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Refém em avião e jogos durante guerra: o técnico brasileiro ídolo no Iraque

Jorvan Vieira, então técnico da seleção do Iraque, comemora título da Copa da Ásia em 2007 - Jerry Lampen-28.jul.2007/Reuters
Jorvan Vieira, então técnico da seleção do Iraque, comemora título da Copa da Ásia em 2007 Imagem: Jerry Lampen-28.jul.2007/Reuters

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

29/07/2017 04h00

Jorvan Vieira. O nome pode não ser muito conhecido no Brasil, mas procure citá-lo a alguém que reside ou já viveu no mundo árabe.

Para quem não sabe, Jorvan, hoje com 62 anos, nasceu em Duque de Caxias (RJ) e deixou o Brasil no distante ano de 1979, ainda como preparador físico, com destino ao Qatar. Desde então, fez toda carreira de técnico no mundo árabe e foi se tornando ídolo por onde passou, principalmente em 2007: conquistou o seu o título de maior expressão, Copa da Ásia pelo Iraque, que estava no meio dos conflitos internos e da invasão americana. Por conta disso, virou até nome de estádio.

E nestes quase 40 anos vivendo no mundo árabe, Jorvan Vieira acumulou muita história para contar. Algumas delas tenebrosas, como estar em um avião sequestrado no Paquistão ou precisar de seguranças até para ir ao banheiro durante sua passagem pelo Iraque. Todas elas foram contadas em papo exclusivo que teve com o UOL Esporte. Mas calma. Muita coisa mais leve como a idolatria no mundo árabe, as propostas recebidas do futebol brasileiro, a amizade com o "irmão" Paulo Autuori e a época em que cursou medicina também foram contadas em detalhes pelo treinador que já comandou 22 clubes e seis seleções, fala oito línguas (está estudando uma nona) e hoje vive nos Emirados Árabes. Confira:

No Iraque, eu tinha uma arma comigo, uma 765, eu andava armado e tudo... passávamos e às vezes víamos pessoas mortas nas ruas, quando íamos no ônibus"

Seria jogador, mas medicina mudou seu rumo

Eu sempre joguei futebol na minha vida. Eu jogava de lateral direito ou meia direita, e no futsal de ala direita. Futebol de campo eu comecei muito cedo, na época que existia dente de leite no Vasco da Gama, e fiquei até a categoria juvenil, até os 18 anos. Quando eu ia para o primeiro time [time principal] eu passei na faculdade de medicina, então ficou muito difícil eu conciliar as coisas. Eu perdi o meu pai muito cedo. A minha mãe, professora, fazia um esforço muito grande para poder me dar uma vida, estudos, e eu tinha que fazer uma opção... Mas eu continuei jogando futebol de salão; posteriormente eu fui jogar pela faculdade, depois joguei o Campeonato Carioca pelo Vasco, Bonsucesso, e aí quando fiz quatro anos de medicina eu resolvi abandonar para fazer Educação Física. Eu abandonei a medicina porque realmente não era aquilo que eu queria, que eu me sentia bem... apesar que hoje eu tenho um certo remorso, eu poderia ter feito, continuado, mas naquela época era muito difícil conciliar os estudos.

Eu sou da geração do Zico, Roberto Dinamite... Nós pegávamos o trem juntos"

O encontro com o ‘irmão’ Autuori e a proposta para deixar o Brasil

E aí, diretamente, eu já comecei a trabalhar no futebol com o Paulo Autuori, que é um grande amigo meu, irmão meu, como um dos preparadores físicos da Portuguesa-RJ. Eu o encontrei na faculdade de educação física. Ele era o preparador físico chefe e me convidou, e eu aceitei. Logo depois o Paulo Autuori foi para o América-RJ  como preparador físico e eu recebi uma proposta para vir para o Qatar, porque eu falava inglês fluentemente. Eles não precisavam de um preparador físico, precisavam de uma pessoa que fosse formada em educação física e que falasse inglês fluentemente.

Técnico Jorvan Vieira comanda equipe à beira do gramado - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
E era uma proposta bem volumosa em termos financeiros, e eu, como professor, trabalhava em vários lugares que nem um louco, a semana inteira. Na época eu morava em Niterói, já estava casado, então era muita complicação... E quando eu vi que os caras botaram para mim, em 1979, sete mil dólares em cima da mesa, eu não tinha que pensar duas vezes. Hoje, mais ou menos, seriam 70, 80 mil dólares, era um dinheirão, e aí eu fui embora para o mundo árabe e depois nunca mais voltei ao Brasil, só de vez em quando, férias e tal. Mas voltar para trabalhar, isso não. Na época eu fui convidado pelo Evaristo de Macedo, que já era treinador da seleção do Qatar e tinha como preparador físico o Oswaldo de Oliveira, que também é um grande amigo, um grande parceiro. Já existiam outros brasileiros que eram treinadores em vários clubes, mas agora eu sou o mais antigo aqui no mundo árabe.

Ia para o Vasco de trem, com Roberto Dinamite

Eu sou da geração do Zico, Roberto Dinamite... Nós pegávamos o trem juntos, o Roberto também é de [Duque de] Caxias, só que de um bairro distante do meu. E nós pegávamos o trem juntos. Tínhamos um campo bem pequenininho que era atrás da fábrica de sabão que era colado ao Vasco da Gama, e nós treinávamos lá.

Teve propostas de grandes do Brasil em 2007, mas preferiu ficar

Técnico Jorvan Vieira durante homenagem que recebeu no Iraque - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Eu tive propostas para voltar ao Brasil na época que fui campeão da Ásia com o Iraque, em 2007. Tive duas propostas concretas, uma do Vasco da Gama e outra do Palmeiras, mas eu preferi não voltar porque não me adaptaria mais, e a minha família também... Eu constituí uma nova família: a minha atual mulher é marroquina; então ficaria tudo mais difícil. Lógico que eles adoram o Brasil, mas eu pensei: ‘vou para lá tentar alguma coisa, e daqui a dois, três jogos eu tomo pancada e vão me mandar embora... Como ficaria a escola do meu filho, a minha estrutura, tudo o que eu tenho estruturado aqui... Então eu preferi ficar com esta opção. Eu sabia que o futebol brasileiro é muito instável... Passa para um pequeno e você corre o risco de ser mandado para rua, e isso não é justo porque gerente de futebol não sabe nada de futebol, mas acham que são grandes conhecedores e querem se meter, querem dominar o mercado, e aí tem vários outros interesses por trás dessas coisas para estar botando treinador para dentro e para fora.

Os caras mataram o piloto e foram liberando as pessoas, todos que tinham passaporte americano... os judeus ficavam no avião"

Vida de ‘celebridade’ no mundo árabe: “sou respeitado e admirado”

Você, como profissional, tem que se adaptar àquele país, aos costumes, aos hábitos deles, às rotinas... se eu quiser praia, cerveja e samba, então eu tenho que ficar no Brasil, está entendendo? Então eu me adapto à valsa, ao tango, ao jazz, ao rock, porque isso é o meu ganha pão, então eu venho, me adapto ao país sem problema, estando com a minha família ao meu lado - que é o mais importante. O resto é resto. Eu sempre fui muito bem tratado. Você pode pensar que estou sendo arrogante ou, como se diz aí no Brasil, mascarado, mas eu sou uma pessoa muito bem quista, em todos os países por qual passei eu deixei alguma imagem de marca, fiz alguma coisa, e sou respeitado e admirado; as pessoas têm muita consideração por mim como treinador, dito por eles como um homem honesto e correto. Essas coisas não têm preço... eu posso mencionar o Egito, Iraque... aqui nos Emirados.

Técnico Jorvan Vieira tira foto com oficiais do Exército do Iraque - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Eu vou ao Qatar e é o mesmo tratamento, eu vou ao Kuwait, onde fui técnico da seleção, é o mesmo tratamento. Eu tenho três Facebook’s e, em dois deles, eu tenho mais de três mil seguidores. É uma média de 100 a 150 mensagens diárias que eu recebo. Um dia no treino [no Iraque] os torcedores queriam porque queriam me abraçar... eu estava dentro do carro, eles vieram, cercaram o carro e começaram a balançar, como se fosse virar o carro, mas simplesmente por alegria deles; e a polícia começou a afastar, mas não foi nada agressivo, foi o prazer de eu estar ali. Eles já me consideravam um herói antes de a gente ganhar a competição [Copa da Ásia] pelo fato de eu ter aceito ir para lá e treinar lá. Sou chamado pelos iraquianos de El Batell, que quer dizer o vencedor, o campeão, um ídolo, vamos dizer assim... o guerreiro, coisa desse tipo.

Período no Iraque foi tenso: “víamos pessoas mortas nas ruas”

Foi uma época muito difícil. O que acontece hoje no Iraque não é nada em relação ao que acontecia em 2007, porque há de convir: estávamos em plena guerra, Iraque e EUA, e eu vivia em Bagdá, agonizado, protegido com homens armados até os dentes, carros blindados para sair daqui, para sair para lá, para ir ao treino, não era muito fácil, era uma situação estressante. Mas com o passar dos dias a gente ia se acostumando, essa que é a verdade. Quando eu aceitei a proposta eu não parei para pensar... inclusive a pessoa que fez a proposta para eu treinar a seleção do Iraque também me fez a proposta para treinar um clube na [Arábia] Saudita, e era muito mais dinheiro até, e pessoa me disse: ‘Mas por que você quer a seleção do Iraque? Eu tenho o clube da Saudita, paga melhor, pega o da Saudita’, e eu disse: ‘Não, eu quero a seleção do Iraque. O Iraque tem excelentes jogadores; se eu pegar esse grupo, eu faço algumas mudanças, e eu sei que vou fazer alguma coisa... se eu pegar eu vou chegar para ganhar’, e eu ainda falei: ‘Eu sei que você perde na sua comissão, mas pode ter certeza que você vai ganhar depois comigo’, e foi o que aconteceu, eu aceitei e fui para lá.

Jorvan Vieira, então técnico da seleção do Iraque, comemora título da Copa da Ásia em 2007 - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Mas eu não tive situações de explosões... eu ouvia explosões quando estava em casa, às vezes à noite, ou de tarde, a gente ouvia de muito longe... onde eu estava era uma região altamente protegida, soldados para todos os lados, muros altíssimos, altamente grossos, era difícil explodir muros daqueles, e as casas eram bem distantes dos muros... então, quer dizer, eu não vivia essa situação. Eu tinha uma arma comigo, uma 765, eu andava armado e tudo... passávamos e às vezes víamos pessoas mortas nas ruas, quando íamos no ônibus, e lamentávamos a situação. Isso foi difícil para se adaptar no começo. Tinha aquela extrema segurança em torno da minha pessoa, todos os cuidados... eu dormia numa casa enorme, sozinho, não podia ficar ninguém comigo, e eu tinha guardas para todo lado... eu ia no banheiro e tinham guardas na porta do banheiro, eles zelavam pela minha segurança, pela minha integridade, de todas as formas, então eu fui me adaptando. E no dia a dia, você vai para o treino, volta cansado, toma banho, janta, descansa ou então vai dar uma olhada no trabalho que vai fazer amanhã – minha família estava no Marrocos essa época -, e a gente ia levando dessa forma e acaba virando uma rotina normal. Você é obrigado a se adaptar porque a vida é dura, a vida é osso e, infelizmente, nem todos têm um lugar ao sol... o sol não brilha para todos, infelizmente.

Só foi liberado de avião sequestrado porque era treinador

Eu já tive uma situação de o avião quase cair... foi aquele avião sequestrado pelos terroristas no Paquistão em Lahore, no final dos anos 70... eu estava vindo de Omã e fizemos uma escala em Lahore, e ocorreu o sequestro. Os caras mataram o piloto e foram liberando as pessoas, todos que tinham passaporte americano... os judeus ficavam no avião. Eu me salvei justamente por ser treinador de futebol... eu carrego sempre comigo a cópia do contrato, e aí mostrei para eles e eles me deixaram sair com aqueles que eles não queriam manter. Saímos e ficamos num hotel em Lahore por mais de dez dias, aguardando, sendo investigado, com a polícia fazendo várias perguntas, até a gente poder ser repatriado e seguir o nosso caminho.

Saudades do Brasil? “Não, você vai se adaptando”

Já senti. Hoje não sinto mais. Constituí família aqui fora, a sua vida volta para o lado de cá. Lógico que a gente não esquece de quem está aí no Brasil: a minha mãe, meus tios, meus primos, meus amigos de infância... mas graças à internet eu recuperei meus amigos de infância, estamos em contato permanente, mas eu não sinto [saudade] porque você vai se adaptando, é a necessidade de você trabalhar, de ganhar a sua vida, é aqui fora que eu ganho a minha vida, não no Brasil. Agora não está em causa gostar ou não do Brasil, está em causa a minha adaptação ao mundo estrangeiro e de acordo com a minha necessidade e dos meus interesses profissionais. E eu também saí cedo do Brasil, essa é uma verdade. Eu não posso nem reclamar que não tive oportunidade no Brasil, seria uma injustiça da minha pessoa para com o Brasil, para com o futebol brasileiro.

Foi recusado pela Ferroviária e ouviu ‘ninguém te conhece no Brasil’

Como é que eu posso voltar ao Brasil? Quem me conhece? O Milton Mendes, hoje treinador do Vasco da Gama, ele é meu amigo, foi meu jogador em Portugal, e me disse: ‘Professor, eu vou tentar para você aqui na Ferroviária de Araraquara’, por onde ele tinha passado... aí deu o meu currículo para o presidente da Ferroviária, ele ficou impressionadíssimo, eu estava aceitando ir, aí o Milton Mendes disse: ‘Professor o presidente da Ferroviária falou que não te conhece, ninguém te conhece no Brasil’, aí eu falei: ‘Ele tem razão’. O que eu posso fazer? Eles não querem, eles não querem acreditar, fazer o quê? Eles preferem ficar aí na rodinha deles, com os empresários: tira o Zeca da Ferroviária, bota no Guarani, tira o Zeca do Guarani e bota na Ponte Preta, fica aquele ciclo vicioso... a gente não tem penetração, é a pura verdade.

Virou muçulmano em 1991: “não sou maluco”

Técnico Jorvan Vieira ganhou nome de estádio no Iraque e recebeu uma placa - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Eu rezo pedindo sempre a Deus saúde, paz, muita luz para a minha família, para o mundo... estamos vivendo num mundo muito difícil, tudo muito complicado, com muita perversidade, e é isso o que eu peço, mais nada. Não sou maluco, não. Esses que ouvem falar que são malucos não são mulçumanos, são os malucos, são os inconsequentes. Na verdade nem religião tem para eles, ministrarem a religião como eles ministram, desta forma, inclusive abusando das mulheres, isso não é islamismo. Islamismo é uma religião que respeita todas as outras religiões e que fala das outras religiões dentro do alcorão, até do judaísmo, não criticando ou condenando, de forma nenhuma. Dos que cometem atrocidades eu sou o primeiro a querer eliminá-los... o que vocês aí no Brasil veem pela televisão é café pequeno, porque a gente está no mundo árabe, aqui nós temos as televisões do mundo árabe que mostra essas coisas direto, são coisas horríveis, atrocidades, você não tem ideia. Mostra pessoas mortas caídas no chão, atrocidades com mulheres, com crianças, com idosos... o fato guerra é uma coisa: o inimigo vai e atira em você e você no inimigo, quem acertar o outro sobrevive, isso é guerra. Mas o que eu digo é diferente: atrocidades com todo mundo, sem cor, sem idade, sem sexo, sem nada.

Brasil mal visto no mundo árabe: “mais malandro que todo mundo”

Em termos de futebol, hoje é muito mal visto. O brasileiro perdeu o mercado por causa da falta de profissionalismo, esquemas... brasileiros que vem para cá trazem irmãos, cunhados para trabalhar, que não tem formação, entende? Acha que é mais malandro que todo mundo, se envolve em transferências de jogadores, e aí vai complicando as coisas. Todos aqui sabem como é a segurança aí no Brasil, e [quando me falam de ir para o Brasil] eu falo: ‘Ó, vai de bermuda, vai de sandálias, não usa relógio e nem nada, boca fechada, entra calado e sai mudo’, é verdade... eu não vou falar para eles que é um paraíso; o cara vai para o Brasil, volta e fala: ‘Pô, você mentiu para mim, eu fui ao Brasil e um cara me arrebentou, um moleque de 15 anos’, e aí, como que fica? Infelizmente o Brasil está sendo visto dessa forma.

Futuro: mundo árabe, Portugal, Brasil...?

Eu tive algumas propostas daqui dos Emirados, mas não achei interessante e decidi não pegar, como tive propostas para voltar ao Egito, para a Líbia... pô, eu só vou para país de guerra? Iraque, Egito, Líbia, já não dá mais, não aguento mais. Tive inclusive uma boa proposta da Líbia, mas preferi não ir, e outras foram propostas médias, pequenas, de países asiáticos. Eu também ando ocupado porque sou instrutor Fifa também, estou sempre a dar curso para a Fifa no continente africano.

Técnico Jorvan Vieira é abraçado por jogador - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
E também instrutor Uefa, terei que dar curso na Eslovênia e na Romênia... eu falo oito línguas: inglês, francês, italiano, espanhol, o nosso português, logicamente, o árabe de Marrocos, o árabe clássico e o malaio, e também estou estudando japonês. Eu não tenho dificuldade com a comunicação, então isso me ajuda muito. E estou aguardando... se tiver realmente alguma coisa interessante para que a gente possa fazer mais uns dois, três anos, a gente faz, e depois eu gostaria de me tornar diretor técnico, que no Brasil chamam de supervisor... estruturar departamento de base, isso seria o principal. Talvez eu possa ir para Portugal, porque meu filho vai agora para a universidade em Portugal, e também já está na hora de baixar a poeira. Talvez em agosto eu vá para o Brasil conhecer o meu netinho, ficar com a minha filhota... eu tenho um apartamento em Ipanema... se eu recebesse uma proposta interessante no Brasil de um clube de ponta... mas quem é que me vai dar crédito? Quem me conhece? É difícil. Só se o Paulo Autuori chegar e falar: ‘olha, eu tenho aqui o Jorvan Vieira e eu garanto’, o Paulo eu sei que garantiria por mim, mas é difícil, então vou voltar ao Brasil para fazer o quê?