Como Aílton virou celebridade na Alemanha após reality show e propagandas
Ele foi o rei do futebol alemão na temporada 2003-04, quando ganhou a Bundesliga, a Copa da Alemanha, foi artilheiro da liga e ainda acabou eleito o melhor jogador do país – tudo com a camisa do Werder Bremen. Mas a notoriedade do paraibano Aílton entre os germânicos transcendeu aquele ano perfeito e hoje se mantém graças a uma rotina ativa como garoto-propaganda.
A desenvoltura com o idioma e a participação recente em um famoso reality show da TV local também ajudaram turbinar a fama do ex-goleador do Guarani. Aílton é indiscutivelmente uma personalidade na terra de Beckenbauer e Matthaus.
Com passagens por Werder Bremen, Schalke 04, Hamburgo e Duisburg, Aílton foi um dos brasileiros mais bem-sucedidos na história do futebol alemão. Aposentado desde 2014, o ex-atacante é o quarto maior artilheiro estrangeiro da história da Bundesliga, com 106 gols marcados – atrás do peruano Claudio Pizarro (191), do polonês Robert Lewandowski (154) e do brasileiro Élber (133).
Propagandas na TV alemã
Aílton hoje vive com a família em Dallas, nos Estados Unidos, em uma opção que prioriza a formação educacional dos quatro filhos. Mas o ex-atacante mantém a rotina de viajar três ou quatro vezes por ano para a Alemanha para cumprir uma agenda de compromissos publicitários.
"Faço propagandas, faço jogos beneficentes, jogo pelos veteranos do Werder. Nos últimos anos fiz algumas propagandas. A minha vinda na Alemanha é assim: eu venho, procuro fazer uns quatro eventos, faço meus contatos."
Uma celebridade no país
"Me impressiona o carinho que esse povo tem por mim. Às vezes eu vou num clube à noite em Bremen e impressiona a quantidade de fotos que eu tiro com as pessoas. Na rua, pedindo autógrafo. Quando eu entro em campo com os veteranos do Werder, a reação do público me choca. Depois de tantos anos, esse carinho está muito forte, a imagem Aílton está muito forte."
Estrela de reality show
Em 2012, Aílton participou do reality show Dschungelcamp ("Camping na Selva"), uma espécie de mistura entre Big Brother e No Limite. O programa foi um sucesso na TV alemã. Num dos episódios, o brasileiro viveu uma saia-justa com uma bela modelo.
"Foi uma coisa espetacular, gostei demais de fazer. Uma selva na Austrália, tinha que fazer as provas, se não fizesse direito não ganhava comida. Me deu uma experiência fantástica de vida. Deu uma audiência fantástica."
"Quando a gente foi tomar banho num lago, ela tirou a roupa e jogou pra cima de mim. E eu pensei: e agora, o que eu faço? Ao vivo, cheio de câmera. Minha esposa não estava vendo o programa, ela estava no México. Eu fiquei numa situação delicada demais, mas consegui me controlar, deu tudo certo."
Despedida para 40 mil torcedores
Com uma carreira diversificada, com passagens por México, Turquia, Ucrânia, China e outros países, Aílton encerrou a vivência como profissional em 2014. Na despedida, o brasileiro ganhou um jogo amistoso na casa do Werder Bremen, que reuniu uma pequena multidão.
"Depois de dez anos, você volta a um clube, mesmo tendo jogado num clube rival, como o Schalke, e o público me recepciona com 40 mil ingressos vendidos. É uma coisa de arrepiar."
Amizade com Podolski
Entre os ídolos do futebol alemão, Aílton tem um laço mais estreito com Lukas Podolski. O brasileiro já participou de alguns jogos beneficentes organizado pelo campeão mundial de 2014.
"O Lukas Podolski faz um evento beneficente em janeiro. Ele falou numa entrevista para um canal daqui: 'eu vou organizar o evento e a figura que eu quero contar é o Aílton. Porque ele é um alemão diferente'. Um campeão do mundo fala uma coisa assim sobre um brasileiro é uma coisa que deixa você meio sem reação."
Maior que Diego no Bremen
Assim como Aílton, o meia Diego também foi eleito o melhor jogador da Bundesliga defendendo a camisa do Werder Bremen. Isso, na edição 2006-07. A diferença é que o time não acabou campeão naquela oportunidade (ficou em 3º lugar).
"Com toda a sinceridade do mundo, eu (sobre quem é o maior brasileiro do Werder Bremen). Nenhum brasileiro que passou pelo Werder conseguiu deixar a marca que eu deixei. Se fala em dois brasileiros na história do Werder: primeiro Aílton, depois Diego. O Diego teve uma passagem espetacular, mas a minha marcou mais."
Entre os maiores goleadores da Bundesliga
Só Pizarro, Lewandowski e Élber marcaram mais gols que Aílton, entre os estrangeiros na história do Campeonato Alemão.
"Quantos jogadores estrangeiros passaram pela Bundesliga? Quantos anos tem a Bundesliga? E eu estou em 4º lugar. Eu agradeço a Deus todos os dias. Não é fácil, não. Isso com um número menor de jogos em relação a esses outros."
Piadinhas sobre o 7 a 1
Durante as viagens para a Alemanha, o ex-artilheiro da Bundesliga tem sido obrigado a lidar com as piadas dos alemães com relação à Copa de 2014.
"Esse assunto só vai acabar quando o Brasil pegar a Alemanha numa semifinal, numa final, e ganhar também de 7 a 1. Vamos ter que conviver com isso por muitos anos. Cada vez que a gente vem para a Alemanha sempre tem esse comentário. Agora mesmo fui fazer uma propaganda para a Copa da Rússia, durante o acerto do contrato, eles lembraram isso aí. Sempre tem essa piadinha sem graça, mas a gente tem que conviver com isso aí."
Mágoa com Parreira quase o levou à seleção do Qatar
Apesar de ser o melhor jogador do futebol alemão entre 2003 e 2004, Aílton não teve nenhuma oportunidade na seleção, na época comandada por Carlos Alberto Parreira. Por isso, o então atacante do Bremen chegou a conversar para defender o Qatar. Mas, na época, a naturalização foi impedida graças a uma intervenção da Fifa.
"Na época eu não entendi porque o Parreira não me deu uma oportunidade na seleção, eu estava muito bem na Europa, estava voando. Era o Ronaldo em Madri e eu aqui (na Alemanha) como os maiores goleadores da Europa. Não chegou esse convite, e eu fiquei muito triste."
Torcida pelo ex-time Guarani
Revelado pelo Ypiranga de Erechim em 1993, Aílton despontou para o futebol brasileiro alguns anos depois, quando fez um grande Campeonato Brasileiro com a camisa do Guarani (2º lugar na fase de grupos em 1996). Até hoje, o clube de Campinas é a ligação mais forte que o ídolo dos alemães tem com o futebol brasileiro.
"Eu sempre procuro saber do Guarani, porque foi o clube que me revelou para a Europa. Eu fiz um campeonato em 1996 fantástico. Fui artilheiro do time, uma campanha excelente. Saímos no mata-mata contra o Goiás, mas foi uma campanha excelente. Quando tenho oportunidade de ir a Campinas, passo no Brinco de Ouro. Eu gosto muito do Guarani. Espero que volte à primeira divisão, que é o lugar dele."
A paixão pelos cavalos
O ex-atacante mantém uma criação de cavalos no interior da Paraíba em sua cidade natal, Mogeiro, a cerca de 100 km de João Pessoa.
"Eu só paro de criar cavalo quando Deus quiser. Sou amante dos cavalos, meu pai foi agricultor. Eu consegui me tornar jogador profissional, mas não esqueci as minhas origens. Quando estou lá me dedico 100% aos meus cavalos, dou ração. Pessoal me manda fotos e vídeos deles toda hora. Às vezes dá retorno, outras vezes não dá. Mas estou satisfeito, eu amo."
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