseguirá sobreviver por mais um ano no Brasileirão ou se a tragédia que começou com a queda no tapetão em 2013 terá seu capítulo mais duro.