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Do carrossel de Cuca à era Jair. Bota encanta, mas não ganha em uma década

Do Carrossel de Cuca a era Jair. Botafogo encanta de formas distintas, mas não ganhou - Montagem/UOL
Do Carrossel de Cuca a era Jair. Botafogo encanta de formas distintas, mas não ganhou Imagem: Montagem/UOL

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

22/09/2017 04h00

Há dez anos, o Botafogo do então técnico Cuca encantou o Brasil com um futebol bem jogado. Ganhou o apelido de “Carrossel Alvinegro” de torcida e imprensa. Na atual temporada, o clube de General Severiano voltou a empolgar o país, mas não pelos mesmos motivos. Se falta qualidade, sobra vontade. Em comum, as equipes tiveram desfechos parecidos e terminaram a temporada sem títulos expressivos.

O carrossel de Cuca enchia os olhos da torcida pelo futebol bem jogado. Liderados em campo por Dodô, Lúcio Flávio e cia, o Botafogo fez bonito em competições importantes. No seu melhor momento, rivalizou com o São Paulo na briga pela liderança do Campeonato Brasileiro de 2007 e chegou até à semifinal da Copa do Brasil, quando foi derrotado pelo Figueirense em partida marcada pela desastrosa atuação da bandeira Ana Paula de Oliveira. Isso sem contar a final com o Flamengo, pelo Campeonato Carioca.

Apesar do bom futebol, o time de Cuca, que ficou por três anos no Botafogo, não conseguiu ser campeão. Encantou, mas não levou nenhum troféu. Nem mesmo o pouco valorizado Carioca. Após algum tempo, a torcida perdeu o encanto com o time. Não bastava jogar bem, a necessidade de um título expressivo falava mais alto.

“O time de 2007 não ganhou título, mas foi importantíssimo na reconstrução e resgate do Botafogo. Começa com a gestão do Bebeto, de 2004 a 2009; houve uma evolução clara. De fora, parece que o time poderia mais, mas quem viveu lá dentro sabe que fomos até além do que conseguiríamos. O extracampo era muito complicado. Mas o time era muito bom, o melhor que já joguei. Tanto que criou uma expectativa grande em cima dele pelo que mostramos em campo. Vejo que faltou elenco na oportunidade. O Botafogo de hoje é muito mais homogêneo e entrou sem tanta responsabilidade. Só tenho elogios a eles”, disse Túlio Guerreiro, ídolo da torcida e capitão do time de 2007.

Dez anos depois, o Botafogo mudou completamente o perfil. Com Jair Ventura, o Alvinegro encontrou uma forma de jogar. Aguerrido, escapou do rebaixamento e se classificou para a Libertadores em arrancada histórica. Na competição internacional, eliminou cinco campeões do torneio até cair para o Grêmio, nas quartas de final. Além disso, foi eliminado pelo Flamengo na semifinal da Copa do Brasil.

Apesar da falta de títulos, a reação da torcida é de total apoio. Torcedores entenderam que houve entrega máxima em campo e que o grupo fez o que conseguiu, no seu limite. O sentimento de apoio foi percebido no desembarque no dia seguinte. Foram poucos, mas os botafoguenses presentes aplaudiram a delegação alvinegra no saguão do Aeroporto Santos Dumont.

Resta ao Botafogo recomeçar. A missão é mais fácil do que na temporada passada, já que o time já está na sétima colocação e com boas possibilidades de se classificar novamente para a Libertadores. O Alvinegro volta a campo no domingo, quando visitará o Coritiba, no Couto Pereira.

Mesmo que recente, uma conclusão fica evidente. A torcida valoriza muito mais um time limitado, mas que supera seus limites com muita disposição do que uma equipe com muita qualidade e que não consegue cumprir o papel de favorito.