Coritiba já tem (e mostra) o modelo do novo estádio. O que falta para sair?
O Coritiba já tem em mãos como será a sua nova arena. E mais: o novo Couto Pereira já tem aprovação municipal para ser feito. Mas ainda deve demorar para sair do papel.
“Eles nos autorizaram o uso do solo do Alto da Glória para um projeto de estádio. Nem sequer pedimos o alvará ainda. Mas o estudo está aprovado, passou pelo conselho municipal de urbanismo”, afirmou o vice-presidente do clube, Alceni Guerra, que está à frente da comissão que pretende uma nova praça esportiva para o Coxa.
O IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba) confirmou a informação: “O que houve foi uma consulta de um estudo que o Coritiba tinha, de uma intenção de construir um novo estádio. O que a lei permitiu, para o único que está construído, que é a Arena, foi permitido a todos os outros. Se adequando, não há nenhum impedimento”, afirmou o presidente do instituto, Reginaldo Reinert, no plenário da Câmara Municipal de Curitiba nesta quarta-feira (20).
A reportagem do UOL Esporte teve acesso a imagens e detalhes exclusivos do projeto e, principalmente, do roteiro que o Coxa terá de seguir para ter o novo estádio.
Mas o que ainda falta para ele começar a sair do papel?
Quem paga a conta?
Essa é a grande chave do debate a partir de agora. Dentro do Coritiba existem duas correntes: a que quer uma reforma simples no estádio e a que pretende erguer uma nova estrutura. Guerra é defensor da segunda e usou um exemplo forte para isso: “Uma reforma vai eternizar nosso atraso em relação ao Atlético-PR”. Ainda assim a resistência é: quem paga essa conta?
No projeto de Alceni Guerra, a ideia é usar um fundo de investimentos internacional. O UOL Esporte antecipou que Juliano Belletti, diretor de marketing e relações internacionais do clube, visitou agentes financeiros na Europa no mês de Agosto. A proposta é pegar 100 milhões de euros em empréstimo, com juros de 2% ao ano. Um dos empecilhos é que o clube precisa apresentar uma garantia para tal, ainda não definida internamente.
Os críticos da ideia têm receio de assumir a dívida; questionado, Guerra contesta: “Se você fizer apenas uma reforma, você tem que tirar dinheiro do futebol. E aí o risco de queda para a Série B é enorme. E você perde de imediato a cota do Esporte Interativo, já em 2019. E no ano seguinte, se não subir, perde a Globo. Então eu acho que o estádio tem que ser feito de uma maneira independente, com a busca de um financiamento.”
Quem constrói o estádio?
Uma das chaves para a obra é o modelo de “auto-gestão”, inspirado no que o Atlético-PR fez na Arena da Baixada. Na ocasião, Mario Celso Petraglia criou a CAP S/A, empresa autônoma em relação ao clube, e contratou empreiteiros para erguerem a Arena, fazendo a gestão dos fundos da obra. Petraglia nomeou para a gestão da empresa o engenheiro Luiz Volpato, seu genro, e contratou o arquiteto Carlos Arcos, seu primo, para o desenho.
Guerra e Petraglia estiveram muito próximos nos últimos meses, em reuniões por cotas de TV e no grupo de trabalho conjunto com Palmeiras, Santos e Bahia. O vice-presidente confirmou que discutiu o know-how da Arena com Petraglia. A família de Guerra tem participação na Costa Guerra Engenharia, empresa de obras e incorporações imobiliárias em Curitiba. O dirigente do Coxa crê que a auto-gestão é o modelo mais eficaz de gerenciar a obra, citando que a Arena foi o estádio mais barato do Mundial 2014 e lembrando das complicações das construtoras com a Operação Lava-Jato.
Onde será o estádio?
No Alto da Glória. As negociações com o empresário João Destro, dono do terreno do Estádio Pinheirão, não evoluíram. De acordo com Guerra, o projeto do estádio usará do mesmo artifício da “reforma” do Parque Antártica, do Palmeiras, para o Allianz Parque, quando o alvará concedido não previa “nova obra”, mantendo partes do antigo estádio, como os Jardins Supensos.
Juliano Belletti esteve no Santiago Bernabeu (Real Madrid), no Emirates Stadium (Arsenal) e no Citi Field (New York Mets), segundo Guerra, a pedido do Coritiba para verificar o que poderia ser feito para a nova praça.
Qual a influência das eleições do final do ano no clube para a obra?
O Coritiba terá eleições em dezembro próximo. O atual presidente, Rogério Portugal Bacellar, já anunciou que não será candidato. De acordo com o que apurou a reportagem, duas chapas já se movimentam nos bastidores para concorrer ao clube, mas ambas evitam contato com os membros da situação, que por sua vez ainda não sabe se lançará candidato.
Guerra garante que não será candidato. “É um projeto que vai levar um ano para ser aprovado na prefeitura. Não sou candidato em hipótese alguma. Não aceito conversar (sobre política). Nós já fizemos o mais difícil, que foi passar pela prefeitura. A nova diretoria tem que tocar”, afirma. Questionado sobre o valor de tanto empenho para um eventual descarte de mais um projeto, declarou: “É a mesma coisa do Atlético-MG, o presidente aprovou e está saindo.” Ele pretende obter o sim do financiador antes de levar o projeto ao Conselho Deliberativo do clube. Isso precisa ocorrer até meados de Novembro, por conta das eleições.
Quais as especificações exigidas pela prefeitura?
O IPPUC confirmou que tipos de exigências fez ao Coxa para que libere a obra. São 9 itens que foram repassados ao UOL Esporte. Confira a carta abaixo:
“O Coritiba Foot Ball Club poderá ampliar o estádio Major Antônio Couto Pereira nos moldes do que está previsto na Lei nº 11.997/06, que define as Zonas Especiais Desportivas (ZE-D).
De acordo com a legislação, será permitido ao novo estádio coeficiente de aproveitamento igual a 1 (equivalente a uma vez a área do terreno), com taxa de ocupação de 60% do terreno (os 40% restantes podem ser ocupados nos andares superiores) com limite de altura de 25 metros. O recuo deverá ser de 5 metros a partir do alinhamento predial.
Reforma e Ampliação de Estádio de Futebol, com área de comércio e serviço, destinada a atividades complementares ao uso desportivo do Estádio Couto Pereira nas seguintes condições:
1 – Coeficiente de aproveitamento máximo igual a 1,0 (um), podendo ser consideradas como não computáveis as áreas situadas em subsolo para uso de vestiários e demais atividades complementares ao uso desportivo, a área da cobertura retrátil, além das demais áreas não computáveis estabelecidas na legislação vigente.
2 – Taxa de Ocupação: Poderá ser de no máximo 60% desde que implantado mecanismo de contenção de cheias, considerando 100% da área impermeabilizada. Para o cálculo da taxa de ocupação, poderá ser desconsiderada a área da cobertura retrátil.
3 – Recuo predial: O recuo predial para o subsolo deverá ser de 5 metros.
4 – Altura máxima: Altura máxima de 25 metros, respeitado o cone da Aeronáutica.
5 – Afastamento das divisas: Para as novas construções o afastamento mínimo deverá ser de 4 metros.
6 – Deverá ser apresentado Relatório Ambiental Prévio – RAP.
7 – Os acessos de veículos e o número de vagas de estacionamento deverão ser os definidos no RAP.
8 – As questões relativas à implantação de Heliponto também deverão ser objeto de estudo do RAP.
9 – Atender demais parâmetros da legislação vigente.
Qualquer parâmetro construtivo que não atenda à legislação deverá ser submetido à apreciação do Conselho Municipal de Urbanismo (CMU).”
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