Com W.O. consumado, presidente diz que Mogi Mirim abandonou a Série C
O Mogi Mirim decidiu abandonar a disputa do Campeonato Brasileiro da Série C. Essa foi a posição passada pelo presidente do clube do interior paulista, Luiz Henrique de Oliveira, ao UOL Esporte. A decisão é decorrente da revolta dos jogadores por atrasos salariais e do W.O. na partida contra o Ypiranga-RS, prevista para as 15h30 deste sábado, em Mogi Mirim.
"Falei o seguinte: se não vão entrar em campo, não tenho outra coisa a fazer se não apoiá-los. Mas acabou o campeonato hoje para nós. Só isso, o campeonato acabou. Todo mundo que tiver contrato com o clube permanece. Quem não tiver não permanece. A gente vai mandar embora todo mundo para casa, eles não querem jogar. A partir de hoje não tem mais rodada, a gente não vai voltar mais", declarou o mandatário.
Segundo o Regulamento Geral de Competições da CBF, equipes que optam por abandonar um torneio ficam suspensas automaticamente de qualquer outra competição coordenada pela CBF pelo prazo de dois anos. A Justiça Desportiva prevê ainda que os pontos conquistados por um time que abandona um campeonato perdem qualquer validade.
"Vamos ver como será juridicamente, porque não vamos continuar mais no campeonato. O Mogi não participa mais, os jogadores foram embora e não querem mais. Agora vamos ver quais serão as sanções e como será com a CBF", continuou
O W.O. diante do Ypiranga, na 14ª rodada da Série C, foi arquitetado pelos jogadores do Mogi. O elenco decidiu que só entraria em campo se pelo menos um mês de salário fosse pago em espécie antes da partida. O presidente não quis negociar e o grupo não deixou a concentração para o estádio Vail Chaves. Os atrasos variam de um a seis meses.
A reação dos jogadores foi liderada pelo meia Cristian, que passou por Palmeiras, Ponte Preta e Ituano. "Ele não pagou e não fomos para o jogo. O presidente inventou uma história, mas chega de promessa. Ele foi bem arrogante, como a gente não tivesse direito nenhum para reivindicar. Até falou que tínhamos que sair do alojamento e ficar na rua", explicou o capitão e líder do elenco.
O movimento comandado por Cristian tem o respaldo do Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (Sapesp). A entidade sugeriu que os jogadores fossem para um hotel, com custos bancados pelo sindicato, caso o presidente do Mogi colocasse em prática a ameaça informada por Cristian.
"Depois de muita insistência e descumprimento do clube, os jogadores resolveram não ir para o jogo. O clube por sua vez, disse: 'se vocês não vão para o jogo os contratos estão rescindidos e eu (presidente) não tenho mais obrigações com vocês'. Essa situação do Mogi já vem se arrastando há mais de um ano. Falei com o Marco Polo (Del Nero, presidente da CBF), com o presidente do Mogi Mirim, e não tem uma solução. Ele não tem condição de garantir um pagamento na próxima sexta feira ou daqui 15 dias", afirmou o presidente do Sapesp, Rinaldo Martorelli, que prosseguiu:
"Se ele não dá garantia nenhuma, como vai fazer? Eu falei para o Marco Polo que esta situação é ruim pra todos, mas tentei fazer com que ele entendesse a necessidade desse momento. Ele me disse: 'não consigo, porque se eu der respaldo para um eu terei que dar respaldo para todos que possam estar na mesma condição'. É uma situação inédita essa. A CBF está avisada, agora veremos as consequências. Tentamos proteger os direitos dos atletas e evitar esse dissabor pro futebol".
O regulamento da Série C do Campeonato Brasileiro prevê que atrasos salariais superiores a 30 dias podem ser julgados pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e implicar em perda de três pontos por partida disputada após o reconhecimento da dívida. Para isso, os atletas precisam formalizar comunicação escrita ao STJD em até 30 dias após o atraso. O clube tem 15 dias para efetuar o pagamento aos jogadores que confirmarem as denúncias.
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